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Mundial se divide entre "cerveja da Fifa" e proibições milenares do Qatar

Área da 'fan zone' montada no Catar, local do Mundial de Clubes Imagem: Leo Burlá / UOL

Leo Burlá

Do UOL, em Doha (QAT)

13/12/2019 04h00

O Mundial de Clubes do Qatar é um desafio para a Fifa, que precisa manter seus interesses econômicos ativos, e para o país-sede, que aponta com um pé para a modernidade, mas tem tradições milenares que precisam ser mantidas.

Aberta desde o primeiro dia da competição, a Fan Zone é um retrato simbólico destes ajustes. País muçulmano, o Qatar tem leis muito restritivas em relação ao álcool. Beber na rua é passível de punição, mas neste espaço Fifa a cerveja está liberada, assim como o vinho.

Essa liberação qatari é um aceno para o Ocidente, que deverá ir em peso para o Mundial de 2022. Esse sinal verde, no entanto, é "amarelo", já que nos estádios do torneio intercontinental a lei seca continua valendo. De todo modo, ponto para a Coca-Cola, uma das maiores parceiras comerciais da entidade, que conseguiu assegurar ao menos algum direito de mais de exploração de suas marcas.

Imagem: Leo Burlá / UOL

A poucos metros dos pontos de venda de bebida no espaços para os fãs, os anfitriões externam a sua fé. Em pequenas tendas de lona, há espaços para oração, que são destinados (separadamente) para homens e mulheres. De acordo com a tradição islâmica, há cinco horários diários para rezas. São situações que diferem um pouco, mas vale lembrar que a Fifa coíbe o que ela chama de propaganda religiosa nos jogos.

Tendas para orações de homens e mulheres na Fan Zone Imagem: Leo Burlá / UOL

Outro tema para lá de sensível diz respeito aos direitos LGBT. No Qatar, homossexualidade pode ser punida com morte ou prisão perpétua. Em material publicado antes do Mundial de Clubes, a Fifa afirma que "todos serão bem-vindos", mas cita descrições públicas de afeto como algo fora da realidade local.

Em meio a este conflito, a Fan Zone traz ainda um outro exemplo da necessidade de tornar o Qatar mais palatável para o resto do mundo. Em barraquinhas espalhadas, hambúrguer, comida mexicana e o tradicional peixe com fritas inglês dividem espaço com a culinária libanesa, por exemplo.

Imagem: Leo Burlá / UOL

Notícias do torneio estampam jornais dos donos da casa, mas a competição, embora haja anúncios espalhados, não parece entusiasmar muito. A tendência é que a temperatura suba junto aos fãs daqui quando o Liverpool iniciar a sua jornada.

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