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Panelas e potes podem contaminar alimentos; veja como reduzir riscos

Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para o VivaBem

06/04/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Panelas, recipientes de plástico e até talheres contêm compostos químicos sintéticos que afetam o organismo
  • Utensílios podem conter substâncias químicas que são capazes de interferir no sistema endócrino, como os recipientes de plástico
  • Há diversos tipos de panelas que também podem contaminar alimentos com metais
  • É necessário trocar os utensílios de cozinha com frequência para evitar a contaminação e saber higienizá-los corretamente

Utensílios escolhidos para a preparação ou armazenamento de alimentos podem trazer riscos à saúde. Algumas panelas, recipientes de plástico e até talheres contêm compostos químicos sintéticos que afetam o organismo e se tornam foco de contaminação e intoxicação.

De acordo com Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), alguns utensílios podem conter substâncias químicas que são capazes de interferir no sistema endócrino e nos hormônios, bloqueando a sua ação natural, por exemplo. "Essas substâncias tóxicas são conhecidas como disruptores endócrinos e são utilizadas em objetos sintéticos e produtos de indústrias. A contaminação dos alimentos ocorre pela ingestão principalmente quando os utensílios são aquecidos", afirma.

Entre elas está o bisfenol-A, também chamado de BPA, presente em utensílios de plástico que apresentam em sua composição o policarbonato. Pesquisas mostram que a substância química, quando encontrada em grandes quantidades, provoca desequilíbrio nos hormônios do corpo. O contato prolongado contribui com o aparecimento de doenças como diabetes, obesidade e até infertilidade.

"Para evitar comprar produtos com bisfenol-A, fique atento se há alguma indicação na embalagem. Geralmente, vem um número dentro de um triângulo no fundo, que indica a composição do utensílio de plástico. Evite os números sete e três e busque sempre itens livre da substância", explica Patrícia Modesto, nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

De acordo com a Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), este material era utilizado para a fabricação de mamadeiras e o seu uso para esta aplicação está proibido desde agosto de 2011, quando a Resolução RDC 41/2011 foi publicada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Segundo a associação, mesmo nas aplicações em que o BPA entra na formulação, seu uso na composição destes materiais é considerado seguro, de acordo com as evidências científicas. "Todos os materiais plásticos para contato com alimentos devem ser aprovados para as condições de uso previstas. A aprovação da embalagem para contato com alimentos estabelece que a formulação do material deve cumprir com uma lista de substâncias permitidas. Na lista, não há substâncias que possam ser cancerígenas ou outras que possam ocasionar problema de saúde do consumidor", diz.

Imagem: iStock

Mas além da polêmica do BPA em utensílios de cozinha, há diversos tipos de panelas com materiais que podem proporcionar riscos à saúde. Se seguir, veja os mais usados e quais fazem mal ou não.

Antiaderentes

Apesar de práticas, as panelas antiaderentes contêm substâncias que, quando expostas a altas temperaturas, podem liberar metais, como o níquel e alumínio, e contaminar os alimentos. Isso ocorre principalmente quando estão mais velhas e começam a descascar após muito tempo de uso.

Imagem: Reprodução/Toronto Mommies

Alumínio

É a mais comum por ter um preço mais acessível, mas pode interferir no sabor dos alimentos e também liberar metal em pequenas quantidades. No entanto, de acordo com um estudo realizado pelo ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), os alimentos que são cozidos em panelas de alumínio não oferecem perigo à saúde. Isso porque a quantidade de metal liberados está abaixo do limite tolerável por semana, ou seja, menos de 2 mg por quilo.

"Não há estudos conclusivos sobre a toxicidade das panelas de alumínio, mas sabe-se que os metais são cumulativos no organismo. Ela não é resistente ao calor e é fácil de riscar, o que libera partículas que são ingeridas. Além disso, por ser usada com frequência, vai se degradando. Eu não recomendaria o uso de panelas de alumínio", opina Álvaro César Camargo, professor do curso de Engenharia de Alimentos da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

Imagem: iStock

Barro

Esse tipo de panela conserva bastante o calor, mas demora a aquecer. Como são mais porosas, aumentam-se os riscos de acúmulo de resíduos de alimentos. Isso pode facilitar o desenvolvimento de micro-organismos e aumenta o risco de problemas de saúde como intoxicação alimentar. Por isso, a atenção precisa ser redobrada com a higienização: o ideal é esfregar com cautela e secar adequadamente antes de usar novamente.

Imagem: Divulgação

Inox

A panela de inox não oxida facilmente e é resistente. No entanto, podem liberar níquel nos alimentos, caso esteja bastante usada e deteriorada. Sabe-se que a exposição prolongada deste metal causa alergias e contribuir com o surgimento de câncer. O ideal é lavar o utensílio com uma esponja macia e evitar a palha de aço ou raspar os restos de alimentos com talheres.

Imagem: Douglas Sacha/Getty Images

Ferro

São bastante resistentes e podem durar anos. Esse tipo de panela ganhou a fama de ser benéfica por liberar ferro nos alimentos e ajudar no combate de anemia por deficiência do mineral. No entanto, os especialistas reforçam que a quantidade liberada é muito pequena e, para garantir a absorção do ferro, o ideal é consumir mais alimentos com o nutriente.

Além disso, opte por panelas de ferro de qualidade e de boa procedência —isso evita o risco de comprar um utensílio que contenha chumbo na composição e possa contaminar as refeições.

Imagem: iStock

Cerâmica ou vidro

Bastante fáceis de limpar, essas panelas são consideradas seguras, desde que tenham a certificação de órgãos competentes. É importante checar essa informação na hora da compra do utensílio. "As panelas e os utensílios de cerâmica ou vidro são as mais indicadas. Estas são atóxicas e não liberam substância aos alimentos, mesmo quando submetidas a altas temperaturas", resume Modesto.

Com que frequência é importante trocar os utensílios?

Você pode até mesmo ter aquela panela preferida e achar que as receitas não ficam tão saborosas sem ela. Mas é importante substituir os utensílios assim que estes apresentarem um mau estado de conservação, presença de incrustações e deformidades. Veja detalhes:

  • Panelas

Elas devem ser trocadas ao perderem o revestimento de teflon ou ficarem amassadas. Isso porque o material pode se desprender e ser incorporado ao alimento. "Para evitar esse problema, é importante se atentar à limpeza. Evite usar talheres que causem atrito nestes revestimentos e esponjas abrasivas", explica Viviani Fontani, nutricionista, vice-presidente e coordenadora da Comissão de Ética do CRN-3.

  • Potes

Os de plásticos devem ser substituídos ao apresentar fissuras, deformações, e mudanças de cores. Já os de vidro, quando apresentarem trincos ou estiverem lascados.

  • Esponja de cozinha

Como tendem a acumular resíduos, elas precisam de uma rigorosa rotina de limpeza. Neste caso, a recomendação é lavar após o uso com água e detergente e deixar secar. "Se os cuidados de higiene da esponja não são seguidos, recomenda-se que este utensílio seja trocado toda semana. Para fins domésticos, o uso de esponjas vegetais também é uma alternativa interessante, por ser ecológica e biodegradável. No entanto, requer os mesmos cuidados quanto à limpeza", destaca Fontani.

Utensílios de madeira

Se você ainda tem uma tábua de madeira para cortar alimentos, talvez seja a hora de trocar por uma de vidro ou plástico. A madeira é um material resistente, mas sua estrutura é porosa e pode apresentar microfissuras. Por conta disso, fica mais difícil limpar adequadamente, o que permite o acúmulo de resíduos de alimentos e sujidades e o aumento de bactérias.

"Prefira tábuas de superfície lisa, impermeáveis e que sequem mais facilmente. As placas de corte, em geral, não têm um prazo de validade determinado. É importante se atentar para a presença de fissuras, deformidades e manchas. As de vidro devem ser trocadas quando apresentarem lascas ou trincas", completa Fontani.

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