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Viúvo e mãe lamentam veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo: 'Que mico'

O dermatologista Thales Bretas e Dea Lúcia criticaram a decisão de Jair Bolsonaro no Instagram - Reprodução/Instagram
O dermatologista Thales Bretas e Dea Lúcia criticaram a decisão de Jair Bolsonaro no Instagram Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

06/04/2022 09h50Atualizada em 06/04/2022 15h18

Thales Bretas, viúvo de Paulo Gustavo, e Dea Lúcia, mãe do comediante, usaram o Instagram para criticar a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) de vetar a lei que leva o nome do humorista e repassaria R$ 3,8 bilhões para ações emergenciais no setor cultural em todo o país.

"Que tristeza ver nosso país tão desarticulado politicamente. Sem saber defender os interesses da cultura e o bem-estar do povo", lamentou o dermatologista. Ele também compartilhou uma postagem que chama Bolsonaro de "inimigo da cultura".

Já Dea Lúcia, mãe de Paulo Gustavo, compartilhou uma montagem do humorista ao lado de Bolsonaro, com um "X" sobre a foto do presidente e os dizeres: "Você será vetado". Na legenda, ela escreveu: "Que mico, hein?"

O que diz a proposta

De acordo com a proposta, estados e municípios que receberem recursos da lei devem se comprometer a fortalecer seus sistemas de cultura existentes ou implantá-los onde não eles não existirem, instituindo conselhos, planos e fundos.

Para custear o repasse de R$ 3,86 bilhões, a proposta autorizava o uso de recursos provenientes do superávit financeiro, ou seja, do excesso de arrecadação, do FNC (Fundo Nacional de Cultura) e outras receitas apontadas pela União. A verba, portanto, não tem relação com recursos da Lei Rouanet, legislação de incentivo à cultura rotineiramente alvo de conteúdos falsos e enganosos, como já mostrou o UOL Confere.

A proposta também alterava a Lei de Responsabilidade Fiscal para permitir que os entes federativos excluam os recursos recebidos da meta de resultado primário. Ao vetar o projeto, o governo alegou que a proposta contrariava o interesse público já que criava uma despesa sujeita ao teto de gastos, regra que limita o crescimento da maior parte das despesas públicas à inflação. O governo, porém, poderia abrir um crédito extraordinário, fora do teto, sob a justificativa de uma ação emergencial.

O texto autoriza a execução dos recursos até 31 de dezembro de 2022 e prevê que o prazo será automaticamente prorrogado pelo mesmo período no qual não foi possível usar o dinheiro, caso haja algum impedimento em razão de ser ano eleitoral.

Ao receber o dinheiro, o beneficiário deverá cumprir com algumas contrapartidas, incluindo obrigatoriamente a realização de exibições gratuitas dos conteúdos selecionados, com acessibilidade de grupos com restrições e direcionamento à rede de ensino da localidade. A maior parte da verba (R$ 2,797 bilhões), vinda da arrecadação da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional), deverá ser aplicada no setor.

Homenagem ao ator Paulo Gustavo

Aprovado no Senado em novembro do ano passado, o projeto seguiu para a Câmara dos Deputados. Lá, sofreu alterações pontuais e, por isso, retornou ao Senado.

A proposta foi batizada como Lei Paulo Gustavo em homenagem ao ator, que morreu de covid-19 em maio de 2021. Durante a votação, senadores fizeram homenagens ao ator. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) referiu-se a Paulo Gustavo como "um dos maiores artistas" que o país já teve.

A Lei Paulo Gustavo é a segunda aprovada no Congresso para auxiliar o setor cultural, cuja receita caiu drasticamente com a chegada da pandemia de covid-19 e a consequente suspensão de atividades culturais, como shows musicais e peças de teatro.

A primeira foi a Lei Aldir Blanc, criada como um auxílio emergencial ao setor cultural e também batizada com o nome de um artista. Nesse caso, um escritor e compositor, também vítima da covid-19.

Caso fosse aprovada a Lei Paulo Gustavo, a União teria de enviar o dinheiro aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios o investimento para que fosse aplicado em iniciativas que visem combater e reduzir os efeitos da pandemia de covid-19 no setor cultural.

Congresso pode derrubar veto

O Congresso pode manter ou derrubar o veto integral do presidente à Lei Paulo Gustavo.

A mensagem de veto foi publicada na edição de hoje do DOU (Diário Oficial da União) e, diante da notícia, parlamentares de oposição já começaram a se mobilizar pela derrubada do veto, chamando o presidente de "inimigo da cultura".

Já o ex-secretário Especial de Cultura Mario Frias, crítico da Lei Paulo Gustavo quando estava no cargo, parabenizou Bolsonaro pelo veto.

Para a rejeição do veto é necessária a maioria absoluta dos votos de deputados e senadores (257 votos na Câmara e 41 votos no Senado).

* Com informações da Agência Senado e Estadão Conteúdo COMUNICAR .