Mau hálito? Exame descobre causa do problema em cerca de 8 minutos
Daniel Navas
Colaboração para o VivaBem
04/06/2018 04h00
O mau hálito é um baita problema. Também conhecido como halitose, atinge 30% da população brasileira, segundo a Associação Brasileira de Halitose (ABHA) e pode ser provocado por diversos motivos, como falta de higiene bucal, má alimentação e algumas doenças.
Se você sofre a condição, saiba que é possível descobrir as causas do mau hálito em apenas alguns minutos, com um simples exame chamado de Cromatografia Gasosa do Hálito. O teste usa um aparelho que é parecido com um bafômetro e consegue detectar e medir a quantidade dos três gases que causam a halitose: o sulfureto, o metil mercapitana e o dimetil sulfeto.
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“No exame, o paciente deve bochechar durante um minuto um líquido chamado cisteína, um aminoácido que serve como estímulo para as bactérias que produzem o mau hálito. Depois, fica com a boca completamente fechada por três minutos. Após esse tempo, coleta-se com uma seringa cerca de 1 ml da amostra do hálito e injetamos no aparelho, que iniciará a averiguação dos gases. Em cerca de quatro a oito minutos, dependendo do aparelho, temos o resultado”, explica Marcus Vinicius Simone, especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial pela Universidade de São Paulo (USP).
Segundo Maurício Conceição, membro fundador e ex-presidente da ABHA, ao término do exame é exibido um gráfico com os resultados, informando as concentrações dos três gases. "Esse laudo servirá para que um especialista indique a melhor solução para o paciente, caso seja constatado que ele tem halitose.”
Além desse teste, há outras análises para detectar o problema. A mais prática delas é o teste sensorial baseado na percepção do mau hálito. “Este método não necessita de equipamentos ou técnicas sofisticadas, apenas um tubo plástico que é inserido na boca do paciente, usado para que o examinador sinta o odor do ar exalado pelo indivíduo”, conta Carlos Alberto Monson, dentista e professor da pós graduação em medicina da Faculdade IPEMED, em São Paulo.
As causas
Diversos são os motivos para o desenvolvimento do mau hálito, porém, de acordo com a ABHA, 90% dos casos são de origem bucal. “Entre os principais fatores estão: má higienização bucal, saburra lingual, placa bacteriana, cáries dentárias abertas e extensas, neoplasias, estomatite, restaurações ou próteses mal adaptadas, hipofunção de glândulas salivares anquiloglossia, periodontite e cáseo amigdaliano”, afirma Rafael Landim, dentista graduado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Araçatuba.
O diabetes também pode causar a halitose. Além disso, hábitos ruins como tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas, a diminuição na produção da saliva, alterações nos pulmões, no fígado e no intestino e sinusite aguda, em que ocorre o gotejamento da secreção infectada na garganta, também ocasionam o mau hálito.
“O refluxo gastroesofágico é outra coisa que pode levar ao mau odor na boca, por causa da transmissão do conteúdo do estômago até o esôfago e laringe”, explica Ligia Maeda, otorrinolaringologista especialista em halitose do Hospital Paulista, em São Paulo.
Como acabar de vez com o mau hálito?
Após identificar a causa do problema com o exame, a pessoa é direcionada ao tratamento. Se for de origem bucal, é indicada a limpeza e higienização correta da boca, feita por um dentista. Inicialmente, ele irá remover as bactérias que estão gerando o odor ruim. “Após isso, o paciente receberá orientações de como fazer a correta limpeza da boca, com a indicação de produtos específicos para que essa higiene se mantenha eficiente", fala Tamara Vilela de Pinho Leite, dentista formada pela Universidade de São Paulo (USP).
Para evitar que a halitose se instale em sua boca, o melhor remédio é sempre a prevenção. “Indico a higienização e hidratação bucal de forma adequada, assim como manter horários curtos entre refeições, eliminar infecções na boca e evitar alimentos compostos de enxofre ou outros gases”, ensina Sandra Torres, professora do Departamento de Patologia e Diagnóstico Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Programa Saúde Bucal Especial do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.
Além disso, é importante realizar um check-up anual para saber se você não possui nenhuma doença que pode ser a causadora do mau hálito.