Quais os principais focos de ação do Global Citizen atualmente? Pode exemplificar qual tem sido o impacto da organização nessas áreas?
Nosso foco atual está na campanha "End Extreme Poverty Now" [Acabe com a extrema pobreza agora], lidando com três grandes entraves. Em primeiro lugar, precisamos empoderar meninas, porque sabemos que mais do que qualquer outro grupo, são elas que com acesso à educação, nutrição, saúde e planejamento familiar vão investir em suas comunidades e tirá-las da pobreza extrema.
Nosso trabalho nessa área tem sido vasto, mas um exemplo em que tivemos muito sucesso foi na África do Sul, onde nos juntamos a ativistas locais em 2018 para defender o acesso gratuito a produtos de higiene menstrual para meninas, porque essa é uma barreira frequente que as mantém fora da escola e, consequentemente, na pobreza. Com isso, 100.000 cidadãos globais convocaram [através da plataforma Global Citizen] o governo sul-africano a mudar sua política e eles eliminaram o imposto sobre produtos menstruais.
Mas queríamos ir além, e por isso defendemos que o governo fornecesse produtos menstruais gratuitamente em escolas públicas. Através da campanha Mandela 100, conseguimos convencer o governo a alocar 129 milhões de dólares para financiar esses produtos. Isso fez com que os governos sul-africanos tenham passado a fornecer produtos menstruais gratuitos para mais de um milhão de jovens anualmente em toda a África do Sul.
Em 2021, o Global Citizen realizou na Califórnia o VAX LIVE, um show pela promoção da equidade vacinal no mundo - Kevin /Getty Images for Global Citizen (750x421) A segunda área em que temos nos concentrado fortemente é a questão da equidade vacinal. Em nossa campanha Vax Live no ano passado, que foi encabeçada por J-Lo e Selena Gomez, o duque e a duquesa de Sussex, Meghan e Harry, conseguimos milhões de doses de vacina prometidas pelas nações mais ricas do mundo. Mas isso segue sendo um desafio porque, sinceramente, as nações ricas continuam acumulando vacinas e é por isso que países mais pobres só conseguiram entregar vacinas para 13% da população.
E a terceira é a ação climática. Concentramos nossos esforços em encorajar empresas a se comprometerem com a "Corrida para o zero", reduzindo suas emissões de carbono para zero líquido até 2050, com metas intermediárias até 2030. Tivemos muito sucesso trabalhando com nossos parceiros para conseguir que empresas como Delta [Air Lines], Procter & Gamble, Amex, Cisco, muitas das maiores corporações do mundo, se juntassem nos palcos do Global Citizen para anunciar seu compromisso com a neutralidade de carbono. E encorajamos todas as empresas das listas Fortune 500 e Fortune 1000 a fazer parte desse compromisso porque são as corporações que respondem por 80% das emissões de carbono no mundo.
Esses são apenas três exemplos de impacto, mas cumulativamente os "global citizens" tomaram mais de 30 milhões de ações que resultaram em mais de 41 bilhões de dólares sendo doados a partir de compromissos firmados em nossos palcos, que impactaram a vida de mais de um bilhão de pessoas no planeta nos últimos 10 anos.