Mulher quase fica cega por mau uso de lente de contato; entenda problema
Danielle Sanches
Do UOL VivaBem, em São Paulo
20/07/2019 04h00
Recentemente, na Inglaterra, uma mulher quase perdeu a visão do olho esquerdo após contrair uma infecção por Acanthamoeba polyphaga, um protozoário presente no solo, na água doce, no mar, em piscinas, banheiras de hidromassagem e jacuzzis.
De acordo com os médicos, que publicaram o caso no New England Journal of Medicine, a paciente começou a se queixar de dor e visão embaçada após nadar na piscina e tomar banho usando lentes de contato --prática que os médicos não recomendam justamente por aumentar o risco de infecções.
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Embora rara, a contaminação por Acanthamoeba é responsável por cerca de 6% das ceratites --como são chamadas as inflamações da córnea -- tratadas em hospitais universitários no Brasil, de acordo com um artigo publicado em 2013 no periódico Arquivos Brasileiros de Oftalmologia.
Considerada grave, o problema pode causar desde inflamação até a perda da visão. "O tratamento é feito com antibióticos, leva meses e pode reincidir", afirma Keila Monteiro de Carvalho, médica oftalmologista e professora titular de oftalmologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "Infelizmente, o transplante de córnea é a última opção em casos mais agressivos", diz.
Uso de lentes agrava o problema
A contaminação por Acanthamoeba acontece principalmente pelo mau uso das lentes de contato, como foi o caso da paciente inglesa.
Com o aumento no uso do produto, essas infecções estão se tornado um pouco mais frequentes. Por isso, é recomendável que os usuários lavem as lentes com solução salina própria para a tarefa e ainda deixem as lentes imersas no líquido por pelo menos cinco horas todos os dias.
Carvalho recomenda ainda manter a "água comum" longe das lentes de contato, descartar a solução salina após a limpeza (nunca reaproveitar para limpar outra lente) e trocar o estojo de armazenamento a cada três meses.
Também é importante não ficar com as lente por um período maior que 12 horas, além de nunca dormir com elas.
Visitar o oftalmologista com frequência e procurar ajuda ao primeiro sinal de problema também são medidas que ajudam a conter a doença, já que, quanto antes diagnosticada, maiores as chances de impedir sua evolução.