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'Achei que estava na menopausa, mas fiquei grávida naturalmente aos 47'

Ana Konda: gravidez surpresa aos 47 anos Imagem: Acervo Pessoal

Luciana Bugni

Colaboração para Universa

23/04/2024 14h45

"Eu tenho 47 anos e um filho de 18 do primeiro casamento. Há nove anos sou casada com meu marido, que tem 49 e foi pai aos 19. Então, imagina o susto ao descobrirmos uma nova gravidez. Não usava pílula anticoncepcional havia quatro anos e evitávamos gravidez com preservativo e, depois, com tabelinha. Funcionou por alguns anos. No dia em que engravidei, desencanamos de qualquer método contraceptivo, por isso sabemos até em que dia foi.

Achava que a menopausa estava chegando e não passava pela cabeça ter outro filho nessa altura da vida. Foi um misto de susto com medo de sermos velhos demais e de não vingar essa gravidez. A gente pensava que não teria mais filhos, mas na verdade a gente não sabe nada! Sempre quisemos um filho nosso, mas era melhor não. A vida estava muito tranquila e tínhamos medo de perder essa paz. Hoje enxergamos o quanto desejávamos isso.

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Eu estava muito plena e comemorando muito porque não tive enjoo, nem inchaço, nada. Só no sétimo mês passei por muita dor, pois quando descobri a gravidez, também descobri um tumor no ovário. Como o útero e ovário estão aumentados, algum nervo comprimido me causou muita dor, mas fiz fisioterapia.

A fase mais difícil foi conseguir ficar tranquila até fazer todos os exames e descobrir que estava tudo bem com a bebê. Saber que ela é saudável e que não corremos riscos foi um alívio. Fiquei desesperada ao refletir que era minha última chance de ser mãe — tenho certeza de que jamais aconteceria novamente uma gravidez natural, sem complicações, depois dos 40.

Os médicos ficam impressionados ao ver que engravidei sem tratamento nessa idade, mesmo com um ovário comprometido. Acho que tudo isso só foi possível porque tenho uma alimentação equilibrada, não bebo quase nada e faço suplementação de vitaminas recomendadas pela minha irmã, que é médica ortomolecular. Acho que isso tudo faz diferença.

Na primeira gravidez eu enjoei, fiquei inchada e apesar de mais nova, aos 28 anos, não me cuidava tanto: comia besteira, trabalhava muito. Como não queria pausar a carreira, o Tomás foi para o berçário com 4 meses. E passou a vida toda estudando em período integral.

Sou arquiteta e trabalho como autônoma desde 2014. Tenho uma sócia hoje, mas trabalhamos em casa, não temos um espaço físico. Como meus horários são flexíveis, percebo que não daria conta de trabalhar com horário fixo todo dia no escritório, como foi na época da primeira gravidez. Realmente, a idade pesa. Só quero cuidar dessa bebezinha, tenho muita paz de espírito.

Meu marido acha que mudei bastante, deixei de ser neurótica por ser sempre produtiva. Eu nunca relaxei, sempre precisei estar produzindo, criando alguma coisa, ser uma arquiteta bem-sucedida. Se não era trabalho, eu ia para a cozinha, fazer doces, bolos. Hoje, se eu pudesse, seria aposentada.

Já não imagino minha vida de outro jeito: a empolgação da família com a chegada dela nos deu uma perspectiva diferente da situação e rejuvenesceu a todos. E, ao mesmo tempo, vejo meu filho mais maduro. Meu marido também está se dedicando, se interessando, nos ajudando mais.

Nosso relógio biológico é muito cruel. Nosso melhor período reprodutivo é o nosso melhor momento profissional, quando temos mais garra e vontade de fazer, produzir, conquistar. Gostaria que todas as mulheres tivessem a oportunidade de cuidar da saúde e terem condições de engravidar mais maduras.

Um conselho não só para as gestantes, mas para as mulheres em geral, é que não romantizem demais esse período. Mas também não dá para demonizar a gravidez. O tempo passa e a gente nem lembra direito das dificuldades que enfrentou: só pensamos no quanto valeu a pena."

Ana Konda, arquiteta, 47 anos, mãe de Tomas, 18 anos e Olívia, recém-nascida

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