Em uma era muito, muito distante (digamos até mês passado), quando ainda era seguro sair de casa e ficar a menos de dois metros de pessoas desconhecidas sem ter medo de ser atingido por partículas invisíveis dispersas no ambiente, as pessoas costumavam correr ao ar livre. Hoje, corredores amadores dependentes da intensidade de um treino puxado precisam adaptar-se às circunstâncias do mundo assolado pela pandemia.
E muitos deles decidiram não parar de correr. Se as ruas já não são um lugar seguro, eles transformaram a própria casa em pistas de corrida. Veja o caso do paulista Marcelo Oliveira, ultramaratonista de 42 anos que se viu trancado em casa depois que o governo estadual decretou as medidas de distanciamento social em março.
Acostumado a completar provas de 170 km nas quais passa até 24 horas correndo, o gerente comercial que está de férias resolveu que não seria grande coisa fazer uma maratona entre o portão da garagem e a churrasqueira de sua casa. No domingo retrasado, Marcelo fez uma live enquanto completava sua maratona solitária em seu corredor de 12 metros, fazendo os 42 km em 6 horas e 7 minutos.
"Dentro de um espaço pequeno você acaba forçando mais porque não tem como dar aceleração. Foi um desafio interessante", disse o atleta. "Se você sair pra rua as pessoas te veem como imbatível e não somos. Quando eu respeito a quarentena, meus seguidores e vizinhos entendem a necessidade de fazer isso. Minha motivação foi mostrar que era possível treinar sem sair de casa."