Qual a sua estratégia para cuidar bem dos filhos, ter hobbies, namorar e estudar?
Aceito que é tudo bem deixar trabalho para amanhã. Além disso, comecei a jogar tênis. É uma delícia, porque é o momento em que não olho para o celular. Saio pra beber vinho e dar risada com as amigas. Os problemas são muito parecidos no escritório e em casa, e eles ficam mais leves quando divididos. Hoje, tenho mais equilíbrio na vida. Mas, antes, cheguei a planejar meus filhos de acordo com o trabalho. O meu segundo nasceria bem depois da coleção da Versace, mas nasceu só um mês antes porque, com os preparativos, vieram as contrações. Fiz reuniões no hospital, tomando soro na veia.
Enfrentou preconceito por ser mulher ou neta do fundador?
Nunca enfrentei e entendo meus privilégios. Acredito que o fato de 68% da liderança da empresa ser feminina e 90% dos ingressos no programa de trainee serem mulheres me ajudam a não me sentir diminuída. No que diz respeito ao meu avô, foi mais complicado. Quando o encontrava no corredor, desviava. Não queria que soubessem que era sua neta e me tratassem diferente, mas é óbvio que descobriram.
Quando virei trainee, pensava que não era tão competente quanto meus colegas, já que eles haviam passado por um processo seletivo e eu, apenas colocada ali. Porém, quando ganhei três prêmios por excelência, me senti à vontade e minha carreira deslanchou.