Arena MRV: conheça o novo estádio do Galo de R$ 1,2 bi que não tem luxos

O novo estádio do Atlético-MG não tem luxos, mas é muito amplo e focou na inclusão de todos os torcedores

Foi assim que Bernardo Farkasvölgyi, arquiteto da Arena MRV, descreveu a nova casa do Galo — os preços das obras se aproximam de R$ 1,2 bilhão.

A reportagem do UOL foi convidada para fazer um tour no estádio antes de sua inauguração e contará detalhes sobre como é o novo "caldeirão" da torcida atleticana.

Como é a Arena MRV?

O estádio tem capacidade de 46 mil pessoas e, segundo Bernardo Farkasvölgyi, desde o início o projeto tinha um objetivo: que a casa nova do Galo fosse um caldeirão.

Seguindo essa ideia, as arquibancadas ficam muito próximas ao campo. A distância entre quem está na primeira fileira atrás dos gols para o campo é dez metros, para quem está nas linhas laterais esse número cai para oito — é o mínimo exigido pela Fifa nos estádios, e deixa a torcida mais próxima.

Até a acústica foi pensada para transformar o estádio em um lugar mais indigesto para as equipes visitantes. Farkasvölgyi disse que no setor dos visitantes existe uma lã de vidro que 'segura o som'. A ideia é que a torcida rival só ouça a torcida do Atlético-MG.

"Sem luxos, mas amplo"

O estádio do Atlético-MG não tem um acabamento refinado, como a Neo Química Arena, do Corinthians — que tem mármore por todas as partes, telões de última geração e camarotes espaçosos. A aposta dos responsáveis pela obra foi no conforto dos torcedores e a acessibilidade para quem precisa.

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A arena foi projetada para ser uma das mais inclusivas do mundo. Os elevadores são muito espaçosos para facilitar a locomoção de cadeirantes, os banheiros têm vasos e pias para pessoas com nanismo e ao todo são 1720 cadeiras destinadas às pessoas com mobilidade reduzida, obesos e pessoas com deficiência visual, com espaço para cão-guia.

"É um espaço com 46 mil pessoas. Sem luxo, mas muito ampla e muita acessibilidade para quem precisa. Está tudo dentro das novas regras dos bombeiros, muito mais exigentes. É uma das arenas mais inclusiva do mundo", garante Bernardo.

Quanto custou?

O Atlético-MG afirma que o estádio custou R$ 750 milhões. No entanto, o clube também precisou arcar com mais R$ 335 milhões em contrapartidas da prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e mais de R$ 100 milhões em custos de acessórios para a obra — a pandemia de covid-19 também contribuiu para o aumento do custo. O valor total se aproxima de R$ 1,2 bilhão.

Os pedidos da PBH foram: a inclusão de uma UBS (Unidade Básica de Saúde), inclusão de centro de línguas e um núcleo de saúde no bairro Califórnia, onde está a Arena MRV; na parte viária, obras públicas para melhorar o fluxo no trânsito da região; e, na parte ambiental, estão incluídos a realização do plantio de 46 mil mudas de árvores em BH — uma para cada assento do estádio.

"Os mais parecidos são os estádios do Palmeiras e da Juventus"

Farkasvölgyi afirma que visitou 21 estádios na Europa e todos os principais estádios do Brasil, com visita guiada, para entender toda a logística de um dia de um jogo de futebol e como proceder com o pós.

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"Nós pegamos muita coisa boa do Allianz Parque, foram muitas referências positivas. Acho que os dois mais parecidos são o Allianz Parque, do Palmeiras, e o Allianz Stadium, da Juventus", disse o arquiteto da Arena MRV.

Como o estádio do Palmeiras, a Arena MRV terá reconhecimento facial do torcedores — a tecnologia é fornecida pela Imply, a mesma que atua em Maracanã, Arena do Grêmio, Beira-Rio, Arena da Baixada, Arena Fonte Nova e Arena das Dunas.

Qual o impacto do novo estádio?

Bruno Muzzi, CEO do Atlético-MG, também esteve no tour da Arena MRV que a reportagem do UOL fez. O dirigente disse que a previsão de bilheteria para o primeiro ano do estádio é de R$ 80 milhões.

"Nós esperamos faturar na casa dos R$ 80 milhões no primeiro ano [2024]. No ano passado nossa bilheteria foi R$ 51 milhões, esse ano projetamos 62... para vocês verem a diferença", afirma Bruno Muzzi, CEO do Atlético-MG.

Gramado é natural, mas em breve deve virar sintético

Muzzi acredita que quando a Arena for inaugurada, haverá um aumento na procura para shows. Isso fará com que o gramado fique prejudicado, e o sintético será a solução — como aconteceu no Allianz Parque.

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Diferentemente do estádio do Palmeiras, os shows na Arena MRV não devem atrapalhar o Atlético-MG de jogar em sua casa. O arquiteto Bernardo diz que um palco pode ser montado e desmontado em 24 horas por causa do projeto que eles criaram, já visando que ali seria um espaço utilizado para shows.

Estádio também é 'filho' dos 4Rs do Atlético-MG

O terreno da Arena MRV foi doado ao clube por Rubens Menin. Rubens é um dos 4Rs ao lado de Rafael Menin (MRV), Ricardo Guimarães (Banco BMG) e Renato Salvador (rede de hospitais Mater Dei).

Eles lideraram o grupo 'Galo Holding', que comprou 75% da Sociedade Anônima de Futebol do Atlético-MG — os outros 25% seguem com a associação. Entre as promessas estão: um aporte de R$ 600 milhões, amortizar 100% dos empréstimos realizados pela família Menin e Ricardo Guimarães (R$ 313 milhões), além de repasse da dívida total da associação (R$ 1,8 bilhão) para a SAF quitar.

Quando o Atlético-MG estreia na casa nova?

Não há uma data de estreia prevista até o momento. A Câmara Municipal deve votar, na terceira semana de agosto, o projeto de lei que possibilitará a inauguração da arena. Após essa pendência, o clube deve definir a data tão aguardada.

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Conheça a nova arena:

Ficha Técnica - Arena MRV

Capacidade: 46 mil pessoas
Localização: Bairro Califórnia, Região Noroeste, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Terreno: 128 mil m²
Área construída: 179 mil m²
Camarotes: 112
Bares: 45
Estacionamento: 2333 vagas

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