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Foto com barriga de 'grávida tatuada' gera revolta; gestante pode tatuar?

Foto fake de grávida fazendo tatuagem, em uma trollagem de um tatuador no Twitter, chamou atenção nas redes sociais Imagem: Reprodução/Twitter

Marcela Schiavon

Colaboração para o UOL, de Santo André (SP)

22/08/2022 04h00

A imagem de uma mulher supostamente grávida com a barriga "tatuada" despertou uma onda de discussões sobre a segurança do procedimento desde que foi postada nas redes sociais no último dia 17 pelo tatuador Dani Olivie. A mulher em questão, aliás, foi submetida a uma intervenção temporária e exibia apenas uma tatuagem falsa, mas, afinal, o procedimento é seguro para gestantes e fetos?

Fazer tatuagem durante a gestação pode submeter mãe e feto a riscos, independentemente do trimestre. De acordo com especialistas ouvidos por Universa, como há uma ligação pela placenta, tudo que a gestante ingere, bebe, ou faz uso, como drogas ou medicamentos, pode afetar diretamente na saúde dos dois e, a depender da área em que a tatuagem seja aplicada, é possível que seja provocada desde uma inflamação localizada até mesmo uma redução de efeito de anestesias necessárias durante uma cesárea, por exemplo.

De acordo com Gabriela Leite Monteiro Borges, médica especialista em ginecologia e obstetrícia pela Irmandade de Misericórdia da Santa Casa de Santos, o ideal é esperar o bebê nascer e parar de mamar no peito para garantir que ele não seja prejudicado.

Em entrevista a Universa, ela explica que, desde o início da gestação até a 13ª semana, no primeiro trimestre, o feto estará sendo formado, desde a primeira divisão celular até a formação de sistemas simples e complexos (período embriogênico). Então, qualquer substância ou organismo externo ao corpo da mãe, durante a vida embrionária ou fetal, pode ser capaz de causar de má-formação a aborto.

É possível, também, que os pigmentos inviabilizem a peridural ou raquianestesia, anestesias fundamentais para analgesia de parto e realização de parto cesárea, respectivamente, se for localizada nas costas, principalmente na coluna lombar.
Gabriela Borges, ginecologista e obstetra

Além disso, a médica aponta riscos de infecção no local da tatuagem no período de cicatrização, já que a gestante tem o sistema imunológico menos eficiente.

Segundo Camila Hoffmann, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o procedimento invasivo também pode levar a infecções de pele ou complicações que exigem medicamentos não liberados na gestação. Há a possibilidade da tinta causar alergias, que exigem um grande cuidado do qual a gestante não poderá ter devido à medicação correta.

"Não podem tomar antibiótico, fazer peeling, clareadores e outras intervenções estéticas, além de evitar que façam procedimentos como botox, microagulhamento e laser", ressalta Hoffmann.

Como tatuagens são procedimentos de microagulhamento com pigmentos na pele, a gestante deve ficar atenta, pois é preciso que a pele esteja íntegra, sem infecções e doenças como psoríase, alergias, vitiligo, lupos e outras.

Por fim, os cuidados gerais com tatuagens devem ser tomados para evitar infecções, vírus como Hepatite B, C e HIV, por meio da utilização de agulhas, caso o material não esteja devidamente esterilizado.

Cuidados extras

Devido às alterações hormonais, especialmente na gestante, a pele sofre algumas transformações e existe o risco de formar estrias, alterações na pigmentação e falhas na tinta, modificando a estética da tatuagem.

Grávidas também não podem fazer procedimentos capilares como progressiva e tinturas. Deve-se esperar após o parto e o pós-parto para realização de tais procedimentos. Por fim, a gestação é um momento de extremo cuidado para preservação do binômio materno-fetal.

"É importante realizar as consultas de pré-natal de maneira adequada seguindo as orientações de seu obstetra. Realizar as vacinas preconizadas pelo Ministério da Saúde, hepatite B, dTpa, gripe e atualmente a da covid-19, realizar rastreios para diabetes gestacional e streptococo do grupo B. Em casos de dúvida acerca da gestação, procure sempre seu médico obstetra e tenha uma gestação segura e saudável", finaliza Borges.

E, afinal, quem era a 'grávida' tatuada'?

A pegadinha que levantou toda uma discussão sobre se gestantes podem ou não tatuar, na realidade, tinha uma razão de ser, já que fazia parte da divulgação de um projeto social que visa desenvolver novos tatuadores entre pessoas de baixa renda, o Projeto Tatuísta.

"Peguei vocês. Não pode tatuar gestante, gente! Mas sabe o que vocês não sabem? Sou responsável por um projeto com impacto social, no qual fabrico materiais de tatuagem para iniciante que acompanham curso gratuito, vendo os materiais por um baixo custo para pessoas de baixa renda", disse em seu perfil nas redes sociais.

O conteúdo publicado em 17 de agosto conta, até o momento, com mais de 29 mil curtidas. O autor da postagem diz ainda que a mulher "estufou a barriga" para a foto e não revelou a identidade dela.

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