
O termo core pode lembrar coração. Mas, não há relação direta entre o órgão responsável pelo bombeamento de sangue e esse conjunto de músculos localizado entre o abdômen e o quadril. Mais do que um grupo muscular, o core pode ser visto como o centro de equilíbrio do corpo. Vem daí seu nome. A palavra, em inglês, significa núcleo, ou miolo, e passou a ser adotada para denominar a região graças à sua localização central.
Em 1940, o casal de cientistas americanos Henry e Florence Kendall descreveu em um livro que parte da nossa musculatura era responsável pela manutenção do alinhamento da região vertebral. E veja: os integrantes do famoso core já estavam quase todos lá.
Fato é que todos eles, sem a menor exceção, precisam se manter fortes, o que nem sempre acontece. O trabalho é em grupo, por assim dizer. Cuidar do core é um dos jeitos mais certeiros até de afastar as dores nas costas que, segundo o Ministério da Saúde, acometem perto de 30 milhões de brasileiros e são, atualmente, a maior causa de afastamento do trabalho.
Conheça mais detalhes sobre esse grupo de músculos tão importante e sete ótimos exercícios para fortalecê-lo. Os movimentos foram sugeridos pela professora de pilates e fisioterapeuta Claudia Leone, de São Paulo (converse com seu treinador para incluí-los na sua rotina).
O core envolve 29 pares de músculos que suportam e estabilizam ombros, quadril, região lombar e abdômen --não é pouca coisa.
As principais funções dos músculos do core são manter a estabilidade do tronco e produzir força e torque --ou seja, alavancar seu corpo para entrar em movimento
Mais de 80% da população do planeta é afetada por dores lombares ao menos uma vez na vida. Fortalecer o core é uma ótima maneira de ficar longe do problema.
Você que joga futebol, vai para a academia ou corre não precisa se preocupar tanto com o core, correto? Afinal, essas atividades já são capazes ativar a musculatura central, não é mesmo? Errado!
Como essas exercícios, de modo geral, exigem em demasia do core, é mais do que necessário incluir na rotina exercícios de fortalecimento específicos, justamente para que suporte os treinos. De bônus, esse costume vai melhorar, e muito, a sua performance e evitar diversas lesões comuns em atletas. LeBron James, um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, é prova disso.
Segundo uma reportagem da ESPN norte-americana, o astro da NBA teve uma hérnia de disco alguns anos atrás que, obviamente, prejudicou sua força e agilidade.
Como o gigante de 2,03 m de altura e 126 kg de músculos resolveu o problema nas costas e voltou a quebrar recorde atrás de recorde? Se você respondeu fortalecendo o core, acertou! LeBron passou a fazer exercícios específicos para a região com o personal trainer especialista em biomecânica Donnie Raimon. Resultado: a estrela do Cleveland Cavaliers deixou de tomar injeções com anti-inflamatórios para conseguir jogar e voltou a voar, literalmente, na quadra.
E uma rotina que trabalha o core pode e deve ser adotada por quem não tem o costume de se dedicar a algum treino ou esporte. Por falta disso é que muita gente que passa várias horas sentada vive com dores na lombar.
Mesclar exercícios de alongamento e de estabilização e ativação do core, como pranchas, é essencial para preparar a musculatura --nem que seja, no caso, para suportar ficar horas imóvel em uma cadeira de escritório.
Independentemente da modalidade esportiva, o fortalecimento do core faz com que o atleta gaste menos energia em cada movimento. Para isso, é preciso um treinamento tão bem pensado quanto aquele para produzir crescimento muscular nas coxas ou nos braços
A musculatura do core exige treinos regulares ou, como qualquer outra, tudo se perde. Treinamento funcional, aulas de pilates e de alongamento, incluindo modalidades como bio-postural, são muito bem indicadas.
O mais importante é que o trabalho de core seja feito em todos os momentos, das fases mais básicas até as mais complexas de um treinamento. Assim a pessoa promove o fortalecimento da região de forma progressiva.
Na hora da musculação também é possível ter um foco no core. Para isso, além de fazer exercícios específicos para o abdômen e a área lombar, realize algumas séries com pesos livres ou com a carga do próprio corpo --mesmo que sejam séries para outras regiões, como braços, peito e pernas. Isso porque as máquinas de musculação só permitem movimentos isolados, que não ativam a sua musculatura estabilizadora. Ao malhar sem aparelhos, mesmo que você não perceba, o seu core sempre faz força para estabilizar o tronco e o quadril durante o movimento.