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F1: Hamilton recebe carta e vira herói de prisioneiros políticos no Bahrein

Heptacampeão mundial de F1, Lewis Hamilton é o piloto que mais venceu corridas no Bahrein (cinco) - Reprodução/Instagram
Heptacampeão mundial de F1, Lewis Hamilton é o piloto que mais venceu corridas no Bahrein (cinco) Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

15/03/2022 12h42

Na semana do GP do Bahrein, o primeiro da temporada 2022 da Fórmula 1, Lewis Hamilton ganhou um apoio inusitado no país árabe. O piloto da Mercedes recebeu uma carta de prisioneiros políticos, que o idolatram por sua atuação pela defesa dos direitos humanos.

"Sua preocupação genuína sobre estes casos mudou a forma como os prisioneiros pensam este esporte", escreveu Ali Alhajee, sentenciado a dez anos de prisão por organizar um protesto pacífico na capital do Bahrein. "Para nós, você é nosso campeão. Não só o melhor piloto mas também um ser humano que se preocupa com o sofrimento dos outros", diz a carta, compartilhada pelo Instituto pelos Direitos e Democracia no Bahrein (Bird, na sigla em inglês) e publicada pelo jornal britânico The Guardian.

"Por causa de nosso apoio a você, um novo fenômeno se espalhou pela prisão: os prisioneiros começaram a escrever e desenhar "Sir 44" ou "Lewis 44" nas roupas, que usamos para apoiá-lo durante as corridas", conta Ali Alhajee na carta. Ele alega ter sofrido tortura e que sua prisão é injusta.

"Sou um homem livre mesmo com algemas e cercado por muros. As paredes de cimento da prisão não me impedem de expor os abusos que tenho sofrido", escreve a Hamilton. "Os prisioneiros te veem não apenas como um campeão mundial mas como alguém que defende os direitos humanos. Eu, junto a meus colegas de cela, desejo a você o melhor no GP do Bahrein", encerra Alhajee.

Lewis Hamilton se destacou nestes anos de Fórmula 1 também por ser uma voz ativa socialmente, em defesa da comunidade negra, da LGBTQIA+ e dos direitos humanos de forma geral. No entanto as manifestações na categoria são raras, e vários grupos têm mais uma vez pressionado a F1 e a FIA por ações de impacto contra abusos em países que recebem corridas.

O relatório mais recente da ONG Human Rights Watch sobre o Bahrein conclui que o país segue "prendendo, indiciando e perseguindo defensores dos direitos humanos, jornalistas, líderes da oposição e advogados de defesa, inclusive por atuações nas redes sociais", O relatório também revela que "toda a imprensa independente do país está banida desde 2017 e toda oposição foi dissolvida". O Bahrein está na lista da ONU de países que violam os direitos humanos.

No âmbito esportivo, Hamilton está no Bahrein desde os testes de pré-temporada do último final de semana. Ele e os demais 19 pilotos do grid vão à pista na sexta-feira (18), para os primeiros treinos livres, depois para a classificação no sábado (19) e no domingo (21) para a primeira corrida da nova temporada da F1.

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