Zé Celso x Silvio: por que briga por terreno pode finalmente chegar ao fim

O Parque do Rio Bexiga pode finalmente sair do papel, após mais de 40 anos de briga entre o dramaturgo Zé Celso (1937-2023) e o empresário Silvio Santos.

O que aconteceu

Verba para desapropriação ou compra do terreno ao lado do Teatro Oficina —que é o motivo da briga entre os dois—, em São Paulo, virá de um acordo entre a Uninove e o Ministério Público de SP. A universidade particular vai pagar mais de R$ 1 bilhão após investigação sobre a Máfia dos Fiscais do ISS.

O dinheiro será enviado aos cofres da Prefeitura da capital paulista, que vai priorizar parte do recurso para a negociação da área destinada ao parque. Do total, cerca de R$ 63 milhões são referentes a multa por improbidade administrativa e dano moral coletivo —é dentro dessa fatia que serão priorizados R$ 51 milhões para o projeto.

O Teatro Oficina celebrou o acordo, que abre as portas para um possível desfecho da briga pelo terreno. "Essa é uma vitória da nossa paixão. Da luta coletiva do povo, da cultura, do teatro, da vida humana, vegetal, animal, das águas, do Rio Bexiga, da cosmopolítica contra o massacre da vida", disse, por meio de nota.

Grupo SS respondeu que não vai se pronunciar sobre o assunto. Já a Uninove informou que ficou a cargo do Ministério Público falar a respeito.

Briga por terreno

Zé Celso e Silvio Santos travaram uma briga pelo terreno por 43 anos. O apresentador é o dono da área e, desde o início da década de 1980, pretendia construir um prédio para o Grupo Silvio Santos no local.

O fundador do Teatro Oficina alegava que o edifício prejudicaria as atividades culturais do teatro e, por isso, levou o caso à Justiça. O dramaturgo chegou a chamar o apresentador de "inimigo público" do Oficina.

Silvio e Zé se reuniram em agosto de 2017, na sede do SBT, para tentar um acordo, mas sem sucesso. O Teatro Oficina divulgou o vídeo com imagens da reunião nas redes sociais, o que teria deixado o comunicador incomodado. A insatisfação levou Silvio a tratar o assunto apenas na Justiça.

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O dramaturgo queria concluir o projeto criado por Lina Bo Bardi, que visava construir um parque cultural e público no entorno do teatro. Entre as décadas de 1980 e 1990, a famosa arquiteta comandou uma reforma no interior do teatro.

Como Silvio Santos é dono dos terrenos em volta do local, não era possível desenvolver a obra do parque. No entanto, a partir do tombamento do local em 1981, ele ficou impossibilitado de construir em volta do teatro. O dono do SBT não desistiu e, em 2017, conseguiu reverter na Justiça a decisão do Condephaat.

Zé Celso morreu sem ver uma resolução para o caso. A morte aconteceu no dia 6 de julho, após o diretor não resistir aos ferimentos provocados por um incêndio no apartamento em que morava em São Paulo.

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