Ex-jogador Thomas Beattie diz: 'Sou muitas coisas, uma delas é ser gay'
Do UOL, em São Paulo
23/06/2020 15h59
O ex-jogador de futebol Thomas Beattie, que atuou como profissional entre 2008 e 2015, assumiu publicamente sua homossexualidade em um relato para a ESPN dos Estados Unidos. No texto, o inglês conta alguns momentos de sua carreira e sua frustração por se esconder por tanto tempo.
"De todas as coisas que conquistei ou realizei, a busca por me dominar foi a mais libertadora. Portanto, agora posso dizer em voz alta para que todos possam ouvir: 'meu nome é Thomas Beattie. Sou irmão, filho, amigo, ex-jogador profissional de futebol, empresário e rapaz irritantemente competitivo. Eu sou muitas coisas, e uma delas é gay'", descreveu ao se apresentar no texto.
Nascido na Inglaterra, ele teve a experiência de disputar ligas profissionais nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Ásia. Sua última experiência foi no Warriors FC, em Cingapura, que se classificou para disputar a Liga dos Campeões da Ásia, na temporada de 2015-2016.
No entanto, Beattie sofreu uma lesão na cabeça durante um jogo, que o obrigou a encerrar a carreira profissional. Desde então, ele trabalha em seus empreendimentos comerciais.
Ele conta que a decisão de se assumir é para servir de exemplo a outros profissionais que passam pela mesma situação.
"Ser gay e ter uma carreira no futebol nunca pareceu uma opção. A sociedade me disse que minha masculinidade estava ligada à minha sexualidade — algo que, é claro, sabemos que é uma suposição falsa —, mas eu senti como se não pudesse ser um jogador de futebol e aceitar quem eu era. Tudo ao meu redor sugeria que esses dois mundos eram inimigos puros, e eu tive que sacrificar um para sobreviver. Não parece assim em outros setores. Na música, amamos Freddie Mercury e Elton John. É aceito no filme. Tim Cook, CEO da Apple, é gay, e tudo está bem", disse.
E acrescentou: "No futebol, ainda há medo de que um companheiro de time gay possa atrapalhar o ambiente da equipe".
Ao finalizar seu relato, Beattie pediu uma reflexão de todos os profissionais que trabalham no esporte.
"Esteja consciente do ambiente que você está criando e tente decifrar se é propício para todos os grupos de pessoas se sentirem incluídos. Não tema o dia em que um atleta gay esteja usando o distintivo em sua camisa. Afinal, poderíamos estar perdendo o próximo Lionel Messi, que pode ser gay."