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Drag e funkeira, Lia Clark vai estrear no Rock in Rio: 'É inacreditável'

Colaboração para Splash, do Rio

01/09/2022 14h00

Lia Clark é, literalmente, uma das maiores funkeiras do Brasil. Quando se monta, então, a drag queen da Baixada Santista chega fácil a 2 metros de altura. E vai ficar ainda maior semana que vem: no dia 8, ela estará no Rock in Rio, como convidada do músico e produtor TH4I.

No "De Lado com Fefito" desta semana, Lia Clark contou para o colunista do UOL que nunca imaginou, um dia, estar num palco deste tamanho:

Quando comecei a fazer música, jamais pensei que este seria meu trabalho, e quando virou um trabalho jamais pensei que duraria. E já estou aqui há seis anos.

No show, ela e TH4I vão cantar, entre outras músicas, o sucesso que têm em parceria, "Sentadinha Macia". A expectativa, claro, é imensa. "Vai ser minha primeira vez como artista no Rock in Rio, cantando, e ainda por cima com meu amigo TH4I. É inacreditável", disse.

Falei pra minha equipe que só vou acreditar quando sair de cima do palco. Vou cantar, vou viver e só depois vou me dar conta.

'Fiquei na corda bamba: sou um meme? Uma artista?'

De surpresa em surpresa, a vida de Lia Clark mudou muito nos últimos anos. Primeiro, ela deixou a carreira de engenheira de produção quando começou a brilhar, como DJ e drag queen, na noite da Baixada Santista.

Em 2016, ela se tornou a primeira drag queen a fazer sucesso no funk, com seu hit inaugural, "Trava Trava". Que começou como meme:

Eu tocava como DJ em SP. E pensei em fazer um funk. Mas não era nada do tipo 'vou virar uma drag funkeira, vou revolucionar'. Era só uma brincadeira para tocar nos meus sets. Mas viralizou na internet.

Daí para a frente, nada mais foi igual para Lia. Rolou até uma certa crise de identidade:

Eu fiquei nessa corda bamba. Sou um meme? Uma artista? Vai rolar?

Esta dúvida persistiu durante um tempo "dentro de mim, e também para as pessoas, que não entendiam o que ia acontecer". Mas deu certo. "Aí fiz mais músicas, trabalhos de qualidade. clipes bonitos, parcerias?", listou.

'Ia para um motel para me montar antes das festas'

Depois de "Trava Trava", vieram outros hits, como "Vrau", e parcerias de sucesso com artistas como Pocah ("Eu Viciei") e Gloria Groove ("Terremoto"). E Lia Clark passou a ser conhecida como a primeira drag queen a fazer sucesso como funkeira.

O sucesso contrasta com o modo quase secreto de seus primeiros dias como drag queen, em que precisava fazer tudo na "encolha". "Eu jamais poderia me montar em casa! Tinha vergonha", contou.

Para se transformar em Lia Clark, não era fácil:

Eu e um amigo, que hoje em dia é meu produtor, íamos para um motel e a gente se montava pra ir para as festas.

E arrasava. "Era muito legal, tinha o 'boom' da Ru Paul. Quando chegava na balada era bem aceita", lembrou. Ou quase.

Na questão afetiva, não. Eu era só uma atração, a drag de dois metros.

'Estou sempre com a bunda de fora'

Hoje, a vida afetiva está bem resolvida: Lia Clark está namorando. E, por sorte, é uma pessoa compreensiva, já que os shows da artista costumam ser bem quentes. "As pessoas sempre passam a mão. Ele até já se acostumou", disse.

Como eu sou funkeira, estou sempre com a bunda de fora. E as pessoas acham que é de boa passar a mão.

O negócio acontece numa frequência que Lia, de certa forma, relaxou. "Não sei se infelizmente ou não, mas não me sinto ferida. Acostumei", assumiu. Isso não significa que ela fique à vontade com essas situações.

Não curto. Por mais que eu vire a bunda pra plateia no palco, não é pra passar a mão lá.

O De Lado com Fefito vai ao ar toda quinta-feira, às 14h, na home UOL e no canal de Splash no YouTube. Artistas e personalidades da mídia batem um papo com o colunista de Splash que vai de vida e carreira aos momentos de vergonha alheia que todo mundo passa de vez em quando.