Como dois estudantes usaram iPhones falsos para roubar US$ 900 mil da Apple
Resumo da notícia
- Eles enviaram iPhones falsos para a Apple e receberam originais em troca
- Quase 1,5 mil foram trocados sem que a empresa detectasse a fraude
- Eles enviaram os originais à China para revenda e ficaram com parte dos lucros
Um esquema fraudulento levou a Apple a repôr 1.438 iPhones falsos, com um custo de quase US$ 1 milhão
Uma vulnerabilidade nos procedimentos de retorno de celulares cobertos pela garantia custou quase US$ 1 milhão para a Apple.
Dois estudantes chineses que faziam intercâmbio nos EUA foram acusados de participar de um esquema de fraude contra a gigante da tecnologia através de solicitações em massa de troca de celulares pela garantia.
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Segundo a polícia de Oregon, Yangyang Zhou e Quan Jiang, enviaram vários iPhones falsos para a empresa e receberam dispositivos originais em troca - os dois fizeram isso por meses.
De todos os aparelhos que eles enviaram, quase 1,5 mil foram substituídos sem que a empresa detectasse a fraude. A perdas estimadas para a Apple alcançam US$ 895 mil.
A investigação sobre o esquema começou em 2017, mas o caso foi à Justiça em abril deste ano, conforme reportado pela primeira vez pelo jornal americano The Oregonian.
Ambos os jovens estavam nos EUA com vistos de estudante quando a fraude foi realizada.
Como era o esquema?
Um sócio dos jovens em Hong Kong enviava pacotes com 20 ou 30 celulares com as características físicas dos iPhones da Apple, segundo o processo judicial.
Os estudantes então solicitavam à Apple, pessoalmente ou através de nomes e endereços nos EUA, e substituição dos telefones sob os termos de garantia da Apple.
Em quase todos os casos o problema reportado era de que os telefones não ligaram.
A empresa então determinava se o celular era elegível para troca, algo que a Apple normalmente faz nesse tipo de caso.
Quando os dois recebiam os telefones originais, os enviaram para a China para serem revendidos e ficavam com uma parte dos lucros, segundo a denúncia.
Como a Apple não percebeu a fraude?
O representante da Apple Adrian Punderson explicou em depoimento prestado ao CBP (Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, na sigla em inglês) que um técnico da empresa é encarregado de avaliar se um telefone enviado para substituição é genuníno. Se determina que o aparelho é falsificado, a solicitação é negada e o remetente é informado.
No caso de Jiang, mais de 1.5 mil pedidos foram "negados por manipulação" do aparelho.
No entanto, o fato da falha reportada ser de que o telefone não liga acabou permitindo que o esquema tivesse sucesso.
"O envio de um iPhone que não liga foi fundamental para perpetuar a fraude na garantia do iPhone, já que o telefone não pode ser examinado ou reparado imediatamente pelos técnicos da Apple, o que leva ao processo de substituição dos telefones da Apple como parte de sua política de garantia de produto", disse Punderson.
A Apple substituiu 1.493 telefones, a um custo de US$ 600 por unidade, o que representa uma perda total de US$895 mil.
A BBC News solicitou uma entrevista à Apple sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
A denúncia na Justiça ameriana acusa Jiang de tráfico de produtos falsificados e fraude eletrônica, enquanto Zhou enfrenta acusação de ter apresentado documentos falsos de exportação.
Ambos, no entanto, dizem não ter conhecimento de que os telefones eram falsos.
Como o esquema foi descoberto?
Agentes federais do serviço de alfândega e proteção de fronteiras dos EUA, o CBP (Customs and Border Protection), confiscaram em abril de 2017 cinco pacotes enviados de Hong Kong. Eles suspeitavam que os pacotes continham celulares falsificados.
Os importadores eram Yangyang Zhou e Quan Jiang.
O agente Thomas Duffy colheu depoimento de Jiang em 2017 para saber a origem e o destino dos celulares.
Jiang contou sobre sua participação nos pedidos de substituição à Apple, mas negou conhecimento sobre o fato de eles serem falsificados.
"Jiang estima que em 2017 enviou 2 mil telefones à Apple para pedidos de garantia", diz a denúncia do caso à Justiça.
No entanto, seu nome está ligado a cerca de 3 mil pedidos de garantia em que a causa da reclamação era de que o telefone não liga.
Uma inspeção na casa de Jiang no ano passado encontrou 300 iPhones falsos e documentos com os pedidos de garantia enviados à Apple.
Ali também foram encontradas caixas com o nome de Zhou, que estava ligado a três envios feitos a partir da China que incluíam 95 telefones semelhantes ao iPhone. Cerca de 200 pedidos de garantia haviam sido realizados em seu nome.
O caso ainda está em andamento na Justiça americana.
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