OPINIÃO
Confusa, segunda temporada de 'Desejo Sombrio' só é reconhecível pelo sexo
Renata Nogueira
De Splash, em São Paulo
03/02/2022 04h00
Dramalhão mexicano, "Desejo Sombrio" fez barulho na Netflix por alguns motivos: uma trama com muitas cenas picantes de sexo, um protagonista bonitão (Alejandro Speitzer), uma protagonista já conhecida dos brasileiros (Maite Perroni, a Lupita de "Rebelde") e uma pitada de suspense.
A segunda temporada, que estreou ontem no streaming, também tem tudo isso, mas falta uma conexão com a primeira. Depois de um intervalo de um ano e sete meses entre uma e outra, é natural que os espectadores esqueçam alguns detalhes. E o primeiro episódio não ajuda muito com isso.
Uma cena completamente desconexa abre a nova fase, novos personagens são introduzidos sem muita explicação, e — para confundir ainda mais — cenas teoricamente "reais" são misturadas com sonhos e alucinações, deixando quem assiste até em dúvida se assistiu direito à primeira temporada ou só se distraiu com as cenas calientes.
E são essas mesmas cenas, com os mesmos dois personagens — Dario e Alma — que não nos deixam esquecer que estamos vendo a série certa. A segunda temporada só começa a fazer mais sentido a partir do terceiro episódio (são 15 no total), só que os roteiristas esqueceram que muita gente pode perder a paciência para chegar até lá.
Mais um crime envolvendo uma mulher acontece, todos os personagens parecem suspeitos, e é a partir daí que o recurso mais famoso do suspense, o "quem matou", começa a gerar curiosidade para os próximos episódios.
Em paralelo, Alma descobre mais uma mulher que se envolveu com Dario no passado e começa a se preocupar mais ainda com o caráter do conquistador, ainda que não resista aos seus atributos físicos nem nos sonhos, nem na vida real.
A primeira temporada de "Desejo Sombrio" trouxe uma conclusão interessante e importante para mulheres após a morte de Brenda (Maria Fernanda Yepes) ser desvendada.
Mas a segunda erra ao insistir na romantização de relacionamentos tóxicos, ainda que a terapia esteja entre os artifícios para libertar as vítimas. Um sexo decente não pode justificar cada recaída da protagonista. Para quem conseguir chegar até o final da temporada, vale a reflexão.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL