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"Ni No Kuni II" mostra como fazer um RPG clássico sem deixar de inovar

Imagem: Reprodução/Ni No Kuni II

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

04/04/2018 04h00

Os fãs mais antigos de RPGs japoneses certamente se lembrarão de games como "Dark Cloud", "Rogue Galaxy" e "Dragon Quest VII", todos lançados para PlayStation 2. Estes jogos compartilham o toque da produtora Level-5, a mesma que, mais de uma década depois, lançou "Ni No Kuni", para DS e, depois, PS3.

Caso você tenha gostado muito do game de PS3, temos um alerta: "Ni No Kuni  II: Revenant  Kingdom" não tem quase nada a ver com o jogo de 2011. Isso, no entanto, não quer dizer que o game para PC e PS4 seja ruim. Na verdade, o jogo passa longe disso.

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Ousadia bem-vinda

Há diversas diferenças entre "Ni no Kuni: Wrath of the White Witch" e "Ni no Kuni II: Revenant Kingdom". A mais notável delas é o sistema de batalha: sai de cena o formato por turnos, nos quais o jogador controlava monstrinhos - o que lembrava um pouco os jogos da série "Pokémon" - e entra um ágil sistema de ação, no qual o jogador controla um personagem da equipe e possui a possibilidade de atacar com golpes fracos, fortes, usar armas de longo alcance ou, ainda, habilidades (que podem ser físicas ou mágicas).

"Ni No Kuni II" tem um modo de gerenciamento onde você precisa tomar conta do reino. Imagem: Reprodução/Ni No Kuni II

Aqui, temos uma referência clara ao estilo de "Dark Cloud" e "Rogue Galaxy": é possível atacar qualquer inimigo a qualquer momento e, uma vez que você não esteja no mapa-múndi do jogo, não há transição entre o momento da exploração e as batalhas em si.

O game quebra convenções do gênero ao tirar o jogador do ciclo "explorar uma masmorra, enfrentar inimigos, derrotar um chefão e ver uma cena bonitinha". Um dos aspectos mais interessantes de "Ni No Kuni  II" é a variedade de situações que se apresentam ao jogador: em determinados momentos você estará preocupado em administrar um reino. Em outros, enfrentará batalhas que lembram vagamente games de estratégia em tempo real.

É uma bela dose de ousadia em um gênero no qual, normalmente, o que manda é a tradição.

Bem variado

A variedade de "Ni No Kuni II" é vista também nos diferentes cenários do game: você explorará florestas, ambientes fechados campos e montanhas, enfrentando inimigos bem distintos.

O game instiga você a explorar áreas escondidas do cenário. É aquele tipo de situação na qual você verá um baú ou, ainda, uma plataforma em um local supostamente inacessível e passará as horas seguintes pensando em como chegar lá. Ainda que não seja um game persistente após ser completado - com modo multiplayer ou algo assim -, esse tipo de situação ajuda os jogadores a terem uma experiência satisfatória.

O design dos personagens e criaturas ficou nas mãos de veteranos de filmes como "A Viagem de Chihiro" Imagem: Reprodução/Ni No Kuni II

O mesmo vale para a história. A trama começa da forma mais inusitada possível para um RPG de fantasia: você acompanha Roland, presidente de uma nação moderna e desenvolvida a caminho de uma reunião importante. No meio do caminho, ele olha da janela do seu carro - que segue um comboio de segurança - e vê um míssel se dirigindo a uma cidade e a consequente explosão atômica.

Após esse incidente, ele acorda - mais jovem, diga-se - em um local desconhecido: o quarto do príncipe Evan, no reino de Ding Dong Dell. Além do susto inicial, há outro problema: um conselheiro da família real organizou um golpe de estado e tanto Roland quanto Evan precisam escapar do castelo.

A partir daí, a meta dos dois é construir um novo reino "onde as pessoas possam ser felizes", segundo o próprio Evan. É aí que entram tanto o modo de gerenciamento de reino, que permite ao jogador construir instalações novas e ganhar mais respeito dos novos súditos, quanto controlar exércitos no modo de estratégia e enfrentar possíveis ameaças.

A história segue um bom ritmo e, mesmo sem personagens extremamente marcantes, prende a atenção do jogador por despertar a curiosidade sobre o que vai acontecer em seguida. Ou seja: é a boa e velha sensação transmitida pelos melhores RPGs japoneses.

Bom de ver

Ao contrário do primeiro game, "Ni No Kuni II" não contou com a participação direta do renomado Studio  Ghibli  na produção visual, mas ex-funcionários do estúdio de animação trabalharam tanto no design de personagens quanto na trilha sonora. O resultado são gráficos bastante coloridos e caprichados, valorizados pela movimentação suave que os 60 quadros de animação por segundo oferecem.

Além dos combates em tempo real, você comanda batalhas estratégicas para proteger o reino. Imagem: Reprodução/Ni No Kuni II

Mesmo com diversas coisas acontecendo na tela, há pouquíssimos momentos nos quais há lentidão. Isso é algo bastante importante em um jogo que leva cerca de 40 horas para ser terminado.

O lado ruim, ao menos para nós brasileiros, é a ausência até mesmo de legendas em português. Quem quiser aproveitar ao máximo o que a história tem a oferecer terá que, invariavelmente, dominar alguma das línguas disponíveis no jogo. Mesmo assim, "Ni No Kuni II" é uma ótima adição para um gênero que frequentemente é colocado como "em crise", mas que insiste em brindar seus fãs com pequenas joias. Se você curte o estilo, pode apostar no game sem a menor sombra de dúvidas.

NOTA: 9

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