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Está minguando? O desempenho do PSDB nas últimas disputas presidenciais

Alckmin e Doria na campanha de 2018 Imagem: Bruno Santos - 11.jun.2017/Folhapress

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL

05/04/2022 04h00

Partido do presidenciável João Doria, o PSDB disputará em outubro de 2022 a sua nona corrida ao Planalto desde a redemocratização do país, em 1989 —quando Fernando Collor (PRN) se tornou o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o fim da ditadura militar (1964-1985).

No pleito daquele ano, o então candidato tucano Mário Covas ficou em quarto lugar e viu Collor levar a melhor no segundo turno sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No ranking geral, o PSDB venceu duas eleições presidenciais (1994 e 1998) —ambas em primeiro turno contra o PT— do total de seis embates seguidos com a mesma legenda.

Entre 2002 e 2014, em quatro decisões de segundo turno, porém, os tucanos acabaram derrotados em todos. Iniciou-se ali o que seria um ciclo de 13 anos de governos petistas.

Em 2018, na corrida presidencial vencida por Jair Bolsonaro (à época do PSL), o partido do então candidato Geraldo Alckmin não passou sequer do primeiro turno. Com menos de 5% dos votos em sua segunda disputa ao Planalto, levou o PSDB a ter o pior desempenho desde a sua fundação, em 1988.

Cotado hoje para ser o vice na chapa encabeçada por Lula na disputa pela Presidência, Alckmin trocou a legenda peessedebista pelo PSB após 33 anos de filiação.

Em meio a um racha no partido e rumores de que também deixaria a legenda, João Doria anunciou a saída do governo de São Paulo e confirmou a manutenção de sua pré-candidatura presidencial. Mas seu nome não é unanimidade e ainda patina nas pesquisas de intenção de voto.

Veja a seguir o retrospecto do PSDB nas eleições presidenciais que disputou.

1989 - Collor X Lula (2º turno)

Na primeira eleição presidencial do país após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o tucano Mário Covas ficou em 4º lugar. Ele contabilizou 11,51% dos votos (7.790.392), entre o total de 22 candidatos.

A votação de primeiro turno ocorreu em 15 de novembro daquele ano, mas só seria decidida em 17 de dezembro, entre Collor (PRN) e Lula (PT).

Collor somou 53,03% votos válidos (35.089.998). Lula obteve 46,97% (31.076.364).

1994 - FHC X Lula (1º turno)

Fernando Henrique Cardoso, vencedor nas urnas em 1994, estava começando seu primeiro mandato como presidente da República Imagem: Reprodução/UOL

O tucano Fernando Henrique Cardoso venceu a eleição, com 54,3% dos votos válidos (34.314.961) e liquidou a disputa já no primeiro turno. Lula (PT), o segundo colocado, somou 27% dos votos (17.126.291). O pleito ocorreu em 3 de outubro daquele ano.

Foi a segunda eleição presidencial do país após a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Outros seis candidatos concorreram: Enéas Carneiro (Prona), Orestes Quércia (PMDB), Leonel Brizola (PDT), Esperidião Amin (PPR), Carlos Antônio Gomes (PRN) e Hernani Fortuna (PSC).

Em sua primeira passagem pela Presidência, FHC herdou a cadeira de Itamar Franco (PRN), o vice-presidente de Collor que assumiria o comando do país em dezembro de 1992. Acusado de corrupção, Collor foi alvo de um impeachment.

1998 - FHC x Lula (1º turno)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o vice-presidente Marco Maciel (DEM) durante cerimônia no Palácio do Planalto, em 2000. Imagem: Lula Marques/Folhapress

Em maio de 1993, FHC seria nomeado ministro da Fazenda de Itamar Franco, ao lado de quem criou o Plano Real. Lançada em 27 de fevereiro de 1994, a moeda trouxe estabilidade à economia, controle da inflação e aumentou o poder de compra da população.

Sob a popularidade do plano, FHC foi reeleito no primeiro turno da eleição presidencial, com 53,06% dos votos (35.936.918). Em segundo lugar, Lula recebeu 31,71% (21.475.348). Ciro Gomes (PPS) veio em terceiro, com 10,97% (7.426.235) e Enéas Carneiro (Prona), em quarto, com 2,14% (1.447.076).

Ao todo, 12 candidatos participaram daquela disputa presidencial, mas apenas os quatro acima tinham mais de um minuto de tempo de propaganda no rádio e na televisão.

2002 - Lula x Serra (2º turno)

O paulista José Serra perdeu as eleições em 2002 para Luiz Inácio Lula da Silva Imagem: Alan Marques/Folhapress

José Serra foi derrotado por Lula no 2º turno da corrida pelo Executivo, em 27 de outubro de 2002. O petista somou 61,27% dos votos válidos (52.793.364) e superou o tucano, que teve 38,73% dos votos (33.370.739).

A chegada do PT à Presidência se daria após 22 anos de existência do partido, três derrotas e oito anos de oposição quase sistemática a FHC (com críticas ao modelo econômico e ao legado na área social).

No 1º turno da disputa, em 6 de outubro, Lula havia alcançado 46% dos votos válidos, enquanto Serra, 23%.

Também concorreram Anthony Garotinho (PSB), Ciro Gomes (PPS) e Rui Pimenta (PCO).

2006 - Lula x Alckmin (2º turno)

Lula e Alckmin durante debate presidencial de 2006 Imagem: Maurício Lima/AFP

No primeiro turno da corrida presidencial, Alckmin ficou com 41% dos votos válidos, contra pouco mais de 48% de Lula, e levou a disputa para o segundo turno.

Na decisão, o ex-governador de São Paulo foi derrotado pelo petista, reeleito com 60,83% dos votos (58.295.042) contra 39,17% dos votos recebidos pelo tucano (37.543.178).

Concorreram ainda na mesma eleição Heloísa Helena (PSOL), Cristovam Buarque (PDT), Ana Maria Rangel (PRP), José Maria Eymael (PSDC), Luciano Bivar (PSL) e Rui Costa Pimenta (PCO).

2010 - Dilma x Serra (2º turno)

Com apoio de Lula, Dilma foi eleita em 2010 em eleições disputadas com José Serra e Marina Silva Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Com 56,05% dos votos válidos (expressivos 55.752.529), a petista Dilma Rousseff impôs a terceira derrota consecutiva ao PSDB, ao vencer o segundo turno da disputa pelo Planalto. Serra recebeu 43,95% (43.711.388) e viu a ex-ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula se tornar a primeira mulher eleita à Presidência.

No primeiro turno, Dilma somou 46,91% (47.651.434). O ex-ministro de FHC chegou a 32,61% (33.132.283).

Os demais postulantes foram: Ivan Pinheiro (PCB), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU).

2014 - Dilma x Aécio (2º turno)

O comunicador e empresário Luciano Huck foi um dos apoiadores do candidato do PSDB, Aécio Neves Imagem: Reprodução

Na eleição presidencial tida como a mais apertada, Aécio Neves perdeu por apenas 3,26 pontos percentuais de diferença no segundo turno contra Dilma. A petista venceu com 51,63% dos votos válidos, ou quase 54,5 milhões de votos. Já o tucano conseguiu 48,37% —pouco mais de 51 milhões de votos.

No primeiro turno, o candidato mineiro havia alcançado 33,55% dos votos válidos (34.897.211), ante 41,59% (43. 267.668) da ex-ministra.

Marina Silva (PSB), a terceira colocada, atingiu 21,3% dos votos válidos (22,1 milhões).

Aquele pleito foi marcado pela morte do candidato Eduardo Campos, do PSB, vítima de um acidente aéreo aos 49 anos, durante campanha eleitoral de 2014. Cinco dias após a morte de Campos, o PSB anunciou que Marina Silva substituiria Eduardo na disputa.

A eleição também ocorreu em meio a um clima de instabilidade decorrente das manifestações de 2013 e da crise político-econômica que se intensificaria anos mais tarde —e que culminaria com o impeachment da própria Dilma.

2018 - Haddad x Bolsonaro (2º turno)

Inexpressivo: em 2018, pela primeira vez nas últimas décadas, o PSDB não chegou ao segundo turno; Alckmin não teve nem 5% dos votos válidos Imagem: Nelson Almeida/AFP

Na última corrida presidencial, para além da derrota nas urnas, o PSDB teve um desempenho muito aquém de suas expectativas. Em sua segunda candidatura ao Planalto, Geraldo Alckmin ficou apenas com o quarto lugar, com 5.096.349 votos (4,76%), enquanto Fernando Haddad (PT) e o ex-deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) decidiriam o pleito no segundo turno.

No embate final, o ex-capitão da reserva do Exército superou o ex-prefeito de SP ao alcançar 57.796.972 votos (55,13% dos votos válidos), interrompendo um ciclo de vitórias do PT que vinha desde 2002.

Haddad contabilizou 47.038.792 votos válidos (44,87%).

Foi a primeira vez, desde 2002, que o PSDB ficou de fora de um segundo turno presidencial.

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