Até a década de 1980, computação era coisa de mulher. Com o crescimento do mercado e a valorização do profissional da área - valorização que se traduz, principalmente, em melhores salários -, elas foram sendo deixadas para trás. Hoje, apenas 20% das vagas de tecnologia são preenchidas por mulheres no mundo todo.
E a tendência é piorar. "Dados do Fórum Econômico Mundial mostram que, para cada vaga gerada pela indústria 4.0, as mulheres vão perder cinco postos de trabalho", destaca a jornalista e programadora Iana Chan, 30, criadora da startup social PrograMaria.
O que faz com que elas, tão importantes no desenvolvimento de tecnologias como a internet e o wi-fi, fiquem afastadas da revolução que ajudaram a fomentar? "Existe uma barreira invisível, construída desde criança, que mantém as meninas longe da tecnologia, da engenharia e da matemática", diz Iana. "Elas não são incentivadas a seguir carreira na tecnologia, e, quando têm interesse, encontram um ambiente hostil, cheio de microviolências, e desistem".
A própria Iana, que aprendeu adolescente a programar sozinha, na hora de escolher uma carreira optou pela área de humanas. "Lembro de ter pegado o manual de profissões e de ter passado batido por matemática, estatística, computação, achava que não tinha nada a ver comigo. Acabei indo pro jornalismo. Mas sempre trabalhei na carreira como jornalista em lugares que tinham alguma coisa de tecnologia, ou em portais, ou em projetos especiais de tecnologia, justamente porque falava essa língua, e porque conseguia me comunicar com a TI."
Em 2015, trabalhando em uma empresa de tecnologia, rodeada por homens e incomodada com o ambiente refratário, decidiu começar um clube de programação. Era também uma forma de ajudar amigas que precisavam se atualizar ou mesmo tentar uma nova carreira.