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'Tô Ryca 2' faz rir de perrengues e prova que pobre é que ajuda pobre

Samantha Schmütz e Katiuscia Canoro em cena de "Tô Ryca 2" - Divulgação
Samantha Schmütz e Katiuscia Canoro em cena de 'Tô Ryca 2' Imagem: Divulgação

Renata Nogueira

De Splash, em São Paulo

03/02/2022 04h00

Um hiato de seis anos separa "Tô Ryca" (2016) de sua continuação, "Tô Ryca 2", que chega hoje aos cinemas. Mas não espere ver uma Selminha (Samantha Schmütz) tão diferente assim. A sequência foi rodada antes da pandemia, em 2018, e chega agora para ao menos tentar igualar o público de 1,2 milhão de espectadores que viram a primeira versão da comédia.

Tô Ryca 2

Lançamento: 2022 Duração: 102 min Pais: Brasil Status: Em cartaz Direção: Pedro Antônio Roteiro: Fil Braz
splash
4,4 /5
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Selminha Oléria Silva (Samantha Schmütz) descobre uma homônima (Evelyn Castro) e, de repente, tem sua fortuna congelada até que a justiça determine quem é a verdadeira herdeira do tio milionário e desconhecido. Esse é o mote da comédia que dá sequência a "Tô Ryca", brincando justamente com o oposto, já que Selminha está pobre novamente.

O "desmame" da fortuna de R$ 300 milhões que parece inacabável nas mãos da típica suburbana do Rio de Janeiro traz as situações hilárias com que parte do público se identifica. Pegar o busão lotado, enfrentar um temporal na longa volta para casa, abrir mão do luxo e conforto de ter funcionários 24 horas por dia.

Mas Selminha definitivamente está longe de ser uma cidadã comum. Obviamente ancorada pela ficção, a personagem é sincerona e fala na cara de quem for o que está sentindo ou pensando. De volta à vida no subúrbio, ela precisa trabalhar, mas prefere abraçar sua comunidade do que atender aos caprichos de suas patroas.

Sabe aquela resposta atravessada que você às vezes morre de vontade de dar para seu chefe mala e acaba guardando para evitar uma justa causa? Com Selminha não tem isso. Ela passa perrengue de volta à vida de antes, mas não aceita mais humilhação.

Apesar do tom leve de comédia pastelão brasileira, o filme também encaixa críticas sociais nas situações cômicas. A patroa reclamando do atraso enquanto os vizinhos limpam as casas tomadas por água e barro de enchente, o rico que tenta se dar bem em cima da ingenuidade alheia, entre outras.

Não espere um tratado de desigualdade social, a intenção nem é essa. Mas entre uma risada e outra faz todo sentido refletir sobre os sapos que engolimos dia a dia e celebrar a vitória (ou não) da protagonista que é a cara do povo brasileiro.

No fim, a mensagem que fica é que, se o pobre precisa de ajuda, é no pobre que ele tem de se escorar. Uma constatação idealizada na figura de Luane (Katiuscia Canoro), companheira fiel de Selminha desde o início da jornada.