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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Não consegue se concentrar em ambientes com muito barulho? Veja como focar

Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para o VivaBem

31/01/2024 04h00

Conversas, latidos, músicas, buzinas. Qual barulho mais incomoda você? Ruídos, sobretudo ininterruptos e altos, podem ativar o sistema de alarme do organismo, fazendo com que o cérebro não descanse, interferindo também na capacidade do órgão de juntar, quantificar e memorizar informações que recebe.

Pessoas que apresentam sensibilidade auditiva prévia e que pode se somar a eventuais transtornos (como de déficit de atenção com hiperatividade, o TDAH; do espectro autista, o TEA; bipolar do humor, o TBH; explosivo intermitente, o TEI; e até Alzheimer) estão sujeitos a sofrer mais com barulhos. Da mesma forma, quem tem estresse, ansiedade, irritabilidade, insônia, problemas de saúde física e mental que diminuem a tolerância e que só pioram com barulho também sofre.

O que fazer para manter o foco e não sofrer

Se você está sendo prejudicado por conta de excesso de barulho, apresentando até já alguns problemas de saúde em decorrência dele (hipertensão, enxaqueca, angina), existem algumas medidas que podem ajudar a aliviar os sintomas e prevenir complicações. São algumas delas:

Usar tampões ou abafadores (protetores auriculares) ou fones de ouvido com ruído branco (som com as frequências audíveis na mesma intensidade, como de chuva, ondas do mar) ou música relaxante, indica Paula Souto, psiquiatra da Afya Educação Médica de Fortaleza.

Fazer pausas regulares do lugar barulhento para aliviar a tensão e descansar a mente.

Estimular outros sentidos além da audição, como a visão ou o tato (por exemplo, sentar-se em frente a uma janela, para se distrair com a paisagem e a brisa enquanto trabalha).

Praticar técnicas de relaxamento, como respiração profunda, meditação e mindfulness (ou atenção plena). "Esta última funciona como um treinamento da mente, em que se aprende a ter maior consciência de seus pensamentos e emoções, podendo direcionar sua atenção para o foco desejado. Os benefícios podem aparecer em semanas", explica Souto.

Evitar o consumo excessivo de cafeína, álcool, tabaco e outras substâncias que podem afetar o sistema nervoso (deixando o cérebro ainda mais em estado alarmado) e a audição.

Investir em antirruídos, como portas e janelas próprios para reduzir o som que vem de fora. Drywall é um material que também absorve barulho e pode ser instalado em paredes e tetos.

Buscar ajuda profissional, se a dificuldade de concentração for persistente ou afetar a qualidade de vida. "O ideal é fazer uma investigação global, para excluir a presença de transtornos, que agravam sintomas e geram grande sofrimento", acrescenta a psiquiatra.

Como um terapeuta pode ajudar nesse sentido?

Por meio da chamada psicoterapia cognitivo-comportamental, é possível identificar e evitar estímulos/gatilhos por trás de uma simples dificuldade de concentração e aprender estratégias para lidar com estresse, ansiedade, distrações e falta de adaptação a novos ambientes e pessoas, sendo suficiente para resolver muitos casos de falta de foco e intolerância ao barulho.

Entretanto, às vezes, pode ser necessário o uso de medicação, especialmente se houver algum transtorno psiquiátrico associado. "Pode haver TDAH com transtorno de processamento auditivo central (PAC), em que o ouvido capta o som, mas o cérebro não faz sua interpretação correta, possibilitando barulhos intrusivos", informa Eduardo Perin, psiquiatra pela Unifesp, emendando que o psicólogo pode encaminhar o paciente para um psiquiatra, para prescrever e acompanhar o tratamento farmacológico, ou para fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas.

Pode ser importante procurar outras especialidades médicas quando as pessoas do seu convívio não se queixam do mesmo barulho que você. Perin cita a hiperacusia, que é a sensibilidade aumentada a sons (que faz com que eles sejam percebidos como mais altos e incômodos do que realmente são), e a misofonia, que é a intolerância a sons específicos (como mastigação, respiração, tosse, goteira, relógio) que provocam reações emocionais negativas.

Barulho coletivo exige outras providências

Se você está enfrentando problemas com vizinhos, familiares ou colegas de trabalho barulhentos, existem outras medidas que você pode tomar para lidar com essa situação. Mas, atenção, não tente combater barulho com mais barulho. "Além de não disfarçar o som alheio, sendo muito alto só vai agravar o problema, que é sobreposto por mais estímulos que podem lesionar os tímpanos, além de incomodar quem não tem nada a ver com a situação", diz Souto.

Se nenhuma das opções anteriormente sugeridas for suficiente, você pode tentar:

Promover o diálogo: antes de tomar medidas mais radicais, tente conversar com o sujeito barulhento e explique como o som dele está afetando você. Ele pode não estar ciente do problema e estar disposto a cooperar.

Reunir provas: para argumentar com propriedade e defender sua tranquilidade, instale aplicativos medidores de decibéis e vibrações em seu celular e faça vídeos ou gravações de áudio para registrar os abusos. Se o problema persistir, você pode considerar usá-los.

Contatar mediadores: se o diálogo com evidências não funcionar, entre em contato com quem pode lhe ajudar a encontrar uma solução para o conflito. Pode ser o síndico do seu prédio, o departamento de recursos humanos da sua empresa, ou um mediador profissional contratado.

Acionar autoridades competentes: se o problema persistir, entre em contato com autoridades locais, como no 156. Ou ainda abra uma ação judicial ou procure um novo local para se instalar.

Outra fonte consultada: Yuri Busin, psicólogo pós-graduado pela PUC-RS.

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