"Não sou Mulher-Maravilha"

Num ramo masculino, da logística, CEO da UPS, eleita entre 9 homens, instrumentaliza a sensibilidade feminina

Dinalva Fernandes Colaboração para Universa
Carine Wallauer/Universa

“Aos sábados, me contatam se um voo atrasar 15 minutos; mesmo que isso não gere nenhum problema para a empresa”, diz Nadir Moreno, CEO da UPS no Brasil, a maior empresa de logística americana. Isso a incomoda? “Claro que não”. Com 26 anos de casa, passados por quase todos as áreas dela – algo que Nadir considera fundamental para ter chegado à presidência – essa paranaense de 49 anos, casada e sem filhos, acredita que estar conectada à empresa “24 por 7” é função inerente ao cargo. E ela gosta disso.

Nadir administra 3 mil funcionários. Começou no atendimento ao cliente – “nem sabia o que era courier, na época”, passou pelo despacho aduaneiro, “o coração” de uma empresa de importação e exportação”, financeiro, jurídico e fez Direito para ajudar a estabelecer a empresa no Brasil. Por esses motivos e mais os que você lerá nesta entrevista (spoiler: fazer massagem a uma da manhã está entre eles), Nadir virou a presidente, num processo seletivo em que concorreu com nove homens.

Quais erros cometeu como chefe? E o que aprendeu com eles?
Meu principal erro pode ter sido ser pouco agressiva na tomada de decisões.

Medo de errar ou arriscar às vezes acarreta em resultados piores.
Na sua área, quais as vantagens que uma chefe mulher leva?
Nós somos mais sensitivas, detalhistas e temos habilidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Na minha área, logística, essas habilidades são importantes porque exige, simultaneamente, capacidade de identificar necessidades, mapear setores com potencial para o negócio, monitorar comportamentos e, claro, focar na operação. 

Com quem uma chefe mulher normalmente pode contar dentro da empresa?
Desde que virei presidente, a porcentagem de mulheres subiu para 40%. E isso não foi imposto, aconteceu naturalmente. Devo ter atraído ou inspirado outras mulheres. E acho que posso contar com muitas delas porque somos capazes de nos colocar no papel da outra em assuntos do universo feminino.

Carine Wallaeur

Na sua experiência, mostrar fraquezas ajuda ou atrapalha?
Minha característica principal é ser forte, mas já chorei algumas vezes.

Mostrar que estou aflita ou preocupada faz com que eu conquiste confiança.
Qual a sua estratégia para cuidar do casamento, ter hobbies e estudar?
Cabelo, manicure e massagem me ajudam a equilibrar a mente. Só que os horários são malucos, tipo uma da manhã. Não marco hora, por isso, busco profissionais com agendas flexíveis. Com a minha família é diferente. Planejo tudo. Tenho sete irmãos e 12 sobrinhos, então, priorizo e vou aos eventos que são mais sensíveis para eles.

Roberto Setton

Quais foram os seus principais feitos como chefe?
Apesar da crise econômica, olhei para outras oportunidades de crescimento. Há pouco tempo, implementei um plano de expansão, com a abertura de uma instalação de 15,5 mil metros quadrados em Cajamar, para todo o Estado de São Paulo. Ela entrega e armazena produtos de alta tecnologia e de saúde. Gerencio 3 mil funcionários, opero em 13 aeroportos, 18 portos e em alfândegas de cerca de 20 cidades.

Não sofri preconceito por ser mulher. Cresci dentro da empresa, tive oportunidades e me considero privilegiada. 

Você já enfrentou preconceito por ser mulher?
Não. Cresci dentro da empresa, tive oportunidades e me considero privilegiada. Na época do processo seletivo para presidente, por exemplo, eu era a única mulher e conquistei a posição.

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