Homens e mulheres não devem receber o mesmo tratamento para depressão
Do VivaBem, em São Paulo
19/03/2018 13h48
Após observarem diferenças distintas entre os cérebros e a expressão gênica de homens e mulheres com depressão grave, um novo estudo sugere que o melhor seria que os médicos considerassem a possibilidade de fazer tratamentos específicos, de acordo com o sexo, para determinados problemas de saúde mental.
A pesquisa, publicada no periódico Biological Psychiatry, descobriu que homens e mulheres com transtorno depressivo maior (TDM) realmente têm mudanças opostas na expressão de 52 genes separados. Enquanto as mulheres aumentavam a expressão de genes que afetam a função da sinapse, os homens diminuíram a expressão dos mesmos genes.
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As mulheres ainda diminuíram a expressão de genes que afetam o sistema imunológico, mas os homens experimentaram o contrário. Isso destaca os divergentes mecanismos moleculares que contribuem para a depressão em ambos os sexos e desafia o pressuposto de oferecer um tratamento semelhante para pessoas que não possuem a mesma biologia.
Como foi o estudo
Em um procedimento pós-morte, os pesquisadores dissecaram os cérebros de 50 pessoas com transtorno depressivo maior (26 homens e 24 mulheres) e os compararam com o mesmo número de cérebros não afetados. Foram analisadas as três principais regiões cerebrais que auxiliam a regular o humor (córtex cingulado anterior, córtex pré-frontal dorsolateral e amígdala) e que são disfuncionais em pessoas com transtornos depressivos graves.
Como os estudados estavam mortos, não foi possível avaliar de que maneira essas mudanças na expressão gênica os afetaram. No entanto, a descoberta sugere a ideia de que tratamentos específicos para cada sexo podem ser uma nova via para os pesquisadores explorarem.
"Por exemplo: fazer tratamentos para diminuir a função imune podem ser mais apropriados para homens com TDM, enquanto terapias que estimulam a função imune podem ser mais apropriados para mulheres com o problema", explica o estudo.