Novo mundo

Filho de cabeleireira e caminhoneiro, Juanfran venceu na Espanha e agora quer conquistar o Brasil e a América

Bruno Grossi Do UOL, em São Paulo Marcus Steinmeyer/UOL

De uma cidade de pouco mais de 28 mil habitantes na Espanha, saiu Juan Francisco Torres Belén. A mãe, cabeleireira, e o pai, caminhoneiro, foram os responsáveis pelos genes incansáveis que o levaram a jogar em alto nível na Espanha mesmo depois dos 30 anos. Responsáveis também por uma jornada intensa e surpreendente no Brasil.

Juanfran não esperava estar no futebol sul-americano depois das temporadas de sucesso pelo Atlético de Madri. Mas sua inquietude é gritante, inclusive nos pequenos detalhes. Quis trocar a vida de condomínios fechados para viver a cidade de São Paulo. Redescobriu o cinema, conheceu novos esportes e quer desbravar o novo mundo que se apresentou.

Seus sonhos não param mesmo aos 35 anos. E o São Paulo quer aproveitar essa chama para, enfim, sair do marasmo. Juanfran não entregará jogadas geniais, golaços ou dribles. Mas o espanhol dá ao clube paulista um espírito inflamado, inquieto e sonhador.

"Aqui o ambiente de time campeão. Sinto isso. Claro que é preciso ganhar jogos, jogos e mais jogos até ser campeão e ter uma relação ainda mais magnífica com a torcida. Mas esse ambiente ajuda muito. Estou vendo um coração e um ambiente de time campeão. E eu posso falar disso porque já fui campeão. Não é garantido, porque nada é garantido na vida. Mas é um começo muito bom", avisa.

Marcus Steinmeyer/UOL

"A torcida merece um campeonato mais do que a gente"

Juanfran se encanta pelo ambiente criado no São Paulo, com os métodos de Fernando Diniz e com a evolução do time em relação ao ano passado. Mas sabe que nada disso terá relevância histórica se um título não for conquistado. A torcida, castigada por anos de jejum, precisa ser curada com um troféu.

"A gente precisa trabalhar, trabalhar, trabalhar e trabalhar para ganhar e deixar a torcida contente. A torcida vem de muitos anos negativos e, pela história do clube, é normal que seja exigente. Eles merecem um campeonato. A gente merece, claro, por tudo o que trabalha. Mas não pela história. Só ser um time grande não é mais garantia. As coisas estão mais igualadas. Todos têm chance, então temos que fazer um esforço extra, mais do que os outros, para criar algo especial entre nós e a torcida e transferir para o campo", receita.

Para o espanhol, essa sinergia precisa começar no dia a dia, nos treinos. E ele já vê o São Paulo imerso nessa mentalidade mais competitiva: "Passa pelo jogador saber que quanto mais competitivo é o treino, melhor para o jogo. Você precisa competir com você mesmo, para ser melhor, para corrigir problemas. Primeiro isso. Depois, competir com os parceiros. Isso é bom. O treino termina e voltamos a ser bons parceiros".

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Espírito de Libertadores encanta, mas não basta

Quando começou a buscar informações sobre o São Paulo, que já conhecia pelos títulos mundiais na década de 1990, Juanfran logo se interessou pela relação do clube com a Copa Libertadores da América. Os relatos sobre a atmosfera criada no Morumbi e os jogos épicos de um tricampeão inspiram, mas não bastam.

"Todo mundo fala que se cria uma aura especial nessas partidas. Quero jogar e quero ganhar. A aura é bonita, a torcida cantando, mas o desejo mesmo é por ganhar. Temos que aprender a ganhar os jogos para ficar mais perto do sonho de chegar à grande final no Maracanã", alerta.

Apesar dos pés no chão para cobrar os companheiros, Juanfran não deixa de nutrir seus próprios sonhos. Ele perdeu duas finais de Liga dos Campeões da Europa com o Atlético de Madri e fez parte do elenco campeão da Espanha na Eurocopa de 2012. A missão agora é tentar ser apenas o quarto europeu a vencer a Libertadores.

"Muita vontade. O São Paulo é o melhor de todos na Libertadores. É tricampeão, mas está há muitos anos sem fazer uma grande campanha. Eu acredito que neste ano teremos uma campanha especial para o time e para a torcida. Precisamos ficar mais unidos. Não vejo a hora de jogar um jogo de Libertadores. Desejo demais", projeta o lateral, que foi desfalque na estreia com derrota para o Binacional, no Peru.

Novidades e velhos amigos na Libertadores

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Altitude é desafio

Juanfran não encarou os mais de 3,8 mil metros de altitude de Juliaca, contra o Binacional, por um desconforto muscular. Mas o grupo do São Paulo na Libertadores tem mais um desafio nas alturas: a LDU, em Quito, a 2,8 mil metros: "Só tinha jogado no México, com pouco mais de 2 mil metros, e já sofri um pouco. Eu fico preocupado, mas será uma grande experiência. Não garante a vitória deles, mesmo que a gente não esteja acostumado. Vamos tentar nos preparar bem para incomodá-los. Será algo positivo para nossas vidas. Uma experiência boa".

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Reencontro com Borré

Artilheiro do Campeonato Argentino e destaque do River Plate, Rafael Borré já foi companheiro de Juanfran no Atlético de Madri. O atacante não teve chances na Europa, mas se tornou ídolo do River, outro integrante do grupo do São Paulo: "Tenho um respeito incrível pelo River, seus jogadores e técnico. Estive com Borré, eles também cederam Kranevitter ao Atlético... E têm Gallardo, a quem vi jogar muito tempo. E como jogava! O trabalho que está fazendo, de muitos anos, é algo que me encanta e que vivi de perto com Simeone. E oxalá possa viver aqui com Fernando Diniz".

Espero que Fernando Diniz fique muitos anos no clube e o River pode ser um exemplo de continuidade, tranquilidade e confiança no trabalho do treinador. Com um grande treinador e um grande elenco, com cinco, seis, sete jogadores que sustentem o vestiário e tornem o time forte. Temos tudo isso agora. Há muita união entre Fernando e o time e temos que transferir para o campo

Juanfran, sobre a confiança do elenco em Fernando Diniz

Juanfran precisou aprender o que era o Paulistão. E quer conquistá-lo

Campeonatos regionais ou estaduais não existem na elite europeia. Normalmente servem como divisões inferiores, algo bem distante da realidade do Brasil. Por isso, foi preciso que dirigentes e jogadores explicassem a Juanfran o que é o Campeonato Paulista. O espanhol achou curioso e acredita que esse pode ser o primeiro passo para o São Paulo sair da fila.

"É mesmo algo diferente. Quando já tínhamos vários jogos neste ano, pensei que nesse mesmo tempo ainda estaria em pré-temporada na Espanha. Lá você fica mais de 20 dias sem jogos, só com treinamentos fortes, ainda mais com Simeone. A pré-temporada dele era mortal. Judiava. Só depois começavam os amistosos, às vezes jogávamos seis antes de estrear nos campeonatos. E nesses amistosos íamos dosando o tempo em campo. Primeiro 45 minutos, depois 60, até completar um jogo se estiver bem e for titular. Era algo progressivo. Aqui fizemos dez dias de treinamento para começar um campeonato importante e que não ganhamos há muitos anos, desde 2005. Nós e a torcida precisamos ganhá-lo e vamos dar tudo para ganhar o Paulistão", compara.

O Estadual ainda tem outro atrativo para Juanfran. Ele tem viajado por cidades que nunca imaginou conhecer — e tem se surpreendido positivamente com essas aventuras: "Nunca imaginei que passaria vários dias em Araraquara, por exemplo. Já falaram para mim que o interior de São Paulo é muito bonito, com muita torcida que às vezes não consegue ir para a capital nos ver. Estou muito agradecido pela torcida que nos acompanha por essas cidades".

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Mãe cabeleireira, pai caminhoneiro, filhos na linha

O espanhol que conquistou a Europa e agora desbrava a América e o Brasil teve uma origem humilde. Juanfran nasceu na cidade de Crevillent, na região de Alicante, que fica próxima a Valência, na Espanha. Sua mãe era cabeleireira e seu pai, caminhoneiro. A família cresceu com muito suor, uma realidade bem distinta do que os filhos do lateral têm pela frente. E isso preocupa o jogador.

"Eu não tinha nem a metade da metade da metade que meu filho tem agora. Por isso insisto que meu filho seja humilde, trabalhador. Ele tem tudo, tem que aproveitar isso, mas aproveitar para que faça as coisas melhor. Não é porque tem tudo que deve pensar que não precisa se esforçar, que nada precisa ser feito, que não terá problemas na vida. É preciso saber agradecer e valorizar o que tem. Eu não tive o que ele tem quando era menino, e isso nem significa que ele vá ser pior que eu. Nem melhor. Mas ele precisa valorizar as muitas coisas que tem", aponta.

A mãe de Juanfran veio ao Brasil no mês passado para ficar perto dos netos Oliver e Alexia. Foram quase cinco décadas como cabeleireira, profissão que assumiu ainda aos 15 anos para ajudar a família. Tanto trabalho a impedia de acompanhar o início da carreira de Juanfran, que não vê a hora de mostrar a ela sua nova casa.

"Mamãe trabalhava muito, começou muito jovem e não tinha tempo de me ver jogar. Ela e meu pai lutaram muito para me transmitir bons valores para o futuro, tudo o que tento passar a meus filhos. Quero que ela conheça São Paulo, meu local de trabalho e onde estou fazendo minha vida. Sei que vai gostar muito, até porque São Paulo tem coisas muito parecidas com muitas cidades pequenas da Espanha, embora seja monstruosa. As ruas, as pessoas e humildade delas, as lojas... Existem, claro, bairros mais ricos e mais pobres, mas muitos lembram nossa vida".

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Morte do pai deixou vazio e ainda transborda no olhar

Juanfran é discreto em tudo. Do riso à preocupação. Do saudosismo às lagrimas que se acumulam em seus olhos ao lembrar do pai. O caminhoneiro de Crevillent foi seu grande incentivador na vida. Era o responsável por levá-lo a treinos e jogos. Era sua base para os momentos difíceis da carreira, como na saída do Real Madrid e nos tropeços pelo Osasuña. Mas seu pai não pôde ser o abraço das glórias pela Espanha e pelo Atlético de Madri.

"Eu sempre fico muito triste quando falo dele, porque ele me ajudou demais. Ele me levava para todos os lugares e era muito apaixonado por mim. Mas quando cheguei ao Atlético de Madri em 2011, com uns três meses de clube, ele faleceu. Morreu em Madri. Tinha vindo de Crevillent para ver um jogo no fim de semana, meu filho Oliver ainda era bem novo. Ele ficaria três dias em casa e morreu comigo lá. Casualidade da vida, infarto do coração", desabafa.

"Penso que foi o destino, que ele preferia estar comigo nessa hora do que estar longe. Aconteceu. E sempre carrego essa pena, porque ele não viu tudo o que consegui no Atlético (quatro títulos nacionais e quatro internacionais). Eu sofri muito no Osasuña, estive a ponto de desistir. Foram anos problemáticos. E ele não pôde ver meu crescimento. Ele viu muitos tombos meus, mas não viu o melhor. Não pôde assistir quando joguei e fui campeão com a seleção, que para ele era o maior dos sonhos. Uma pena que ele não esteve comigo em momentos tão importantes, como ver Oliver e Alexia crescerem. Mas sei que minha mãe está aqui desfrutando de tudo por ele, como minhas irmãs também".

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Gosta de estudar futebol

A paixão de Juanfran não se resume à entrega em campo. Ele é um viciado em futebol, um admirador e estudioso do jogo. Recentemente, convidou os outros laterais do São Paulo para entenderem como funcionava a marcação de Diego Simeone no Atlético de Madri. E em casa, nas horas vagas, se dedica a assistir aos jogos de adversários futuros.

"Gosto muito, mas deixo para ver quando não estou com as crianças. Gosto demais de assistir. E sigo assistindo aos jogos do Campeonato Espanhol, cada vez mais vejo os jogos dos times do Brasileirão. Serve para que, quando for jogar contra eles, eu saiba quem faz as jogadas e conhecer mais cada jogador dos outros times", justifica.

NFL e NBA são a "folga" esportiva

REUTERS/Shannon Stapleton

Pé quente no Super Bowl

"Desde que vim para o Brasil me afeiçoei muito mais pela NFL. Na Espanha, a televisão é quase toda NBA e aqui eles passam bem mais jogos da NFL, o Oliver gosta de assistir comigo. Eu não pensava que ia gostar tanto assim. Já via jogos na Espanha, até me reuni com Godín, Koke e Griezmann para ver o Supoer Bowl do ano passado, de madrugada, com nossas mulheres na casa do Koke. Não tenho um time favorito ainda, mas na última temporada vi quase todos os jogos. Ano passado apostei nos Patriots e agora nos Chiefs".

EFE/Paul Buck

Saudades de Kobe Bryant

"Senti muito a perda do Kobe, que era um ídolo. Eu cheguei a conhecê-lo. Tenho amizade com Pau Gasol e fui a um jogo em dia de Natal contra os Knicks. Eu sempre torci pelos Lakers. Assisti a esse jogo e depois fiquei esperando a Pau Gasol e pude tirar uma foto, falar com Kobe. Ele falava espanhol, brincou que gostava de futebol e disse que torcia pelo Barcelona, então tinha visto as muitas, muitas brigas que tivemos com eles pelo Atlético de Madri (risos). Foram uns dez minutos de conversa. Fiquei muito triste pela morte dele".

No Brasil, Juanfran redescobriu o cinema e o "Príncipe de Bel-Air"

Um dos passatempos favoritos de Juanfran fora do esporte é o cinema. Ele e a esposa, Verónica, sempre tiveram o hábito de ver filmes, mas encontraram um novo mundo no Brasil. Diferentemente do que acontecia na Espanha, em São Paulo eles têm visto filmes com áudio original em inglês e legendados em português. Chega de dubladores!

"Está sendo curioso, porque nós sempre víamos os filmes dublados em espanhol. E sempre com os mesmos dubladores (risos). Por exemplo, eu conheci Will Smith naquela série 'Príncipe de Bel-Air' ("Um Maluco no Pedaço", no Brasil) e é o mesmo dublador até agora no último filme que saiu dele. Robert de Niro, Jack Nicholson... Todos têm a mesma voz há uns 50 anos, nunca trocaram. Não tínhamos costume, mas agora para ir no cinema aqui com Verônica é a única opção. E finalmente é a voz deles mesmo, estamos gostando mais! Fica mais real. Assistimos ao último filme de Will Smith ('Projeto Gemini') e eu ficava assustado (risos). Já entendo toda a legenda em português. E até o inglês, se é uma cena mais devagar, eu consigo pegar", gargalha.

O pé quente mostrado por Juanfran na NFL — torceu para os dois últimos campeões do Super Bowl — invade ainda o mundo do cinema. Ele se encantou e apostou em Joaquin Phoenix para ganhar o Oscar de melhor ator pela atuação em "Coringa". Agora, para manter sua ode a Will Smith, convidou o goleiro Tiago Volpi para ver o astro favorito ao lado de Martin Lawrence em mais uma edição do clássico "Bad Boys": "Vão mostrá-los mais velhos, acho que vai ser legal".

Marcus Steinmeyer/UOL Marcus Steinmeyer/UOL

Filho usa o futsal para criar as primeiras amizades

A família Torres Belén tem um representante também no futsal do São Paulo. Oliver, filho de Juanfran que tem nove anos, está jogando pelas categorias jovens do Tricolor e é levado pelo pai várias vezes por semana aos treinos no Morumbi. Além de manter o sonho de jogar, o menino aproveita o esporte para tentar se enturmar mais rápido com os novos amigos brasileiros.

"Ele nunca tinha jogado e está gostando muito. Lá ele estava jogando na base do Atlético de Madri e praticava mais o Fut7. Ele custa a se adaptar ao ritmo de futsal e é muito diferente para ele. Eu gosto também, porque joguei muito futsal quando menino e sei que aqui no Brasil é uma tradição muito grande. Estou feliz. O começo para ele foi um pouco mais complicado, principalmente no primeiro mês. Ele não falava muito, não queria conversar, já tinha mais amigos na Espanha por ter nove anos e sofreu um pouco", relata.

"Por não falar a mesma língua, ele acabou ficando um pouco isolado no começo. É normal. Mas agora já está falando melhor e tem amigos brasileiros. O futebol também ajuda. Ele queria começar a jogar logo justamente para ficar mais integrado. Ele é bom no futsal, embora ainda sofra um pouco porque os meninos da idade dele já estão voando por jogarem desde os quatro, cinco anos. Ele vai aprender o ritmo e vai ser bom para ele melhorar, para saber que há meninos que jogam melhor e que ele precisa tentar chegar perto do nível deles", aconselha.

Minha rotina é normal, mas com algumas peculiaridades de quem é jogador de futebol. Levo meus filhos à escola todas as manhãs, vou treinar, e tento ser um dos primeiros a chegar e um dos últimos a sair. De tarde, tento manter uma vida com minha família. Sou uma pessoa muito familiar, mas é claro que vivo futebol por 24 horas. Aliás, se você quer ser um jogador importante e bom, você tem que pensar no futebol 24 horas. Nossa vida é jogo, jogo, jogo. Treino, treino, treino

Juanfran, sobre a rotina no Brasil

"Se minha filha quiser jogar, que jogue!"

Alexia, filha de Juanfran, tem apenas quatro anos. Por enquanto, sua grande paixão é dançar. Mas ela se mostra cada vez mais empolgada com os jogos do pai e do irmão. E depois de ver o crescimento do futebol feminino no Atlético de Madri, com recordes de público na Espanha, e ver a ascensão da modalidade no próprio São Paulo, o lateral também ficará feliz se vê-la seguindo esse caminho: "Não sei se ela vai continuar com esse interesse, porque ainda é muito nova, mas acho que pode ter vontade. E se minha filha quiser jogar, que jogue!".

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Espanhol virou DJ no vestiário e tenta integrar culturas

Juanfran é avesso a redes sociais. Mas em um lugar você pode encontrá-lo virtualmente: no Spotify. Lá, o espanhol exibe dezenas e dezenas de playlists que criou para momentos específicos da vida e da carreira. Há playlists com os rocks clássicos que tocam no Morumbi, compilados de hits de cada temporada no Atlético de Madri, músicas para esquentar jogos decisivos e, agora, a reunião dos gostos dos jogadores do São Paulo. Problema de Reinaldo, que agora precisa dividir o posto de DJ do vestiário.

"Gosto de tudo. Até das músicas brasileiras já estou inteirado. Sou o DJ junto com o Reinaldo e às vezes o Tchê Tchê. Mas lá na Espanha eu era o principal, tudo passava por mim. Colocava de tudo, porque gostam de tudo lá. Reggaeton, house... Griezmann e Godín pediam cumbia, eu colocava músicas brasileiras para Diego Costa e Filipe Luís. Era muita mistura. Aqui é diferente. É mais fechado nas músicas brasileiras. Liziero gosta de pagode, outros de sertanejo...", revela.

O ritmo favorito de Juanfran é o "deep house". O gosto é compartilhado com o zagueiro Bruno Alves: "É disparado o que mais escuto. É como um eletrônico, mas um pouco mais cantado. E estou aprendendo a gostar de algumas músicas brasileiras, há muita variedade".

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Por que Juanfran não tem redes sociais?

"Eu não tenho redes sociais, mas na minha forma de ser tento estar perto da torcida. Não sou uma pessoa normal, sou um jogador do São Paulo com trajetória internacional. O que tento é transmitir a eles humildade e que eu sou normal como pessoa. Posso tirar foto, sei que é importante para eles. Tento mostrar que estou perto. Não preciso de redes sociais para falar da minha vida e do grande que é o São Paulo. Prefiro transmitir de perto, pessoalmente, com a torcida. Só devo agradecimento a eles pelo respeito com que me tratam. Pelo carinho.

Está claro que nem todos vão gostar, como tudo na vida. São gostos. Muitas vezes o jogador erra em uma coisa: acha que é melhor tirar uma foto com a camisa do clube falando que é são-paulino. Mas não é falando que se transmite isso. É em campo, trabalhando, sendo humilde na hora de falar, com esforço. Raí sempre fala disso. Esses valores atingem muito mais a torcida do que uma foto.

Erramos muito quando pensamos que a rede social nos aproxima da torcida. Mas quando estamos na rua e não falamos com a torcida, criamos distâncias muito maiores. É preciso se portar como pessoal normal. Torcida e imprensa não são tontos. Eles sabem quem é humilde, trabalhador, normal. Quando você tem um ar de grandeza ou humildade, todos percebem".

Nós agora temos um bom grupo aqui. Eu já estive em ótimos grupos e com muitos jogadores bons e posso dizer que o nosso grupo atual é muito bom mesmo. Há muita gente boa, estamos unidos e com bola relação entre todos. Há grupos diferentes dentro do grupo, com diferentes personalidades. Mas é algo normal

Juanfran, sobre as mudanças no elenco no São Paulo para 2020

Na política, crê no "centro" como solução

Juanfran se diz interessado em política. Ainda acompanha de longe o noticiário espanhol e mergulha cada vez mais na realidade brasileira. Em tempos de polarização, se vê como "centro" e disposto a ver virtudes de governos de direita e esquerda. Para o jogador, é importante apoiar e tentar ajudar quem está no poder.

"Tento ser parcial. Não sou nem de direita e nem de esquerda. Se está um governo de esquerda, tento ser crítico e apoiar o que é bem feito. Se está um governo de direita, também. Na Espanha é um governo de esquerda, com uma mentalidade bem diferente daqui, e tem coisas boas e ruins. Como a direita. Mas acho que é preciso ser mais centro", expõe.

"Eu acredito que é no centro que as coisas podem ficar mais igualadas e unidas. Mas sei que é algo muito complicado. Aqui no Brasil alguns brasileiros que falam comigo dizem que estão melhorando algumas coisas. Então espero que o país melhore de todas as formas e para todas as pessoas".

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