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"Não há nada novo na moda", diz Iris Apfel, ícone de estilo aos 92 anos

A decoradora Iris Apfel, 92, durante evento em São Paulo (18/09/2013) Imagem: Divulgação

Fernanda Schimidt e Julia Guglielmetti

Do UOL, em São Paulo

18/09/2013 21h55

A decoradora norte-americana Iris Apfel é sinônimo de irreverência e individualidade, uma espécie de oráculo do estilo pessoal, cultuada nos círculos internacionais da moda, que veio trazer sua experiência e anedotas pela primeira vez ao Brasil, em evento organizado pela Swarovski em São Paulo na manhã desta quarta-feira (18).

Ao bater o olho naquela figura excêntrica, que chegou ao shopping JK com o auxílio de uma cadeira de rodas, é difícil distinguir onde termina uma pulseira e a outra começa, o que é casaco ou colar. O espírito “tudo ao mesmo tempo agora”, no entanto, tem regras. Os brincos grandes, por exemplo, não têm vez. Eles brigariam com seus óculos, redondos e de aros grossos, imensos para o rosto miúdo.

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Aos 92 anos, Iris acompanhou o nascer das tendências e sua posterior decadência, temporada após temporada. “Nunca há nada novo na moda. As coisas acontecem em ciclos”, disse ela. Iris, como sua imagem anuncia, condena a rapidez com que a moda vai e vem hoje em dia. “Cada um deveria conhecer seu estilo próprio. Não acho que seja uma boa ideia usar todas as tendências e mudar de estilo a cada dois minutos”, falou.

De tempos em tempos, contou, aparecem propostas que a interessam. “Mas sempre procuro pelo mais bizarro”, completou. Seu olhar é mais focado em arte do que na moda propriamente dita. Seu guarda-roupa não liga para as grifes de luxo, apesar de ter Ralph Rucci como um de seus favoritos, e prioriza as peças mais simples, sem muitos detalhes. “Assim, posso eu mesma complementar com acessórios”, contou. No dia a dia, vive em calças jeans.

Questionada se a excentricidade poderia transformar o individualismo em um personagem, aprisionando seu criador, Iris foi enfática: “ser um personagem é ser quem você é, ser honesto com quem você é, não um prisioneiro”.

A senhora Apfel está sempre pronta a dar conselhos aos mais jovens, partindo do posto de quem tem muito a ensinar. “Abram os seus mundos e a sua mente. Sejam curiosos. Não olhem, mas enxerguem; não ouçam, mas escutem”, falou.

Iris não esconde a idade ou tem problemas com as rugas, ainda que lamente não poder mais usar blusas sem manga. “Não me importo de envelhecer. A alternativa é que não me parece muito agradável”, disse. Sua vitalidade, segundo ela, não tem segredos: “alimento-me direito, nunca como tranqueira e parei de fumar há 50 anos”.

Décadas de história

“Fui uma das primeiras mulheres dos Estados Unidos a ter uma calça jeans”, recordou. Quando estudava arte na Universidade de Wisconsin, nos anos 1940, Iris encasquetou que gostaria de combinar um jeans com uma camisa branca e um grande brinco laranja que tinha. Apenas uma loja vendia as calças, mas eram apenas modelos masculinos, muito grandes para ela. “Eu vivia indo lá e pedia para que fizesse um tamanho menor. Enlouqueci o pobre homem, porque continuava voltando, voltando e voltando, até que um dia ele me ligou e disse ‘encontrei algo para você’”, disse. Era uma calça masculina, mas juvenil. “Sempre preferir os cortes masculinos aos femininos”, afirmou.

Como decoradora, participou de projetos de restauração da Casa Branca  para diferentes presidentes, democratas e republicanos. “[Pat] Nixon foi a mais interessante das primeiras-damas. A coitadinha não entendia nada de design, mas deixamos que ela brincasse”, contou Iris, relembrando as escolhas erradas de tecidos feitas pela mulher do 36º presidente norte-americano.

Em 2004, Iris foi convidada pelo museu Metropolitan, de Nova York, a emprestar algumas de suas roupas e acessórios para uma exposição. O que seria uma mostra pequena de seu acervo acabou tomando todo o Costume Institute, área do MET destinada à moda, com 85 looks repletos de acessórios. “Eles estavam um pouco nervosos, porque era a primeira vez que o MET fazia uma exposição de apenas uma mulher”, disse. Segundo ela, na época, uma pessoa que não trabalhava com moda só teria uma exposição no museu após a sua morte. “Eles decidiram acabar com isso”, falou.

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