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Perseguição espacial: nave pode alcançar o misterioso Oumuamua até 2054

Oumuamua Imagem: ESO

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

24/01/2022 11h52

É possível alcançar o misterioso objeto espacial Oumuamua em "apenas" 22 a 26 anos — desde que uma nave seja lançada em 2028. O Projeto Lyra, do instituto britânico Initiative for Interstellar Studies (i4is), propõe uma viagem com um "empurrão" da gravidade de Júpiter para alcançar máxima velocidade.

Mas o que é o Oumuamua? Bom... nem os astrônomos sabem ao certo. O único jeito de descobrir é voando até lá. Desde que foi detectado pela primeira vez, em 2017, o objeto espacial intriga a comunidade científica. Não apenas por ser o primeiro interestelar a passar por nossa vizinhança, mas por seu estranho formato alongado.

Ele se move muito rápido, acelerando, para ser um asteroide; não deixa trilha de detritos, então não pode ser um cometa, e tem brilho variável. A única coisa que conseguimos afirmar é que veio de fora do Sistema Solar. Mas, como já está muito longe do alcance de nossos telescópios, os pesquisadores não conseguiram mais estudá-lo.

Há diversas teorias sobre o que poderia ser: um fragmento de um planeta de outro sistema, um agregado de poeira cósmica, um iceberg de hidrogênio ou nitrogênio, e até uma nave ou vela solar alienígena. Com o envio de uma sonda até lá, será possível realizar observações diretas e coletar amostras que nos ajudem a desvendar o mistério.

O projeto Lyra

A ideia do Projeto Lyra é utilizar trajetos de impulso e aceleração planetária, para chegar mais rápido ao Oumuamua.

Em uma verdadeira perseguição espacial, os cientistas pretendem lançar uma nave da Terra, que seguirá este itinerário: primeiro, dar duas voltas ao redor de nosso próprio planeta, ganhando impulso para chegar até Vênus, onde repetiria o mesmo processo para ir a Júpiter; lá, executaria a manobra uma última vez, rumo ao Oumuamua.

Imagem: Adam Hibberd et al.

A técnica é do tipo "Gravity Assist" (assistência de gravidade), que é utilizada em missões espaciais desde a década de 1970. Basicamente, são aproveitadas as forças gravitacionais de três corpos celestes para acelerar uma sonda, em direção ao seu alvo final. No caso, é chamado de Jupiter Oberth Manoeuvre (JOM).

Até então, os planos de chegar ao Oumuamua se baseavam no conceito de Solar Oberth Maneuver (SOM): equipada com uma vela solar, a nave iria da Terra até as proximidades do Sol, usando a radiação da estrela para ganhar velocidade. Mas uma manobra assim nunca foi executada, e seria um grande desafio tecnológico, principalmente devido às altíssimas temperaturas — a sonda precisaria de um enorme escudo térmico.

O caminho via um gigante gasoso e sua poderosa gravidade é mais seguro, apesar de um pouco mais lento e com janelas de lançamento limitadas. A i4is recomenda uma missão lançada em fevereiro de 2028, que passaria quatro anos acumulando impulso de gravidade entre os planetas, para chegar ao Oumuamua entre 2050 e 2054.

Um artigo de considerações científicas foi publicado no Research Gate, em estágio de pré-avaliação. O Projeto Lyra também estuda missões para o cometa interestelar 2I/Borisov.

*Com informações do site Futurism

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