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Rodrigo Ratier

REPORTAGEM

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Na escola, Rayssa é "sapeca e elétrica", mas também "exemplo de dedicação"

Rayssa Leal com camiseta da escola em que estuda em Imperatriz (MA) - Arquivo pessoal
Rayssa Leal com camiseta da escola em que estuda em Imperatriz (MA) Imagem: Arquivo pessoal

Rodrigo Ratier

28/07/2021 06h00

No bem produzido perfil do Instagram de Rayssa Leal, é difícil encontrar uma imagem em que ela não esteja sorrindo. Mas elas existem: em 22 de fevereiro de 2020, a medalhista olímpica mais jovem da história do Brasil aparece concentrada diante da tela de um computador, lamentando não poder curtir o Carnaval. "Vou ficar aqui de cara nos estudos pra colocar todos os assuntos atrasados da escola em dia", informa aos seguidores, para emendar a pergunta: "Pensa que vida de atleta é fácil?"

Rayssa estuda no Colégio Cebama, escola particular de médio porte em Imperatriz (MA), com mensalidades em torno de R$ 500. Em 2015, ano em que o vídeo da Fadinha pulando de skate uma pequena escada viralizou na internet, o pai da menina procurou a escola em busca de uma bolsa. "De pronto acolhemos o pedido", conta Ana Cláudia Almeida Silva, diretora e proprietária do colégio onde também estuda o irmão menor de Rayssa, Arthur, 7.

Segundo Ana Cláudia, a Fadinha é na escola como apareceu para o mundo nas pistas de skate street: "Garota sapeca, elétrica, solta, descontraída. Cheia de amigos, nunca a vi de cara amarrada". Hoje no 8º ano, a aluna-celebridade se beneficia de um esquema específico para conciliar a rotina de treinos e estudos. Haroldo, pai de Rayssa, é o principal parceiro no planejamento escolar. "Quando sabe que vai ter falta por conta de uma competição, ele nos informa com antecedência. Aí, preparamos um cronograma específico de reposição de conteúdo por meio de apostilas e conteúdo online", conta.

Ana Cláudia diz que a resposta é boa. "Ela não tem nenhuma dificuldade de absorver conteúdo. Como aluna é muito esforçada, dedicada, preocupada com os estudos". No final do 6º ano, Rayssa comemorou a aprovação agradecendo o apoio da escola e postando o boletim, com notas finais entre 8,0 e 9,5.

Na reta final da preparação para as Olimpíadas, a Fadinha se resguardou. Pelas regras do Maranhão, a escola poderia receber até 60% de alunos presencialmente. Mas, para evitar o risco de contaminação por covid-19 antes dos Jogos, a medalhista optou por seguir no ensino virtual. "Ela viajou para Tóquio com o semestre fechado. Passou em todas as provas", diz a diretora.

Rayssa é uma espécie de garota-propaganda da escola e exemplo recorrente da direção aos colegas. "Costumo dizer que, por trás da leveza, existe um exemplo de dedicação. A gente mostra aos alunos que as conquistas dela não caíram do céu. São resultado de treinamento diário no skate", conta Ana Cláudia. A diretora brinca que, nesse aspecto, a escola não pode ajudar. "Temos uma rampa que liga o térreo ao primeiro andar, mas eu só deixei ela usar numa gravação. Se eu libero para a Rayssa, amanhã vai ter uma dúzia de alunos querendo usar também", explica.