Humor na brasa

Conheça Bruno Salomão, apresentador divertido e sem papas na língua da série "Vai Ter Churras", de Nossa

Gabrielli Menezes De Nossa Mariana Pekin/UOL

Há cinco temperadas, Bruno Salomão incendeia o "Vai Ter Churras". No comando da série, que está disponível na íntegra no YouTube de Nossa e é sucesso de audiência, o apresentador transforma os leitores em craques da brasa.

Bruno ensinou com bom humor conceitos básicos como acender a churrasqueira, desvendou receitas que todo mundo quer saber, tipo frango de padaria, e deu dicas rápidas úteis — sabia que dá para gelar a cerveja em 5 minutos?

Ao longo de 40 episódios, Bruno recebeu colegas, entre eles Nadja Haddad, apresentador da "Bake Off Brasil", e José Almiro, dono do maior canal de YouTube sobre churrasco. Também enfrentou desafios do público e de amigos, que — é óbvio! —, não pegaram leve.

Abaixo, conheça a história do churrasqueiro.

Mariana Pekin/UOL
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De publicitário a cozinheiro em 48 horas

Natural de São Luís (MA), Bruno sempre nutriu uma paixão por gastronomia. Mas o sonho ficou um tempinho na sala de espera: quando se formou na escola, não havia o curso em sua cidade.

No meio tempo até realizar o que realmente queria, formou-se em Publicidade e Propaganda e trabalhou em agências e no ramo de engenharia industrial. Certo dia, ele se inscreveu no Senac de Águas de São Pedro, no interior de São Paulo, como estudante de segunda graduação.

"Eu passei e me falaram que eu precisava chegar em 24 horas. Estava a quase 3 mil quilômetros de lá", conta Bruno, que pediu à escola ao menos 48 horas para fazer a mudança. Para cumprir o prazo, demitiu-se, arrumou as suas coisas, entrou num voo só de ida e deixou alguns amigos sem despedida.

Durante os dois anos de curso, viveu o que considera os melhores anos de sua vida. Foi monitor, trabalhou com diferentes chefs e viajou para estagiar em restaurantes dentro e fora do país.

A jornada profissional começou de fato com o convite de um professor da faculdade. "De novo, tive que me mudar em 48 horas. Fui para Campinas e trabalhei com ele por dois anos e meio".

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"Metendo o louco" com conteúdo

A experiência como sous-chef no Benedito, em Campinas, foi determinante. Mas bem diferente do previsto: "vi que o que eu queria dentro da gastronomia não estava num restaurante", conta.

Era um trabalho de escritório só que dentro da cozinha. Com horários e funções diárias, todos os dias eram a mesma coisa. Eu odeio rotina"

O ímpeto de mudar coincidiu com um prêmio conquistado numa competição nacional de churrasco e com a vontade de ser professor. "Quando ainda era aluno do Senac, gravei um vídeo por incentivo da minha mãe ensinando a fazer o peru de Natal que aprendi nos Estados Unidos. Coloquei no YouTube e, no primeiro ano, bateu 300 mil visualizações". Hoje, a postagem soma quase 1 milhão de plays.

Bruno tomou coragem para sair do trabalho e, com a ajuda de uma produtora, começou a produzir seus primeiros conteúdos no canal, em 2017. O nome escolhido para o batismo foi "Cansei de Ser Chef" - uma boa tradução do que ele sentia à época.

Esse jeito sincerão se estende aos vídeos. O público é chamado de "miséra" e "demonho", mas de um jeito tão despojado que é difícil se incomodar. "Toda vez que eu falo algo duvidoso, entra um som de porquinho. Por isso costumo dizer que o xingamento está na sua cabeça".

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A linguagem sem filtros e divertida é uma tentativa de desbancar a figura de um chef sério que segue tudo à risca. E se no começo do projeto a comunicação peculiar chegou a gerar ruído, hoje ela é considerada receita para o crescimento.

"Não é um personagem, sou eu mais exagerado. Queria falar de uma forma que as pessoas me entendessem e que me vissem como iguais. Alguém que brinca erra, fala besteira e derrama as coisas".

Todo mundo queria ser o cozinheiro que coloca florzinha no prato, que fica sorrindo o tempo todo. Eu já cheguei metendo o louco, com a persona de um nordestino maluco, sem paciência, que grita e xinga.

Bruno Salomão

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Raio-X em três perguntas

O que sempre te encanta na gastronomia?

É uma ciência que estuda o ser humano de uma forma completa porque mostra exatamente o que uma sociedade viveu, em termos históricos, políticos, econômicos ou climáticos. A comida expõe tudo isso de um jeito visceral. Além disso, foi pela gastronomia que aprendemos empiricamente sobre química".

Os cozinheiros ainda sonham em se encaixar dentro da alta gastronomia?

Isso está caindo. A sociedade não admite mais esse tipo de elitismo que coloca a gastronomia em um patamar financeiro no qual muita gente não tem acesso. A comida é uma bandeira de igualdade: a pessoa que tem muito dinheiro vai se sentar ao lado de quem só tem cinco "conto" na carteira para comer uma coxinha no boteco".

Como a sua primeira faculdade contribui para o seu trabalho agora?

Se eu não se não tivesse estudado publicidade e aprendido sobre a comunicação entre as pessoas, eu não teria dado certo. Se você não entender o ser humano e a comunicação, você não vai entender a gastronomia. Um prato comunica".

Um nicho não tão restrito assim

A defumação e os cortes favoritos dos americanos foram as estrelas dos primeiros episódios do "Cansei de ser Chef", que hoje tem 164 vídeos publicados, contando com a spin-off chamada "Cansei de ser Chef Pelo Mundo", na qual Bruno ensina e explica outras tradições do fogo.

O programa caçula que apresenta as raízes da culinária nacional já soma 85 episódios. O nome "Égua Doido" faz referência a uma expressão usada no Maranhão para demonstrar surpresa.

A cada semana vão ao ar dois vídeos, um de cada programa.

É um estudo grande. Para a parte química, consulto livros, leio trabalhos científicos da faculdade e converso com amigos que fizeram engenharia e ciência dos alimentos. A parte histórica eu falo com historiadores e procuro em livros mesmo"

Assistido em 37 países, Bruno pretende tornar o canal ainda mais internacional. A ideia é que o "Égua Doido" ganhe uma segunda língua para a cultura brasileira chegar em quem não fala português.

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Os 3 principais erros do churrasqueiro de primeira viagem

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Imediatismo: aquela mania de querer colocar a carne enquanto o braseiro não está pronto. Não dá certo, mesmo.

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Escolher a carne de uma forma errada: pelo preço e não pela qualidade. Com carne ruim, ninguém faz milagre.

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A hora de salgar é uma escolha técnica que depende de cada carne. Quer saber qual é o raciocínio? Não deixe assistir a estreia do "Vai Ter Churras".

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Pratos que provam que história e gastronomia têm tudo a ver

  1. O churrasco brasileiro de grelha se deu porque a nossa cultura é "gastronomicamente" imediatista. Nós gostamos de coisas rápidas, feitas na hora, saborosas e macias.
  2. O churrasco americano começou com os escravos e os indígenas. Como eles só tinham carne dura para trabalhar, aprenderam que o tempo longo e baixa temperatura eram essenciais para um barbecue gostoso e fácil de mastigar.
  3. O churrasco caribenho representa a sobrevivência. Processos de defumação, salga e secagem, que são o berço do barbecue, foram desenvolvidos por questão de necessidade. Era preciso caçar, pescar e processar essas carnes no calor e na fumaça para garantir alimento em momentos futuros de desastres naturais.
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Vai ter churras!

Nova série de Nossa ensina os macetes para fazer um bom churrasco

Os churrasqueiros de primeira viagem têm, a partir desta quinta-feira (25), um destino certo para tirar as principais dúvidas. "Vai ter churras" ensina o beabá das grelhas. Na primeira temporada, cada episódio esclarece uma questão essencial para um bom churrasco, desde a escolha do carvão aos principais cortes de carne, passando pelos acompanhamentos, temperos e técnicas da brasa.

Onde assistir?

Confira todas as quintas um novo episódio no site de Nossa ou no YouTube de Nossa. E acompanhe mais conteúdos no Instagram.

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