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Telescópio James Webb capta imagens de 19 galáxias com resolução inédita

Telescópio James Webb capta imagens de 19 galáxias em forma de espiral; na foto, a NGC0628, a 32 milhões de anos-luz da Terra Imagem: 29.jan.2024-NASA/ESA/CSA/STScI/Janice Lee (STScI)/Thomas Williams (Oxford)/PHANGS team

31/01/2024 08h52

Imagens capturadas pelo telescópio espacial James Webb e divulgadas na segunda-feira, 29, mostram com detalhes inéditos 19 galáxias espirais relativamente próximas da Via Láctea, onde está o planeta Terra.

As imagens foram divulgadas por uma equipe de cientistas envolvida no projeto Física em Alta Resolução Angular em Galáxias Próximas (Phangs, na sigla em inglês), que reúne cerca de 150 observatórios astronômicos pelo mundo, e devem permitir estudos avançados sobre a formação das estrelas e a estrutura e a evolução das galáxias, segundo cientistas.

O James Webb foi desenvolvido pela Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) em parceria com a agência espacial europeia e a agência espacial canadense, e foi lançado em 2021 de uma base na Guiana Francesa.

As galáxias são identificadas por códigos. A mais próxima, dentre essas 19 retratadas, é a NGC5068, situada a cerca de 15 milhões de anos-luz da Terra. A mais distante delas é a NGC1365, a aproximadamente 60 milhões de anos-luz. Um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros, distância que a luz percorre ao longo de um ano.

"As novas imagens de Webb são extraordinárias", disse Janice Lee, cientista de projetos para iniciativas estratégicas no Space Telescope Science Institute, em Baltimore. "Eles são alucinantes mesmo para pesquisadores que estudam essas mesmas galáxias há décadas. Filamentos são retratados nas menores escalas já observadas e contam uma história sobre o ciclo de formação estelar."

A NIRCam (câmera quase infravermelha) do telescópio capturou imagens de milhões de estrelas, que brilham em tons de azul. Algumas estão espalhadas pelos braços espirais, outras estão agrupadas em aglomerados de estrelas.

Os dados do Instrumento de Infravermelho Médio do telescópio destacam poeira brilhante, mostrando onde ela existe ao redor e entre as estrelas. Também destaca estrelas que ainda não se formaram completamente - estão envoltas no gás e na poeira que alimentam o seu crescimento.

"É aqui que podemos encontrar as estrelas mais novas e mais massivas das galáxias", disse Erik Rosolowsky, professor de física na Universidade de Alberta, em Edmonton, Canadá.

Outra coisa que surpreendeu os astrônomos foram as grandes conchas esféricas visualizadas em meio ao gás e à poeira. "(Esses espaços) Podem ter sido criados por uma ou mais estrelas que explodiram, abrindo buracos gigantes no material interestelar", afirmou Adam Leroy, professor de astronomia na Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.

Nos espirais existem grandes regiões com gás, que aparecem em vermelho e laranja. "Essas estruturas tendem a seguir o mesmo padrão em certas partes das galáxias", acrescentou Rosolowsky. "Pensamos nelas como ondas, e o seu espaçamento nos diz muito sobre como uma galáxia distribui o seu gás e poeira." O estudo destas estruturas deve fornecer informações importantes sobre como as galáxias constroem, mantêm e interrompem a formação de estrelas.

Segundo os cientistas, as imagens indicam que as galáxias crescem de dentro para fora - a formação estelar começa nos núcleos das galáxias e espalha-se ao longo dos seus braços. Quanto mais longe uma estrela estiver do núcleo da galáxia, maior será a probabilidade de ela ser mais jovem. Em contraste, as áreas próximas dos núcleos, que parecem iluminadas por um holofote azul, são compostas por estrelas mais antigas.

Já os núcleos das galáxias parecem inundados de picos de difração rosa e vermelhos. "Este é um sinal claro de que pode existir um buraco negro supermassivo ativo", disse Eva Schinnerer, cientista do Instituto Max Planck de Astronomia, em Heidelberg, na Alemanha. "Ou os aglomerados de estrelas em direção ao centro são tão brilhantes que saturaram aquela área da imagem."

O número sem precedentes de estrelas mostradas pelo telescópio Webb vai permitir muitos estudos, inclusive a catalogação delas. "As estrelas podem viver durante milhares de milhões ou bilhões de anos", disse Leroy. "Ao catalogar com precisão todos os tipos de estrelas, podemos construir uma visão holística e mais confiável dos seus ciclos de vida."

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