Mutação genética aumenta as chances de doenças pulmonares
Do UOL VivaBem, em São Paulo
21/09/2018 17h21
Asma, bronquite, alergias... São diversas as doenças respiratórias que podem afetar a população. Não é à toa que os dados mais recentes do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) apontaram que esses problemas são os que levam a maior quantidade de pacientes de planos de saúde – cerca de 472 mil pessoas – à internação.
Se esses números já demonstram a gravidade das doenças respiratórias, um estudo recente publicado na revista científica Nature Communications traz mais um alerta: uma mutação genética nos seres humanos que aumenta em até 17 vezes a quantidade de Aspergillus fumigatus, fungo patogênico que pode ser muito perigoso aos pulmões, principalmente de quem possui problemas respiratórios.
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Essa pesquisa é considerada uma forma dos médicos rastrearem pacientes em risco de se infectarem com o fungo, o que poderia facilmente ser feito com um teste.
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Muito comum no meio ambiente, principalmente no solo, travesseiros e adubo, o Aspergillus é absorvido por quase toda a população, sendo eliminado do corpo rapidamente. Porém, 4% das pessoas têm essa mutação descoberta e nelas o fungo continua nas vias respiratórias, podendo até colonizar e levar ao desenvolvimento de aspergilose, infecção pulmonar que causa mais de 400 mil mortes ao ano, de acordo com o estudo.
Além disso, quando inspirado, o Aspergillus pode ser fatal e também piorar a asma, especialmente em pessoas com sistema imunológico comprometido. “Pessoas com essa doença respiratória, que tiveram cirurgia de transplante, tuberculose e muitas outras doenças que diminuem a imunidade, poderiam ser rastreadas para esta mutação genética. E a detecção precoce poderia salvar vidas", disse Paul Bowyer, que liderou o estudo.
A descoberta dos cientistas foi feita por meio da comparação de como as células humanas normais se comportariam com a presença do Aspergillus em comparação com células que foram modificadas para conter a mutação. No resultado, o segundo grupo teve uma resposta fraca à ação do fungo, bem diferente das células normais. "Até agora, nunca entendemos realmente por que algumas pessoas têm uma carga de Aspergillus muito maior do que outras.
E o estudo é um avanço bastante significativo para entender essa doença. Ainda não sabemos como ou por que a mutação ocorre, mas, no entanto, esta descoberta fornece a base para um teste de DNA simples e barato naqueles que são mais vulneráveis ao fungo", finaliza Bowyer.