"Magro de ruim"? Cientistas descobrem por que algumas pessoas não engordam
Do UOL VivaBem, em São Paulo
01/02/2019 11h41
Sabe que aquele amigo que só come alimentos repletos de gordura e não engorda mesmo assim? Parece que um grupo de cientistas dos Estados Unidos encontrou uma explicação.
O estudo, publicado no periódico Nature na quarta-feira (30), revelou que um grupo de células do sistema imunológico no intestino pode influenciar o metabolismo dos nutrientes, para favorecer o armazenamento de gordura sobre o uso de energia.
O mecanismo funciona quando as células T intra-epiteliais, que são um tipo de célula imune que reside no revestimento do intestino delgado, possuem um gene ativo para a proteína integrina beta 7. Quando os pesquisadores do Massachusetts General Hospital e da Harvard Medical School alimentaram camundongos que não tinham essas células com uma dieta rica em gordura e açúcar, os animais não desenvolveram obesidade, pressão alta, colesterol alto, doenças cardíacas ou diabetes.
Ratos que tinham o gene da integrina beta 7, ou seja, o grupo de controle, comeram menos do que o outro grupo e mesmo assim engordaram mais.
Quando os cientistas realizaram testes metabólicos nos camundongos, eles descobriram que aqueles sem integrina beta 7 usaram mais alimentos para energia, sugerindo que seu "metabolismo basal" funcionava em uma taxa maior do que os ratos com a proteína.
Além disso, os camundongos sem integrina beta 7 tiveram melhor tolerância a glicose e gordura, apresentaram níveis mais baixos de triglicérides e converteram mais glicose em gordura marrom em energia.
Na segunda parte do estudo, a equipe investigou o efeito de uma dieta rica em gordura, açúcar e alto teor de sódio nos dois tipos de camundongos. Os camundongos com integrina beta 7 desenvolveram obesidade e outros sintomas que caracterizam a síndrome metabólica. Já os ratos sem a proteína, por outro lado, ficaram magros e não desenvolveram esses outros sintomas.
Os pesquisadores também testaram o efeito de silenciar o gene da integrina beta 7 nas células imunes de camundongos predispostos a desenvolver colesterol alto, que é outro sintoma da síndrome metabólica.
Os resultados mostraram que, mesmo com maiores riscos de ter colesterol alto, os ratos não desenvolveram o problema e seus níveis lipídicos permaneceram normais.
Além disso, esses animais "excretaram mais colesterol", apresentaram melhor tolerância à glicose e desenvolveram menos fatores de risco cardiovascular, como menos placas nas artérias.
A notícia é ótima, mas a inibição dessas células em humanos ainda está em um futuro distante. Entre as questões que requerem mais investigação está exatamente como o mecanismo funciona em pessoas que parecem ter altas taxas de metabolismo. Mas a pesquisa deu um passo enorme na formação de uma base para novos tratamentos para obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
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