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Athletico tenta segurar Rony para minimizar desgaste com desmanche

Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

05/02/2020 12h00

"Desmanche" é uma palavra que tem incomodado muita gente dentro do Athletico Paranaense. As saídas de mais de dez jogadores do elenco campeão da Copa do Brasil 2019 e a lenta reposição de peças geraram críticas, colocando em xeque as relações dentro do CT do Caju. Com a ausência de Mario Celso Petraglia, em tratamento médico por quase dez dias entre janeiro e fevereiro, em São Paulo, o poder de fogo do Furacão no mercado da bola nacional passou a ser questionado, dentro e fora do clube. Ao menos, o clube se mobilizou para manter Rony e pode começar a reverter o cenário.

"Nós perdemos aí pelo menos cinco jogadores que eram muito importantes e decisivos. Mesmo assim, é uma reconstrução que parte de algo muito palpável", disse Dorival Junior após a estreia do time principal na temporada, em jogos oficiais, no 1 a 1 diante do Paraná, na Arena.

Em pouco mais de uma semana, pela Supercopa, o Athletico defenderá o status de campeão da Copa do Brasil diante do Flamengo de Jorge Jesus, campeão brasileiro e da Libertadores. O time já terá outra cara no jogo marcado para o dia 16 em Brasília.

"Temos um grupo de garotos, mas é um grupo altamente competitivo. E com certeza estará à altura para enfrentar o time do Flamengo", afirmou o técnico.

Dorival falou na aposta em buscar em casa as reposições para nomes como Léo Pereira (Flamengo), Madson (Santos), Bruno Guimarães (Lyon), Marcelo Cirino (Chongqing Lifan) e Marco Rúben (Rosario Central) todos em campo na decisão contra o Inter, em setembro passado. "É uma oportunidade para essa garotada assumir uma posição", disse.

Apesar do discurso, porém, o técnico confidenciou a amigos que se surpreendeu com as várias saídas, muitas delas que não estavam previstas em seu planejamento. Ainda assim, o treinador disse compreender a remontagem do elenco.

Conta-gotas

Incluindo as saídas de Pablo e Renan Lodi, campeões da Copa Sul-Americana ainda em 2018, o Athletico já levantou mais de R$ 200 milhões em transferências. Porém, dos montantes divulgados pelas negociações de atletas, parte considerável será repassada a parceiros - como o Audax, dono de 30% dos direitos do meio-campista Bruno Guimarães, ou o Trieste, clube amador curitibano que também detinha 30% dos direitos sobre Lodi.

Os parceiros já levaram 73% dos rendimentos em transferências do clube em 2018, de acordo com o próprio balanço do clube, em apontamento do jornal Gazeta do Povo. O balanço de 2019 tem publicação prevista para até abril e deve trazer os dados das vendas de Pablo, Lodi, Léo Pereira e Bruno Guimarães.

Diante das vultuosas cifras anunciadas nas negociações e das negativas no mercado - casos das tentativas com Cacá, do Cruzeiro, e Gabriel "Toro" Fernandez, do Celta - a torcida passou a cobrar o diretor geral de futebol do Furacão, o ex-jogador Paulo André. Incomodado, o ex-zagueiro procurou a comunicação do clube e gravou um podcast detalhando como o clube tem se comportado no mercado.

Rastreamento x investimento

A perda do técnico Tiago Nunes para o Corinthians, ainda em 2019, já abriu a porta para o debate. À época, Nunes foi informado de que teria o mesmo orçamento do início do ano para buscar reforços e manter a competitividade. Seduzido pelo projeto do Timão, rumou a São Paulo em um rompimento que deixou desgaste com Paulo André e até com a torcida, que passou a ver no ex-técnico um "traidor". Nunes agora reclama na Justiça o recebimento das premiações pela conquista da Copa do Brasil.

Quem ficou tratou de ver outra realidade. De retorno do Santos após uma temporada como braço direito do presidente José Carlos Peres, o advogado Rodrigo Gama Monteiro passou a ser o representante direto de Petraglia nas negociações. Esteve em Madri negociando Bruno Guimarães e está ativo nas negociações com Rony.

Enquanto isso, o clube tem dificuldade para lidar com os valores oferecidos pela concorrência. O meia Rodriguinho, de saída do Cruzeiro, foi sondado pelo Athletico. Os salários não se enquadram no que o Furacão imagina investir. Por outro lado, o Bahia também negocia e com mais arrojo: já levou nomes como Clayson (Corinthians) e Rossi (Vasco). "As maiores contratações serão as manutenções dos atletas que já ganharam com a camisa do nosso clube", disse Paulo André na ocasião. "Tendo atletas que representam tanto, fora do padrão do clube, temos que fazer um reajuste salarial para todos esses".

As chegadas de Fernando Canezin, que dispensou pagamento de multa a algum clube, Marquinhos Gabriel, emprestado pelo Cruzeiro, e Carlos Eduardo, em uma compra de 20% dos direitos do jogador do Palmeiras, dão o tom de como o clube se comporta. Mesmo que ache algum nome a mais no mercado, o clube seguirá seu padrão salarial para tomar uma decisão. "Nesse momento em que o mercado tá agitado, todas as negociações, os contratos, questões negociais que envolvem jogadores, tanto contratações como renovações (ficam com ele)", disse Paulo André sobre a função de Rodrigo Gama:

O Athletico estreia na Copa Libertadores no dia 3 de março, em casa, diante do Peñarol. Até lá, há o jogo com o Flamengo pela Supercopa e ainda a chance de colocar o time principal em campo em mais uma ocasião no Paranaense, que será mesmo a grande fonte de reforços: "A gente foca mais nesses jovens talentosos que vão ter que vir, maturar, e dar resultado", disse Paulo André. Mas há brecha para mudança nos planos: "Nós temos 17 jogos até o mês seis. Com o elenco enxuto a gente dá conta tranquilamente. Depois, quando começarem jogos quarta e domingo, a gente vai precisar de um pouco mais".

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