Foi-se o tempo em que o Chevrolet Onix dominava as vendas de automóveis de passeio no Brasil. Líder absoluto por cinco anos seguidos (de 2015 a 2020), o modelo perdeu o reinado em meio à pandemia, quando a crise dos semicondutores fez a GM paralisar a produção do hatch por seis meses.

Desde então, o Onix não conseguiu retomar a ponta, que hoje está nas mãos do arquirrival Hyundai HB20. Mas isso obviamente não tirou o brilho do hatch, já que o modelo continua brigando nas cabeças. Motivos para isso não faltam: além de ser muito bom de revenda, o modelo é famoso por ser bem econômico.

Para descobrir o que faz dele uma boa opção na categoria, UOL Carros passou uma semana com o Onix LT equipado com o motor 1.0 de três cilindros. A seguir você descobre quais são as virtudes e os pontos que poderiam ser corrigidos no popular da Chevrolet.

DESIGN E ESPAÇO INTERNO

Lá se vão quase três anos que a atual geração do Onix está entre nós. O hatch continua atraente aos olhos de quem o vê, embora já dê sinais do peso da idade. Isso deve mudar em breve, quando o modelo deve ganhar retoques na famosa "atualização de meia vida".

Os faróis afilados e a grade frontal (que possui apliques cromados mesmo na versão LT) conferem um visual bastante sofisticado ao Onix, que ainda está alinhado com a identidade visual da fabricante. Atrás, as lanternas amendoadas têm um visual mais simples em relação a alguns concorrentes, como o recém-renovado Hyundai HB20.

A cabine ainda agrada pelas linhas, mas poderia recorrer ao recurso de mesclar texturas e cores para disfarçar o excesso de plástico. Se serve de consolo, a qualidade de montagem está acima do aceitável e as peças são bem encaixadas.

Só que o Onix não está entre os hatches mais espaçosos da categoria. Quem viaja na frente até não tem do que reclamar, mas atrás o espaço para as pernas é acanhado, e o teto fica um pouco próximo demais das cabeças de ocupantes mais altos. O porta-malas de 303 litros também não é referência na categoria, até porque o recém-chegado Citroën C3 leva 315 litros.

DESEMPENHO E CONSUMO

A nova geração do Onix trouxe consigo uma nova família de motores. No caso das versões mais baratas o escolhido foi um 1.0 aspirado de três cilindros em linha. São 82 cv com etanol e 78 cv quando abastecido com gasolina, sendo que o torque máximo é de 10,6 kgfm e 9,6 kgfm se movido a etanol e gasolina, respectivamente.

Desempenho não é realmente a maior virtude do Onix. Embora não faça ninguém passar raiva, não adianta esperar por agilidade nas acelerações e retomadas de velocidade. Prova disso está no tempo de aceleração de 0 a 100 km/h: 13,3 segundos. Ou seja, é bom ter cautela para planejar ultrapassagens mais difíceis.

Pelo menos o motorista conta com uma transmissão de seis marchas com engates bastante curtos e precisos, fazendo com que o hatch ganhe desenvoltura no dia-a-dia. Além de contribuir para uma melhor experiência ao volante, o câmbio manual também exerce papel importante no consumo de combustível.

Levando em consideração as médias do Inmetro, o Onix LT faz 13,3 km/l na cidade e 16,6 km/l na estrada, ambos com gasolina no tanque. Porém, durante nossa avaliação, que incluiu trechos urbanos e rodoviários, conseguimos números bem superiores.

No pior cenário enfrentado por UOL Carros - ou seja, congestionamento com ar-condicionado ligado -, o hatch fez aproximadamente 12 km/l. Durante a noite, condição em que a temperatura estava mais amena, pudemos desligar o ar-condicionado - e aí, rodando sem pressa, a média ficou perto de 15 km/l. Na estrada, o Onix LT fez 14 km/l com ar-condicionado ligado e sol a pino somente com o motorista no veículo. E pasme: consegui a fantástica média de 23 km/l viajando durante a noite e com ar-condicionado desligado, mesmo com três pessoas a bordo.

Como escrevi acima, a caixa manual de seis marchas ajuda bastante a reduzir o consumo de combustível. Isso porque a quinta e sexta marcha possuem relações bem mais curtas, fazendo com que o motor trabalhe em rotações mais baixas no uso rodoviário.

ITENS DE SÉRIE

O Onix LT é um dos modelos mais bem equipados da categoria. Além de vir com seis airbags, o hatch possui central multimídia MyLink com tela de oito polegadas e suporte a Android Auto e Apple CarPlay, sistema de som com quatro alto-falantes, espelhos retrovisores com regulagens elétricas, ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, assistente de partida em rampas, banco traseiro bipartido, computador de bordo, volante multifuncional e duas entradas USB.

Em contrapartida, o compacto vem com calotas ao invés de rodas de liga leve e a coluna de direção não oferece regulagens de altura nem profundidade. Como opcionais, o hatch da Chevrolet pode ganhar acendimento automático dos faróis, câmera de ré, chave presencial, partida do motor por botão e rodas de liga leve de 15 polegadas.

SEGURANÇA E MANUTENÇÃO

Como citamos acima, todas as versões do Onix saem de fábrica com seis airbags - dois frontais, dois laterais e dois do tipo cortina. Sem dúvida é um ponto positivo em relação a alguns concorrentes, que em muitos casos trazem apenas as bolsas infláveis frontais obrigatórias por lei. Além disso, o Onix LT tem controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas e ganchos para fixação de cadeirinhas Isofix.

O custo das revisões é um importante chamariz para as vendas do Onix, já que o valor das três primeiras manutenções não chega a R$ 2 mil. O preço médio do seguro também não é alto (pouco mais de R$ 3 mil) e o hatch possui três anos de garantia.

CONCORRENTES

A vida do Onix nunca foi fácil - e claro que não seria diferente em 2022. Um de seus maiores rivais é o atual líder de vendas Hyundai HB20, que também é oferecido com motor 1.0 aspirado de três cilindros nas versões de entrada. Como diferencial, o representante da marca coreana acaba de ser reestilizado, reforçando o abismo entre ele e o Onix no design.

Quem também incomoda o compacto da Chevrolet é o Fiat Argo. Bom de venda, o hatch está entre nós desde 2017 e passou por uma discretíssima atualização visual neste ano. Além da boa reputação no mercado de seminovos, o Argo conquista clientes por conta do bom motor 1.0 Firefly, que entrega até 77 cv.

Esse "coração" de três cilindros também equipa o recém-apresentado Citroën C3. Bem diferente de seu antecessor, o hatch tem visual bastante imponente e a maior altura livre em relação ao solo entre todos os compactos da categoria. Mais moderno do que Argo e Onix, o C3 se destaca pela boa lista de equipamentos na versão intermediária Feel, que inclui itens como a vistosa central multimídia com tela de 10 polegadas.