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Por que Solano e Lemmertz se opõem a projeto milionário de ricaço no Rio?

Famosos como os atores Mateus Solano e Julia Lemmertz usaram as redes sociais para protestar contra a concessão do Jardim de Alah, área verde na divisa entre os bairros do Leblon, Ipanema e Lagoa, na zona sul do Rio de Janeiro, para a iniciativa privada, em um investimento estimado milionário, que ficará a cargo do empresário Alexandre Accioly.

No último 21 de agosto, a Prefeitura do Rio, sob gerência de Eduardo Paes (PSD), concluiu o processo de licitação para a revitalização do espaço, que declarou o projeto de Accioly como o vencedor. No total, o investimento prevê R$ 85 milhões em obras e manutenção da área verde, mais o pagamento de R$ 18 milhões em outorga para os cofres do município.

Em troca pelo investimento milionário, Accioly poderá explorar comercialmente o espaço a ser revitalizado com a instalação dos mais variados pontos comerciais no espaço. A expectativa é de que a revitalização do Jardim de Alah seja concluída até 2025, com a construção de três pontes que vão interligar os dois lados do canal, além de um estacionamento subterrâneo.

Uma parcela dos moradores da região próxima ao Jardim de Alah se opõem ao projeto apresentado e aprovado pela gestão municipal, não necessariamente por se tratar de uma parceria público-privada, mas pelos detalhes da concessão e, sobretudo, pela duração do contrato de 35 anos.

A atriz Julia Lemmertz criticou publicamente a concessão. Em vídeo publicado nas redes sociais antes mesmo da prefeitura escolher o projeto vencedor, ela disse que o Jardim de Alah é um "espaço verde de respiro" em meio à arquitetura da zonal sul carioca, que "infelizmente foi abandonado pela prefeitura".

Lemmertz destacou que o Jardim é um espaço tombado, que deve ser preservado, não entregá-lo para um projeto que pretende "descaracterizá-lo". "A Prefeitura está agindo de forma ilegal. Fica parecendo que estão fazendo de tudo para tentar convencer vocês de que é tudo ou nada; ou a concessão por 35 anos ou o completo abandono de uma área linda, verde, histórica, tombada e não é assim. Não pode ser tudo ou nada".

@jardimdealahoficial Júlia Lemmertz explicando um pouco mais sobre a situação do Jardim de Alah e a conduta da Prefeitura do Rio de Janeiro #jardimdealah #rj #leblon #ipanema #meioambiente #julialemmertz ? Aesthetic - Tollan Kim

O ator Mateus Solano também usou as redes para se opor à iniciativa. Solano frisou que o Jardim de Alah é uma parte da história e da cultura do Rio "que infelizmente está à venda pela prefeitura". "Quem perde é o carioca. Perde uma área verde que deveria ser preservada pela prefeitura. O Rio precisa proteger sua área verde, o som da natureza. O Jardim de Alah quer ser cuidado, não vendido".

Alexandre Accioly desdenha e faz pouco caso das críticas. Ao jornal Folha de S.Paulo, ele ironizou ao afirmar que aqueles que se opõem à concessão "só usam o Jardim de Alah para levar o cachorro para fazer cocô".

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Eduardo Paes defendeu o empresário. Também à Folha, o prefeito do Rio defendeu os projetos do empresário para o município. Segundo Paes, Accioly é "um carioca até o último fio de cabelo, ousado e apaixonado pelo Rio". O prefeito foi além ao afirmar que a cidade "deve muito" ao empresário, que "é dono de quase tudo nas áreas nobres" da capital fluminense, segundo a Folha.

O Jardim de Alah foi construído na década de 1930. Desde 2001, o espaço é tombado. Pelas regras da licitação vencida por Alexandre Accioly, o projeto de revitalização do espaço deve respeitar as regras de preservação urbanística.

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