Morre o sambista Djalma Sabiá, um dos fundadores do Salgueiro
Marcela Lemos
Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro
10/11/2020 09h13Atualizada em 10/11/2020 09h38
O sambista Djalma Sabiá, fundador e presidente de honra da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, morreu ontem no Rio de Janeiro.
A causa da morte ainda não foi divulgada e não há informações sobre o enterro do sambista, que tinha 94 anos. Na página das escolas nas redes sociais, um post de luto sobre a perda de Djalma Sabiá.
"Nem todas as palavras que pudéssemos escrever neste momento conseguiriam expressar a dor que, mais uma vez, toma conta dos nossos corações. Queremos, neste momento, apenas agradecer por todos os ensinamentos e amor que o senhor dispensou a este chão. Salve Djalma Sabiá", publicou a escola que pertence ao grupo especial do Rio.
Filho da porta-bandeira Alzira de Oliveira e morador do Morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, Sabiá era o único fundador vivo da Vermelha e Branca. O apelido Sabiá foi dado durante um jogo de futebol, uma de suas paixões.
Na sua trajetória, sambas como "Navio Negreiro" (1957) e "Chico Rei" (1964) marcaram a história do Carnaval. Ele também ocupou os cargos de diretor de harmonia e vice-presidente da agremiação. Em 2018, ele tomou posse como presidente de honra do Salgueiro.
Em nota de pesar, a escola informou que Djalma "afinou instrumentos, foi intérprete, compositor, diretor de carnaval e era considerado por muitos uma verdadeira enciclopédia da história do Salgueiro".
O Salgueiro o descreveu ainda como contador de boas histórias. "Djalma escreveu a sua juntamente com a da escola que escolheu amar. Além de imortalizar obras como Chico Rei, considerada por Martinho da Vila o mais belo samba do Carnaval, Sabiá revolucionou em verso e prosa o desfile, ajudando o Salgueiro a levantar com altivez, a bandeira de luta pela valorização e reconhecimento dos personagens pretos de nossa história."
A agremiação lembrou ainda o dom de inovar de Sabiá. "Tanto que nos deixa como uma de suas heranças o popular 'Leite de Onça', bebida inventada por ele que mistura coco, cachaça e leite condensado, a qual serviu durante excursão que fez com o elenco do Salgueiro a Cuba e que tornou-se referência dentro do mundo do samba", destacou.
Com Diva, sua primeira mulher, o sambista teve cinco filhos e viveu a dor da perda de Djalminha. Ele venceu ao todo seis sambas de enredo.
"Nosso baluarte, mestre e referência histórico-cultural segue para um novo plano onde estão Aldir Blanc, Elizabeth Nunes e tantos salgueirenses que escolheram 2020 para sua despedida, marcando para sempre sua história em nossos corações. Descanse em paz. Salve Djalma Sabiá, nosso rei negro", concluiu a Acadêmicos do Salgueiro.