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Sem Frescura: virar jacaré? Vacina tem riscos pequenos, veja quais

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Do VivaBem, em São Paulo

08/03/2021 04h00

Há pessoas que têm medo de vacina, especialmente de possíveis efeitos colaterais. Mas ainda que algumas possam, sim, ter efeitos, ninguém vai acabar virando um jacaré, como andaram dizendo por aí.

Todo tipo de imunizante, e não só os que estão sendo produzidos contra a covid-19, tem uma lista de possíveis efeitos causados em quem os toma. Isso é totalmente normal e, em muitos casos, apenas é um sinal de que o sistema imunológico do corpo está entrando em ação.

Ao entrar no organismo, as vacinas fazem com que o sistema imunológico "acorde", produza anticorpos e, em alguns casos, provoque alguns efeitos. Um deles é febre branda, que é uma forma que o corpo reage em caso de doenças infecciosas com o intuito de tornar mais inóspito o ambiente onde vírus e bactérias vão se instalar e se reproduzir. Isso deixa a "missão" desses micro-organismos mais difícil e faz com que eles sejam mais suscetíveis a serem combatidos pelos anticorpos.

Essa reação é comum especialmente em vacinas que usam formas enfraquecidas ou restos inativos e mortos de vírus e bactérias. Elas simulam uma infecção e, portanto, fazem o corpo reagir como se estivesse doente.

Além disso, outras possíveis reações envolvem dores no local da aplicação e versões leves de mal estar, dor no corpo, náuseas e dor de cabeça.

Um medo recorrente também é o da pessoa vacinada acabar contraindo a doença contra a qual ela estaria se protegendo. Esse é um efeito colateral extremamente raro e pode ocorrer em pessoas que fazem tratamento imunossupressor e recebem vacinas com versões enfraquecidas de vírus e bactérias. Se esse é seu caso, o melhor a se fazer é procurar orientação antes de se vacinar.

De qualquer maneira, nessas ocorrências o normal é que se desenvolva uma versão bem mais branda da doença, com riscos consideravelmente menores..

As vacinas em si são seguras e, antes de estarem disponíveis ao público, passam por uma série de testes. É aí, inclusive, que se determina a tão falada taxa de eficácia. Ela se refere à proporção de pessoas que foram protegidas da doença pela vacina.

Para determinar isso, são analisados dados obtidos na fase 3, a última etapa de testes clínicos realizados com humanos. Ela reúne voluntários que nunca tiveram contato com determinado vírus ou bactéria e os divide em dois grupos. Enquanto um deles recebe a vacina em desenvolvimento, o outro recebe placebo. Feito isso, é comparado o número de doentes no grupo de controle, que recebeu placebo, com o número de doentes no grupo que recebeu a vacina em desenvolvimento.

Espera-se que as pessoas vacinadas estejam mais protegidas da infecção em relação àquelas que não foram imunizadas. A partir daí, é possível realizar um cálculo relativamente simples, que vai determinar essa taxa de eficácia. Para uma vacina ser considerada viável, a taxa mínima de eficácia é de 50%.

Normalmente, esse trabalho de pesquisa demora anos para ser concluído. Porém, em meio a uma pandemia, os prazos podem ser apertados e os cientistas fazem análises preliminares com um número menor de voluntários.

Mas pode ficar tranquilo porque ainda assim elas precisam ser aprovadas pelas agências regulatórias, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Roteiro: Rodrigo Lara. Fontes: Laura de Freitas, doutora em Biociências e Biotecnologia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista); Keilla Mara de Freita, infectologista membro da Doctoralia; Elisa Miranda Aires, infectologista da DaVita Serviços Médicos; Glaucia Fernanda Varkulja, infectologista do Hospital Santa Catarina; Ícaro Boszczowski, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.