Lázaro Ramos comemora liberação de estreia para filme: 'Censura nunca mais'
De Splash, em São Paulo
20/12/2021 14h43Atualizada em 20/12/2021 14h43
"Medida Provisória", filme do diretor e ator Lázaro Ramos, ganhou o prêmio especial do júri no troféu Redentor ontem no Festival do Rio. Lázaro recebeu o troféu e protestou dizendo que "censura nunca mais".
Como publicado no Diário Oficial, o filme conseguiu a liberação da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para estrear em larga escala no Brasil.
Nas redes sociais, ele mostrou o momento de celebração com o anúncio ao lado de Taís Araújo, companheira e protagonista do filme.
O filme enfrentou "impasses" e problemas com a Ancine, segundo a produtora. A produção distópica estava sem previsão de estreia em larga escala e teve a primeira exibição no Brasil no Festival do Rio, evento de cinema internacional na capital fluminense no último dia 15.
"Isso mesmo com os inúmeros recursos submetidos por suas produtoras e coprodutoras à Agência Nacional do Cinema (Ancine) para que o filme seja liberado em circuito comercial. Explicamos ainda que questões burocráticas seguem sem retorno conclusivo da agência desde novembro de 2020 - um ano antes de sua previsão inicial de estreia, que seria realizada no último mês de novembro",disse a assessoria de imprensa do filme, Trigo Agência de Ideias, em nota.
A Ancine rebateu dizendo que o filme de Lázaro Ramos estava em "fase de análise" do pedido de investimento para a sua distribuição em salas de cinema. A agência trata a demanda como "procedimento normal".
"A ANCINE informa que o filme "Medida Provisória" recebeu para a sua produção o valor total de R$ 2,7 milhões, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O investimento em distribuição é uma opção do Fundo para aumento da sua rentabilidade, a ser decidido após conclusão da análise técnica. O projeto, portanto, segue o trâmite normal no âmbito da Agência" rebateu em nota.
Na semana passada, Wagner Moura e os músicos Caetano Veloso e Daniela Mercury falaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a gestão de Jair Bolsonaro (PL) no setor cultural.
Diretor e amigo de Lázaro, Wagner lembrou os entraves e demora para conseguir exibir "Marighella" no Brasil junto à Ancine desde 2019. Naquele ano, Bolsonaro falou que colocaria um "filtro" na agência para a aprovação de projetos.
Baseado na obra teatral de Aldri Anunciação, o filme passou por dezenas de festivais internacionais e acumulou críticas, além de inúmeros prêmios.
Em entrevista ao "Mano a Mano", de Mano Bbrown, Lázaro explicou seu desejo de propor mudanças raciais na produção audiovisual. O filme trata de um futuro em que negros serão enviados ao continente africano como uma medida de reparação do passado racista, violento e colonial do Brasil.
O elenco conta com Seu Jorge, Taís Araujo, Alfred Enoch, Adriana Esteves, Renata Sorrah, Mariana Xavier e Emicida.