Topo

Em 71 países ser gay é crime; homossexuais podem até ser condenados à morte

Homem é chicoteado publicamente na Indonésia por ser gay. 70 países do mundo ainda consideram homossexualidade crime Imagem: Reuters

Camila Brandalise

Da Universa

22/04/2019 04h00

Um estudo divulgado no fim de março pela ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais) analisou a legislação de 193 países e mostrou que, em 70 deles, a prática homossexual é crime. E, em alguns casos, pode levar à pena de morte, até por apedrejamento público. No dia 3 de abril, outro país entrou para essa lista: Brunei, somando, então, 71.

Há também nações que punem com prisão perpétua, chicotadas e detenção com penas variadas. Dos 70 lugares analisados no levantamento, em 26 é crime somente se os atos forem praticados entre homens. Nos outros 44, vale tanto para homens quanto para mulheres.

"Desafiar normas de gênero é visto como uma ameaça à família, ao Estado e à sociedade em geral", diz o levantamento. A pesquisa aponta que, nos países em que a homofobia é chancelada pela legislação, são usados argumentos como o de "proteger a família tradicional", impedir o avanço da "ideologia de gênero" e promover a liberdade religiosa.

Veja os tipos de punição e em quais países são aplicados:

Apedrejamento até a morte

Irã, Arábia Saudita, Iêmen, Nigéria, Sudão, Somália e Brunei impõem a pena de morte para pessoas que praticarem sexo com alguém do mesmo gênero. Geralmente, por apedrejamento.

No Iêmen, a pena capital é dada para homens casados. Se solteiro, é chicoteado ou preso por até um ano. Mulheres são presas por até sete anos. As regras fazem parte do código penal do país.

Irã e Arábia Saudita usam a xária, nome dado às leis criadas dentro da religião islâmica, e também condenam com apedrejamento. Brunei é o mais recente da lista: instaurou a regra no último dia 3 de abril, também seguindo a xária.

Na Mauritânia, nos Emirados Árabes Unidos, no Qatar, no Paquistão e no Afeganistão, a pena de morte é uma possibilidade de punição.

Prisão perpétua e exames anais

Uganda, Zâmbia, Barbados, Guiana, Bangladesh, Tanzânia e Qatar punem a homossexualidade com prisão perpétua. No Qatar, a pena vale apenas para os homens. Nos outros países, para os dois gêneros.

A lei desses países considera como crime o "ato sexual contra a ordem da natureza" e a "sodomia", que é usada como sinônimo para relação homossexual.

Na Tanzânia, o próprio governo estimula publicamente que os cidadãos denunciem gays para que eles sejam punidos. Em novembro passado, o comissário regional Paul Makonda pediu para que o povo enviasse mensagens "dedurando" gays.

Um dia depois do anúncio, disseram ter recebido mais de 100 denúncias. Também em novembro de 2018, a ONU (Organização das Nações Unidas) revelou que dez homens foram presos na ilha de Zanzibar e submetidos a exames anais para que fossem provadas relações homossexuais e, assim, fossem punidos.

Penas de 3 meses a 20 anos de prisão e chicotadas em público

Nos outros 57 países, as penas variam de 3 meses a 20 anos de prisão. A maior punição é dada na Malásia, onde a lei vale para homens e mulheres. E vai mais longe: a caça aos gays é divulgada até no jornal.

Em fevereiro de 2018, o jornal Sinar Harian, o de maior tiragem do país, publicou um artigo com um guia para identificar homossexuais e denunciá-los. Entre as dicas, dizia que gays gostam de "exibir o abdômen" e "vestir roupas justas e de grife".

Há países em que apenas há condenação em algumas províncias, como na Indonésia, onde duas das 33 condenam atos homossexuais, com punição de 100 chicotadas ou oito anos de prisão.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Em 71 países ser gay é crime; homossexuais podem até ser condenados à morte - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


LGBTQIA+