Por que a CoronaVac não foi liberada para crianças imunossuprimidas?
Sarah Alves
Colaboração para o VivaBem, em São Paulo
21/01/2022 14h41
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou ontem (20) o uso emergencial da CoronaVac para crianças entre 6 e 11 anos. Na decisão, a agência vetou imunossuprimidos — quem tem problemas no sistema imune, o mecanismo natural de defesa do corpo humano. Em nota, a ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia) afirmou que isso não anula a segurança da vacina para os demais grupos.
Segundo a entidade, a CoronaVac carece de estudos semelhantes aos realizados com imunizantes de mRNA (RNA mensageiro), como as doses pediátricas da Pfizer, liberadas antes pela Anvisa e em aplicação no Brasil.
"Consideramos que vacinas mRNA sejam, no momento, mais apropriadas em imunocomprometidos, pela eficácia que estas vêm apresentando em vários estudos e não por qualquer questão de segurança em relação à Coronavac", afirma a nota.
No entanto, a associação lembrou que a CoronaVac é aplicada "com segurança em pacientes adultos imunocomprometidos há mais de um ano".
A dificuldade em realizar pesquisas com o grupo, sobretudo infantil, seria reflexo da diversidade de doenças que atingem o sistema imune em diferentes graus e que, em sua maioria, são condições clínicas raras.
"Em pacientes imunocomprometidos, a tradição de falta de dados nos leva a considerar como principal fator a segurança dos imunizantes: se não há risco, ainda que a resposta seja duvidosa, as aplicamos", explica.
Como funciona a vacina em imunossuprimidos?
O sistema imune é o responsável por proteger o corpo de "ameaças", como vírus, bactérias e demais agentes estranhos. Porém, em algumas pessoas, esse mecanismo pode funcionar de maneira errada. É o caso, por exemplo, de quem apresenta falhas no sistema por doenças congênitas, pessoas em tratamento de câncer e até mesmo idosos, que têm menor defesa natural.
Em pessoas imunossuprimidas, a ação das vacinas pode ser menor pela deficiência do sistema imune. No entanto, é de extrema importância receber o imunizante, pois, em caso de infecção, a doença pode evoluir de forma grave.
"A depender do tipo de imunodeficiência, a pessoa terá pouca resposta à vacina. Mas qualquer resposta é melhor do que nada. Mesmo porque, por estarem nesta condição, esses pacientes têm maior possibilidade de evoluir com doença grave", explica Lorena de Castro Diniz*, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).
*com informações das reportagens publicadas em 21/06/2021 e 25/08/2021