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Por que Xuxa está mais plena aos 57? 'Botão do f* não existia nos anos 80'

Blad Meneghel/Divulgação

De Splash, em São Paulo

19/09/2020 04h00

Quem segue Xuxa já percebeu. A Rainha dos Baixinhos envelheceu, enrugou e está mais plena do que nunca aos 57 anos. Nos últimos tempos, a apresentadora desconstruiu com sucesso a imagem de intocável que criaram para ela desde sua carreira de modelo até o auge na TV.

A Xuxa está diferente...

Hoje muito bem resolvida, obrigada, Xuxa resolveu contar o lado dela nas 252 páginas de "Memórias" (Globo Livros), que será lançado na segunda-feira (21). Na autobiografia, ela toca em feridas do passado e expõe sem medo suas intimidades. Splash já leu o livro completo e falou com a apresentadora.

Capa de 'Memórias', biografia de Xuxa Meneghel Imagem: Divulgação

Não me deixavam falar, falavam por mim. Hoje, não. As mídias sociais me deixaram mais perto do meu público e, com isso, eles me conhecem melhor e sabem minha essência, que sempre foi essa.

A Xuxa de quase 60 anos descobriu que já fez muito por ela e pelos outros. E que não dói nada apertar o botão que ela própria cita no final do livro, um símbolo de libertação.

O botãozinho do f***-s* não existia nos anos 1980.

As histórias que envolvem grandes nomes e geram mais curiosidade do público já tinham sido reveladas em entrevistas ao longo da carreira, mas estão reunidas de forma linear em "Memórias". Como os abusos que Xuxa sofreu ainda criança, o namoro com Ayrton Senna e o relacionamento conturbado com Pelé.

Xuxa e Pelé em um baile de Carnaval em 1983 Imagem: Jorge Araújo

Sobre o rei do futebol, ela deixa claro que viveu intensamente os sete anos de namoro, mesmo não correspondida. Xuxa não esconde que a mágoa ainda existe, principalmente depois de declarações do ex-jogador de que o casal teria vivido uma "amizade colorida". "Para mim sempre foi um namoro", escreve.

Eu o amei muito [Pelé] e hoje tenho ressentimentos. Mas se ele me liga, não deixo de falar.

Já com Ayrton Senna, a vibe é outra. Xuxa dedica algumas páginas à história de amor que viveu com o piloto de Fórmula 1, a quem ela se refere o tempo todo pelo apelido: Beco. Há também detalhes sobre a primeira noite de amor deles, no réveillon de 1988 para 1989, quando ficaram dois dias no quarto.

O relacionamento ficou baseado no 'se'. SE ele não tivesse morrido, SE eu tivesse falado, SE eu tivesse vivido... Isso não é certo, saudável ou verdadeiro.

Xuxa conta que se preparava para embarcar para a Itália para encontrar o ex-namorado um dia antes do acidente que matou Ayrton Senna, aos 34 anos, em 1994. Ela afirma ter sentido "uma conexão" no dia anterior e depois soube por amigos que no último jantar do piloto ele havia falado muito nela.

Xuxa e Ayrton Senna em Mônaco, em 1989 Imagem: Patrick Siccoli/Gamma-Rapho via Getty Images

Entre afetos e desafetos

Marlene Mattos, ex-empresária de Xuxa, também está no livro. Apesar do desafeto público, seria quase impossível não citá-la, já que a parceria durou quase 20 anos. Xuxa diz que queria seguir trabalhando com crianças e Marlene, não. Foi só depois que ela pôde investir no "Xuxa Só Para Baixinhos".

Sobre a curiosidade do público em saber o que houve, Xuxa é clara:

Não sei qual é a parte que as pessoas não querem entender: eu AMO crianças, AMO o contato com elas... Respeito muito se querem ou não brincar comigo; se gostam ou não de mim; se aquele é o momento de falar ou de ouvi-las. 'Xuxa Só Para Baixinhos' é um sonho (...) Quem não gosta de criança, não deveria nem chegar perto de mim, pois essa energia eu não quero para minha vida.

Outros desafetos que cruzaram o caminho da rainha têm suas histórias contadas, mas sem a exposição dos nomes. Como o diretor da Globo que tentou assediá-la num primeiro contato com a emissora. Um tempo depois, quando Xuxa chegou com status de estrela após estourar na TV Manchete, ela o recusaria na equipe.

100% ariana, mores!

Assédio, abuso de poder, abuso psicológico, roubar, enganar... São falta de caráter. Essas pessoas sabem quem são e o que fizeram.

Xuxa também não mede esforços para mostrar de onde veio toda a sua militância que hoje chama atenção na internet. Vegana, ela lembra que sempre trabalhou pelos animais. Olha isso: uma vez ela entrou na piscina com um tigre que ia para um santuário e fez uma parada na casa dela para aliviar o calor.

Sempre ri de mim, aliás tinha vergonha de me ver depois, pois ria e me achava ridícula muitas vezes. Com os memes, vi que isso não era um sentimento só meu.

Senta lá, Cláudia...

Quem não se lembra do primeiro meme de Xuxa? A apresentadora recorda o episódio, quando ela ainda apresentava o "Clube da Criança" na TV Manchete e tinha pouca estrutura para lidar com tantos baixinhos. Será que a desconstrução da apresentadora chegou ao nível de rir de si mesma?

Acho saudável rir e fazer graça de si mesmo, mas às vezes as pessoas perdem a mão e faltam com o respeito. Já me coloquei no lugar de algumas pessoas e não gostei.

Ao abrir suas memórias, Xuxa dá o primeiro passo oficial para sua nova versão. Como adiantou o colunista Ricardo Feltrin, a apresentadora vai reinventar a si própria e a sua história em 2021. E promete trazer ainda mais histórias para acompanhar essa virada.

Deixarei algo para o filme, para o documentário e, quem sabe, para outro livro, que escreverei quando for avó e estiver no meio do mato, comendo comida vegana e sendo bem amada pelo meu velho gostoso.

Imagem: Blad Meneghel/Divulgação

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