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Carros para PCD: montadoras voltarão a oferecer versões com novas isenções?

Teto para desconto do ICMS no carro PcD sobre para R$ 100 mil em janeiro Imagem: Foto: Shutterstock

Paula Gama

Colaboração para o UOL

21/12/2021 04h00

Nas últimas semanas, novas notícias chegaram para pessoas com deficiência (PCD) que desejam adquirir um carro zero-quilômetro. Além do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) ter elevado o teto para ter direito ao desconto do ICMS de R$ 70 mil para R$ 100 mil, o Senado aprovou um projeto de lei que aumenta para R$ 200 mil o limite para ter isenção de IPI na compra de um veículo novo.

Mas, na prática, como o mercado deve se comportar diante das mudanças? Será a volta das vantajosas versões PCD dos veículos mais desejados do momento?

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Com o desabastecimento mundial de peças causado pela pandemia, e o consequente aumento exponencial de preços, as versões para pessoas com deficiência praticamente sumiram do mercado. Isso porque ficou inviável comercializar um carro automático por menos de R$ 70 mil, o que impossibilita o desconto de ICMS.

Atualmente, pouquíssimas versões destinadas a esse público - com descontos de fábrica - estão à venda, como Nissan Kicks Active (por R$ 100.990 mais 2% de desconto de fábrica) e Citröen C4 Cactus Feel Business PCD (R$ 94.334).

UOL Carros entrou em contato com as cinco montadoras que mais venderam carros com versões PCD em 2020, ano em que ainda havia mais opções no mercado, e ficou evidente que não há uma direção clara para o futuro desse nicho.

A Jeep - além da Nissan, que nunca deixou de oferecer versões específicas para esse público - foi a marca que demonstrou mais interesse, dizendo que "está atenta a todas as oportunidades de mercado e certamente essa é uma delas. Estamos analisando todas as possibilidades para atender aos clientes PCD que buscam encontrar na Jeep atributos aspiracionais relacionados à liberdade e aventura".

A Volkswagen afirmou que "avalia as oportunidades do mercado e analisa os modelos os quais mais se adequam às novas políticas para o público PcD. Neste momento, se adequam integralmente à legislação e estão disponíveis para a comercialização os veículos Gol, Voyage, Polo e Virtus, equipados com motor 1.6 MSI e câmbio automático de seis marchas, abaixo dos R$ 100 mil". Já a Hyundai afirmou que está avaliando as mudanças e não pode comentar o assunto neste momento. A Chevrolet não respondeu até o fechamento desta reportagem.

O que diz o mercado

Para o consultor automotivo Cassio Pagliarini, versões mais simples de carros mais caros, específicas para pessoas com deficiência, devem voltar com toda força pelo simples fato de que R$ 100 mil ainda é um teto baixo para os padrões de preços praticados atualmente.

Pagliarini explica que o valor representa o início da faixa de preço de um SUV, por exemplo. "Com esse teto, os carros precisarão de um conteúdo mais simples. Eles virão com transmissão automática, mas sem uma lista extensa de equipamentos. Quem quiser mais conteúdo terá que optar por modelos mais caros, apenas com isenção de IPI."

Ainda assim, Pagliarini acredita que será possível encontrar algumas barganhas no mercado. "Quando o limite era de R$ 70 mil, as montadoras precisavam tirar conteúdo dos produtos para que eles coubessem nesse teto. Chegou a um ponto em que os carros saíam completamente pelados, e mesmo assim não deu para manter. Com a virada de tabela, todas as montadoras terão interesse de voltar, mas obviamente os carros veículos famosos darão mais equipamentos como vantagem para o consumidor", opina.

Ricardo Bacellar, fundador da Bacellar Advisory Boards e Conselheiro da SAE Brasil, tem uma percepção diferente do mercado. Para ele, o cenário da indústria é outro em relação aos anos anteriores, quando as versões PCD bombaram de vendas.

"As montadoras não estão nem conseguindo atender a demanda atual de carros por falta de peças. Quando se fala em dar um tratamento específico para o público PCD, a situação fica ainda mais difícil. A margem de lucro está mais apertada, o mundo inteiro sofre um problema de abastecimento. Acredito que a questão não é o benefício fiscal, mas a falta de carro. Não tem carro para ninguém", pontua.

Ele utiliza como argumento a demanda reprimida de carros para locadoras e empresas de mobilidade, que chega a 500 mil apenas no Brasil.

"Se o mercado estivesse seguindo uma normalidade, é claro que haveria investimento nessa área. Mas a demanda reprimida é grande em todos os lados. Acredito que, com a normalização, que não será imediata, essas políticas específicas vão voltando. Aí, sim, teremos versões especiais para pessoas com deficiência", diz o especialista.

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