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Seu amor não é de quenga: ela trabalha com sexo e prefere não se relacionar

Pabllo Vittar no clipe "Amor de Q" Imagem: Pabllo Vittar (Foto: reprodução/ Instagram)

Luiza Souto

De Universa

20/01/2020 04h00

No clipe de "Amor de Que", a cantora Pabllo Vittar tem que explicar às dezenas de homens aos seus pés que está na flor da idade e, por isso, não quer se prender a um único relacionamento. "O meu amor é amor de quenga", resume ela a cada passa-fora.

A história narrada pela letra não é tão distante das vividas pelas prostitutas no dia a dia. Mas os motivos para não se prender a uma relação podem ser bem diferentes.

Camila*, de 21 anos, é de São Paulo e trabalha com prostituição desde os 18. E também se desvencilha diariamente das promessas de "uma vida melhor", como os pretendentes costumam falar. Mas não é porque tem tanto homem bonito na cidade, não.

"Eu tenho família, uma filha de três anos. Pra mim, não dá", ela justifica.

Separada do pai de sua filha aos 18 anos, logo após o nascimento da menina, diz que tentou emprego em diversos ramos, incluindo o de beleza. Passou a atender como cabeleireira na casa de algumas clientes que conseguiu, mas o que ganhava não pagava as contas. Por necessidade, viu no ramo da prostituição a possibilidade de garantir o sustento dela e da criança, e ainda de terminar de construir uma casa para as duas, na região de Osasco (SP). Ela até já namorou durante esse período. Duas vezes. Mas sem sucesso.

"Já me falaram que não podia me apaixonar ou ter família enquanto estiver no ramo. E, para mim, realmente, não deu. Há muito preconceito, inclusive de mulheres, por causa dos olhares. Dão a entender que não merecemos ter família, nada", diz Camila.

"Por isso, o primeiro namorado que tive depois de começar a trabalhar com sexo nem soube das minhas atividades. Para o segundo, eu abri o jogo, e brigávamos demais por causa disso, porque tinha ciúme, pelo horário que eu saía de casa. Então terminei e resolvi focar na minha filha e na nossa casa, e agora não dou muita abertura para quem vem com outras intenções, sendo cliente ou não."

Mas as propostas de uma outra vida, longe da prostituição, seguem chegando diariamente.

"Eles vêm sempre com a mesma conversa sobre estabilidade. Prometem o mundo, falam que vão me bancar se eu sair dessa vida. Mas eu não acredito. Já vi, inclusive, mulher que aceitou e o homem mal a deixava sair de casa", diz.

Descrente das promessas e sem querer investir no tal amor de quenga, o foco de Camila hoje é outro. "Vou trabalhar no ramo até finalizar a minha casa. Aí, sim, saio dessa vida e fecho essa porta."

*O nome foi trocado a pedido da entrevistada.

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