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Próteses robóticas e implantes cerebrais auxiliam pessoas com deficiência

27/12/2016 14h37

Carmen Rodríguez.

Redação Central, 27 dez (EFE).- Novas prótese robóticas de alta sofisticação, implantes cerebrais e impressão de tecidos em 3D marcaram um ano em que a ciência avançou para facilitar a vida das pessoas com deficiência.

O desenvolvimento de novas próteses robóticas experimentais, em alguns casos controladas pelo cérebro, estão permitindo que pessoas com membros amputados possam recuperar, de certa forma, o sentido do tato.

Cientistas americanos das universidades de Case Western e Chicago desenvolveram uma prótese que transmite a sensação de tato para determinar a pressão que tem que ser aplicada sobre um objeto e a testaram com dois pacientes que têm mão amputada.

Os engenheiros e cientistas recriaram com impulsos elétricos o modo com o qual o sistema nervoso interpreta a percepção tátil. Uma vez testada, os pacientes destacaram a possibilidade de apertar mãos, fazer carícias e conduzir objetos.

"Braços e pernas artificiais que podem ser controlados pelos pensamentos são uma grande promessa", segundo o diretor da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada para a Defesa (Darpa, na sigla em inglês), Justin Sánchez.

A Darpa apresentou em setembro uma prótese robótica conectada diretamente ao cérebro de um paciente com as mãos amputadas, que durante os testes garantiu que sentia como se estivessem tocando sua própria mão.

Um chip implantado no cérebro foi também a maneira com que um jovem tetraplégico conseguiu recuperar a mobilidade nos dedos e a mão.

As pesquisas com sensores que captam a atividade neural tinham permitido até agora a transmissão de sinais cerebrais a braços articulados externos, mas é a primeira vez que se restaura a mobilidade nos membros de um paciente com paralisia.

Ao longo do ano várias foram as revistas científicas e médicas que publicaram estudos sobre o implante de chips no cérebro para tentar recuperar o tato e a mobilidade, seja através de um braço robótico ou com a própria extremidade do paciente.

Um desses estudos da Universidade John Hopkins mostrou a experiência de um jovem com um implante cerebral para controlar uma prótese robótica, que lhe permitiu perceber "uma sensação natural".

"O estímulo das áreas do cérebro é certo e as sensações são estáveis por meses, embora seja preciso ainda muita pesquisa para entender melhor os padrões de estímulo para ajudar os pacientes tornarem seus movimentos melhores", explicou um dos autores do estudo Andrew Schwartz.

Todas estas técnicas ainda precisam de mais pesquisa como a realizada por Hugh Herr, que perdeu as pernas há quase duas décadas e neste ano foi reconhecido com o Prêmio Princesa das Astúrias de Pesquisa Científica e Técnica por sua contribuição ao desenvolvimento e projeto de extremidades biônicas e próteses robóticas.

O "homem biônico", cujas próteses nas pernas movidas por três computadores e 12 sensores lhe proporcionam absoluta liberdade de movimentos, garante que em 50 anos "o corpo sintético será dominante em relação a extremidades" e será normal ver membros artificiais.

Um dos últimos avanços deste ano é um exoesqueleto para a mão controlado pelo cérebro que permite a pessoas paraplégicas usar talheres e copos sem ajuda, além de não terem de se submeter a uma cirurgia para implantar o mecanismo no cérebro.

Outra técnica com resultados promissores, mas usada até agora apenas em animais é a implantação de estruturas de tecido vivo fabricadas com uma sofisticada impressora 3D.

Um estudo publicado na revista "Nature" descreveu este possível avanço para a medicina regenerativa, obra do americano Wake Forest Baptist Medical Center, e que sugere que essas estruturas poderiam ser implantadas no futuro em pessoas.

Os especialistas imprimiram estruturas cartilaginosas, ósseas e musculares "estáveis", e após implantá-las em roedores, elas amadureceram até se transformarem em tecido funcional, ao mesmo tempo em que desenvolveram um sistema de vasos sanguíneos.

A bioimpressora em 3D seria capaz de fabricar tecido estável em escala humana de qualquer forma e tamanho com uma precisão que em um futuro próximo pode ser replicada fielmente em tecidos e órgãos mais complexos do corpo humano, disseram os autores do estudo.

Até agora, foi possível fabricar uma orelha de um tamanho apto para bebês, capaz de apresentar sinais de vascularização um e dois meses após ser implantada.