"Feminejas" revelam preconceito e machismo que enfrentam no meio musical
do UOL, em São Paulo
02/11/2017 16h13
Elas são algumas das principais forças — e cifras — da música sertaneja hoje. Mesmo assim, experimentaram — e experimentam! — resistência para serem aceitas no meio. Foi o que revelaram as cantoras Maiara, Maraísa, Simone, Simaria e Marília Mendonça à revista "Claudia" de novembro.
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"Ouvíamos que mulher não faz sucesso porque menstrua. Davam a desculpa de que o público não se identificaria com as nossas canções, que falam de bebida e balada”, contou Maiara. “Eu sempre rebati: ‘Engraçado, com os homens é diferente, né?’.” De acordo com a dupla, elas perderam muitas oportunidades de trabalho por preconceito.
A cantora ainda lembrou que a solução que encontrou para ingressar no mercado que as rejeitava foi compor, temporariamente, para duplas masculinas. "A arte é um reflexo da sociedade, e as mulheres já estavam ocupando todos os espaços. O sertanejo precisou entender isso”, disse.
Simaria, da dupla com Simone, faz coro. Ela acha que o sucesso do feminejo está ligado diretamente ao crescimento do debate sobre o poder feminino em todas as esferas da sociedade. "Antigamente a mulher era obrigada a ficar casada com um homem mesmo sendo infeliz. Agora tem seu dinheiro, independência e quer ouvir algo que reflita isso”.
Já Marília Mendonça, conhecida como rainha da sofrência, invadiu outros territórios: ela é a prova de que a mulher pode falar e cantar a traição e as tristezas do amor. 'Cheguei para o meu empresário, envergonhada, com uma música polêmica, que falava sobre ser amante. ‘Essa é a sacada. Continua nesse caminho’, ele me disse quando eu acabei de cantar", contou à publicação.