Cientistas identificam só 3 tipos de depressão e um é resistente a remédios
Do UOL VivaBem, em São Paulo
02/11/2018 11h37
Um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2017, apontou que a depressão afeta 4,4% da população mundial. Mesmo sendo uma doença popular, os médicos ainda não sabem especificar com precisão seus tipos ou explicar por que algumas pessoas não reagem às medicações.
Atualmente, a depressão é diagnosticada por avaliação clínica, mas essa não é exatamente uma ciência perfeita, o que faz com que pesquisadores busquem cada vez mais potenciais biomarcadores cerebrais que apontem a depressão. Um novo estudo japonês, publicado no jornal científico Scientific Reports, conseguiu desvendar alguns dos mistérios.
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Quando o assunto é tratamento, uma das medidas mais adotadas pelos médicos é a recomendação de antidepressivos com inibidores seletivos da recaptação da serotonina. Porém, tal medida se mostra ineficaz para cerca de 30% dos pacientes.
"Sempre se especulou que existam diferentes tipos de depressão, e que eles influenciam na eficácia da droga", disse o neurocientista Kenji Doya, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Okinawa. "Mas não havia consenso."
Na nova pesquisa, para encontrar uma maneira de analisar e categorizar subtipos diferentes de depressão, Doya e sua equipe analisaram dados de saúde fornecidos por 134 pessoas. Metade dos participantes tinha depressão, enquanto a outra metade eram pessoas sem histórico da doença.
Deste grupo, os pesquisadores obtiveram dados de ressonância magnética funcional, informações de expressão genética e respostas a questionários clínicos sobre padrões de sono, condições de saúde mental e outros aspectos de saúde.
Os cientistas também desenvolveram uma ferramenta estatística para extrair informações relevantes e agrupar indivíduos semelhantes. Assim, os pesquisadores identificaram três diferentes subtipos de depressão, chamados de D1, D2 e D3:
- D1: são caracterizados por alta conectividade funcional do cérebro e uma história de trauma na infância.
- D2: exibiram alta conectividade funcional do cérebro, mas não tinham histórico de trauma na infância.
- D3: refletiam baixa conectividade funcional do cérebro e não tinham sofrido trauma na infância.
A análise também revelou que os antidepressivos com inibidores seletivos da recaptação da serotonina são eficazes para pessoas com os subtipos D2 e D3 de depressão, mas os D1s —aqueles com alta conectividade funcional entre as diferentes regiões do cérebro e experiência de traumas na infância — as drogas são ineficazes.
A metodologia proposta pode oferecer um novo e poderoso guia para ajudar os pesquisadores de saúde a entender a complexidade da depressão - e onde cada paciente se encaixa.
"Este é o primeiro estudo a identificar subtipos de depressão a partir da história de vida e dados de ressonância magnética", explica Doya. "Isso fornece uma orientação promissora para os cientistas que pesquisam os aspectos neurobiológicos da depressão prosseguirem com suas pesquisas."
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