![Gabo Morales/UOL](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/49/2017/11/27/antonia-fernandes-sanches-paciente-de-alzheimer-na-casa-onde-vive-com-a-filha-sueli-sanches-piaia-em-sao-bernado-do-campo-sao-paulo-1511815948010_v2_300x300.jpg)
Não pode morar sozinha
Alzheimer é a doença do esquecimento, até mesmo das coisas mais comuns. Uma pessoa com Alzheimer que vive sozinha pode, inclusive, esquecer de se alimentar e ficar desnutrida.
A doença de Alzheimer não tem cura e é o tipo mais comum de demência. O funcionamento do cérebro é afetado de modo lento e progressivo.
O primeiro e principal sintoma é o esquecimento de acontecimentos recentes, mas também há desorientação de tempo e espaço, além de dificuldade em encontrar palavras para se expressar e em realizar tarefas cotidianas, esquecer nomes, irritabilidade e até perda do olfato. Com o avanço da doença, a pessoa pode ter problemas para caminhar, ficar em pé e mastigar.
O Alzheimer ocorre devido ao acúmulo de uma proteína tóxica no cérebro, a beta-amiloide, que cerca os neurônios e os destrói aos poucos. Ao mesmo tempo, outra proteína, conhecida como tau, aparece dentro dos neurônios e também os danifica. É um ataque conjunto que não para até matar as células que comandam funções cognitivas e motoras.
Cientistas sabem explicar exatamente o que acontece no cérebro, mas o porquê ainda é uma incógnita. Os medicamentos ajudam a controlar os sintomas. Porém, não regridem o quadro nem freiam seus avanços.
Alzheimer é a doença do esquecimento, até mesmo das coisas mais comuns. Uma pessoa com Alzheimer que vive sozinha pode, inclusive, esquecer de se alimentar e ficar desnutrida.
Em certo estágio da doença, há dificuldade em reconhecer caminhos (até dentro de casa). Há ainda diminuição na percepção dos sentidos, o cérebro não interpreta a visão com perfeição.
Pessoas com Alzheimer se atrapalham com atividades longas. Portanto, não é recomendado que saiam sozinhas para fazer compras de supermercado ou outras tarefas consideradas corriqueiras.
O Alzheimer não atinge apenas o paciente, mas também seus familiares e pessoas mais próximas. Sueli Sanches Piaia, 58, filha de Antônia, conta que passou por estágios ao saber da mãe: o choque de receber a notícia, a tristeza de imaginar o que está por vir e, em seguida, a raiva e a revolta.
Mas depois aparece o otimismo --sentimento essencial para tornar o período de lucidez do paciente o mais agradável possível. Mas há, também, aquela desconfiança de que também desenvolverá a doença. "Fico preocupada em ter Alzheimer. Uma época até tomei ansiolítico e procuro estimular a mente com leitura, palavra cruzada e treinos para ser ambidestra", conta Sueli.
E para seguir em frente sem se prender à tristeza, a própria Antônia diz que é preciso manter o sorriso no rosto e a cabeça ativa. Para se ocupar, ela gosta das tarefas domésticas, de ir a encontros com outros idosos, e de fazer passeios com a família. Hoje, dona Antônia vai ao Hospital das Clínicas, em São Paulo, de três em três meses para acompanhar os avanços da doença. Ela toma remédios para o controle do Alzheimer e também medicamentos que ajudam no controle da pressão e do colesterol.
Ela diz que, se tinha algum sonho que ainda queria realizar, não se lembra mais, mas que não esquece todos os dias de não se entregar ao desânimo. "Dá um pouquinho de tristeza, mas é passageira. Sou disposta, me ocupo, falo com a minha filha, lavo minha louça e acaba ficando tudo bem, fico tranquila."