Como missão da seleção de parar Messi freou Cebolinha no Mineirão
Danilo Lavieri, Marcel Rizzo, Pedro Lopes e Thiago Fernandes
Do UOL, em Belo Horizonte
03/07/2019 04h00
Os problemas no lado direito do setor defensivo da Argentina na Copa América geraram expectativa sobre a atuação de Everton, que vinha fazendo uma grande competição pela seleção brasileira. O atacante gremista, entretanto, não foi bem na vitória do Brasil por 2 a 0 no Mineirão. O plano para parar Lionel Messi dificultou, e muito, a vida do camisa 19.
Para entender como isso aconteceu, é preciso olhar para Messi e outros jogadores do Brasil, como Casemiro e Alex Sandro. Primeiro, vamos falar de Messi: como de costume quando veste a camisa da seleção argentina, ele buscou muito a bola para tentar articular as principais jogadas. Transitou por todo o gramado, mas, principalmente, entre a faixa central e o lado direito do gramado.
Durante a maior parte do confronto, o camisa 10 argentino teve o combate de um meio-campista brasileiro - geralmente Casemiro. Auxiliando o volante, sempre um segundo jogador na sobra, pronto para dobrar a marcação. Essa função recaiu, em vários momentos, sobre o lateral-esquerdo Alex Sandro.
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"O Alex Sandro entrou muito bem. Se vocês olharem o mapa de calor e onde ele transita, o Messi é sempre do meio para a ponta direita. E tem um jogador ali com a entrada do Alex Sandro, que dá uma consistência muito grande. Então, teve um componente dele e do Casemiro para perceber um espaço e fazer dobra de marcação", explicou Tite, na entrevista coletiva após a vitória.
Além de auxiliar na missão de parar Messi, Alex Sandro também precisou lidar com a marcação de Sergio Aguero. Com isso, teve suas subidas ao ataque limitadas. E foi justamente essa limitação ofensiva do lateral que interferiu no desempenho de Cebolinha.
Sem um ala ao seu lado, o atacante ficou sem ter alguém para dialogar. Comparar os números do Footstats das últimas três partidas mostra isso. Contra o Peru, na goleada por 5 a 0, em que o gremista consolidou o posto no time titular de Tite, Everton deu 35 passes, todos certos. Seu parceiro, naquele jogo, foi Filipe Luís.
Contra o Paraguai, empate em 0 a 0, Alex Sandro já tinha assumido a lateral esquerda. E o rendimento de Cebolinha caiu: foram apenas 24 passes na partida. Contra a Argentina, em que atuou por apenas 45 minutos, veio o pior jogo do atleta. Ele conseguiu dar apenas cinco passes - a única outra ação que o site de estatísticas registra para ele é uma falta cometida.
Enquanto isso, Daniel Alves e Gabriel Jesus, em noite inspirada do outro lado e com ajuda de Firmino, lideraram as ações ofensivas. Os números do site Whoscored mostram que Alex Sandro teve pouco mais da metade dos toques na bola de Dani Alves: 66, contra 111.
A saída no intervalo esfria um pouco a grande fase do atacante gremista, que vinha sendo a sensação brasileira na Copa América. É difícil, entretanto, argumentar contra o fato de que a ação de Tite foi por uma boa causa: conter um dos maiores jogadores da história do futebol.
Com a vitória sobre a Argentina, o Brasil está na final da competição continental. O adversário da partida, que será às 17h de domingo no Maracanã, sairá do jogo de hoje entre Peru e Chile, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.