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Al Gore: Donald Trump é uma catástrofe climática

28/07/2017 21h44

Los Angeles, 29 Jul 2017 (AFP) - Ele chegou a dar a Donald Trump o benefício da dúvida, mas agora a simples menção do nome do presidente dos Estados Unidos faz Al Gore não esconder seu incômodo.

"Ele é uma catástrofe, é claro, mas ele efetivamente se isolou", diz o ex-vice-presidente dos Estados Unidos.

Uma década depois do seu documentário "Uma Verdade Inconveniente" repercutir como ondas de choque ao redor do mundo com suas advertências de um desastre ambiental, Al Gore está fazendo o alarme soar novamente sobre as mudanças climáticas.

"Uma Sequência Inconveniente", lançado pela Paramount na sexta-feira, teve sua estreia mundial no Festival Sundance de Cinema um dia antes da posse de Trump, em 20 de janeiro.

Desde então, o novo presidente colocou um ex-CEO da gigante do petróleo ExxonMobil para representar os Estados Unidos no cenário mundial e nomeou um litigante anti-clima para administrar a Agência de Proteção Ambiental (EPA).

Ele afrouxou as restrições sobre as usinas de energia a carvão e as emissões dos veículos, cortou o financiamento da EPA e reverteu o plano de energia limpa de seu antecessor Barack Obama.

Então, anunciou a retirada do acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, assinado por 196 países.

"Nós vamos cumprir os compromissos dos Estados Unidos independentemente do que Donald Trump diz", disse Gore, de 69 anos, à AFP durante uma entrevista em Beverly Hills para promover seu filme.

"Há uma lei da física que às vezes funciona na política: para cada ação há uma reação oposta e de igual intensidade", afirmou.

"Agora há uma insurreição progressiva para se organizar de uma forma que eu não via desde a Guerra do Vietnã", acrescentou.

Em uma das cenas mais intrigantes no final de "Uma Sequência Inconveniente", Gore vai a uma reunião com o então presidente eleito na Trump Tower, em Nova York.

Na época, Gore expressou um otimismo cauteloso de que o movimento ambiental talvez pudesse fazer negócios com o novo presidente, mas desde então ele abandonou a esperança.

"Não vou desperdiçar mais tempo tentando convencê-lo, porque ele se cercou de uma galeria de criminosos céticos do clima", diz Gore.

Apesar das preocupações com o potencial dano ambiental de uma administração Trump, a sequência tem uma mensagem mais esperançosa do que o seu antecessor.

"Houve duas grandes mudanças desde o último filme. Primeiro, os eventos climáticos extremos relacionados ao clima se tornaram muito mais numerosos e mais destrutivos (...) em todo o mundo", disse Gore à AFP.

"Em segundo lugar, nós temos as soluções agora. Essa é uma mensagem esperançosa da qual as pessoas precisam estar mais conscientes".

"O fato de que essas tecnologias de energia renovável, baterias em carros elétricos e tantos outros tenham ficado mais baratos com uma velocidade tão vertiginosa, é verdadeiramente um milagre", apontou.

Gore se tornou vice-presidente do governo de Bill Clinton durante um dos maiores 'booms' econômicos do país.

Em 2000, perdeu a eleição presidencial para George W. Bush, e se reinventou como guru das mudanças climáticas, ganhando o Prêmio Nobel da Paz em 2007.

Gore descreve-se como um "político em recuperação", no entanto, e diz que não tem planos de um retorno nas eleições presidenciais de 2020.

"Quanto mais eu sigo sem uma recaída, menos provável isso se torna", diz à AFP.